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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 16/10/2024 - 00:00

Subvariante XEC da Ômicron: Especialistas alertam para rápida disseminação no Brasil

Nova subvariante XEC da Ômicron da Covid-19 chega ao Brasil com mutações únicas. Especialistas alertam sobre sua rápida disseminação e monitoramento. Vacinas atuais podem oferecer proteção, mas estudos continuam necessários. Vigilância genômica e cuidados são essenciais para enfrentar esse novo desafio.

Uma nova linhagem da Covid-19 que vem se espalhando pelo mundo foi detectada no Brasil. A mutação, chamada de XEC, é mais uma subvariante da Ômicron e foi identificada no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. O primeiro achado foi realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em amostras referentes a dois pacientes residentes na capital fluminense, diagnosticados com Covid-19 em setembro.

O que é a variante XEC da Covid-19?

Segundo especialistas, a XEC emergiu da recombinação genética entre cepas que já estavam em circulação derivadas da Ômicron. Esse evento acontece quando uma pessoa é simultaneamente infectada por duas linhagens diferentes de vírus, e elas interagem entre si.

Nesse caso, pode haver combinação dos genomas dos dois agentes infecciosos durante a replicação viral. O genoma da XEC, que contém segmentos dos genomas das linhagens KS.1.1 e KP.3.3, tem ainda mutações extras que podem facilitar sua propagação, conforme relatado pela Fiocruz.

A XEC foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma variante sob monitoramento em setembro deste ano. Isso ocorre quando uma linhagem apresenta mutações no genoma que são suspeitas de afetar o comportamento do vírus, como uma maior disseminação, e observam-se os primeiros sinais de “vantagem de crescimento” em relação a outras variantes em circulação.

OMS não classificou a variante XEC da Covid-19 como variante preocupante

A OMS não classificou a nova linhagem como uma variante preocupante. No entanto, ainda é muito cedo para fazer uma avaliação completa da gravidade da variante.

“Um motivo para a preocupação é que a XEC se moveu rápido o suficiente para ultrapassar o crescimento de todas as outras variantes do SARS-CoV-2 em algumas áreas da Europa. A taxa de infecções por XEC que eles estão vendo em alguns países aumentou muito rapidamente em comparação com variantes anteriores nesses mesmos lugares”, explica Scott Roberts, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, em comunicado sobre o tema.

A subvariante começou a chamar atenção entre junho e julho, devido ao aumento de detecções na Alemanha. Rapidamente, se espalhou pela Europa, Américas, Ásia e Oceania. Pelo menos 35 países identificaram a cepa, que soma mais de 2,4 mil sequências genéticas depositadas na plataforma Gisaid até o dia 10 de outubro desse ano.

“Em outros países, essa variante tem apresentado sinais de maior transmissibilidade, aumentando a circulação do vírus. É importante observar o que vai acontecer no Brasil. O impacto da chegada dessa variante pode não ser o mesmo aqui porque a memória imunológica da população é diferente em cada país, devido às linhagens que já circularam no passado”, afirma a virologista Paola Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC, em comunicado.

Quais os sintomas da nova variante XEC da Covid?

Após seu grande crescimento no exterior, principalmente na Alemanha, os cientistas acreditam que a nova cepa pode ser mais transmissível do que outras linhagens, porém, eles pediram cautela e reforçaram que ainda são necessários mais estudos para avaliar seu comportamento no Brasil e no mundo.

Quanto aos sintomas, a XEC continua provocando as mesmas manifestações observadas nas cepas anteriores da Covid-19. São sinais semelhantes aos de uma gripe ou um resfriado, como:

  • Febre;
  • Dores pelo corpo;
  • Cansaço;
  • Tosse;
  • Dor de garganta.

Dados atuais da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e do Infogripe, da Fiocruz, não indicam alta nos casos de Covid-19 na cidade. A virologista alerta, porém, para o enfraquecimento da vigilância genômica do SARS-CoV-2 no Brasil e reforça a necessidade de manter o monitoramento em todo o território nacional.

“Atualmente, estamos sem dados genômicos de diversos estados porque não tem ocorrido coleta e envio de amostras para sequenciamento genético. É muito importante que esse monitoramento seja mantido de forma homogênea no país para acompanhar o impacto da chegada da variante XEC e detectar outras variantes que podem alterar o cenário da Covid-19", ressalta Resende.

As vacinas atuais protegem contra a nova cepa da Covid-19?

É impossível garantir uma correspondência de 100% entre uma vacina e uma variante circulante quando um vírus está em constante mutação, entretanto a virologista Paola Resende reforça que os dados sobre os genomas do Sars-CoV-2 em circulação são relevantes para ajustar a composição das vacinas da Covid-19.

O especialista em doenças infecciosas da Yale, afirma que a XEC é composta de duas subvariantes Ômicron, ou seja, que a expectativa é de que continue a ser prevenida pelas vacinas atualizadas para a Ômicron, pelo menos em relação aos casos graves.

“Deste ponto de vista, embora esta nova variante possa diminuir um pouco a imunidade que as vacinas fornecem, estou otimista de que ainda teremos algum grau de proteção contra infecções recentes e vacinas atualizadas”, afirma Roberts.

Por isso, o especialista reforça que o melhor jeito de se prevenir da nova cepa é tomando as vacinas atualizadas que estão disponíveis para cada população.

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