Congelamento de óvulos: entenda como funciona o procedimento feito por Mariana Ximenes
Processo leva aproximadamente três semanas e envolve injeções de hormônio para estimular os ovários e amadurecer vários óvulos
Por O GLOBO — São Paulo
RESUMO
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GERADO EM: 01/08/2024 - 19:01
Mariana Ximenes congela óvulos aos 35 anos para preservar fertilidade
Mariana Ximenes revela ter congelado óvulos aos 35 anos para preservar a fertilidade. Procedimento de três semanas envolve injeções hormonais. O congelamento é estratégia para mulheres adiar gestação. Especialista alerta sobre queda de qualidade e quantidade de óvulos após os 35. Número de congelamentos cresceu 76,3% no Brasil, especialmente entre mulheres mais jovens. Processo inclui estimulação ovariana, coleta dos óvulos e posterior fertilização in vitro.
A atriz Mariana Ximenes contou, durante uma mesa de conversas na 10ª edição do Power Trip Summit que congelou seus óvulos aos 35 anos.
— Sempre quis ser mãe, tenho uma vontade louca. Mas tenho vontade de alcançar isso através de um pacto de amor, o que não foi possível até agora. Tenho 43 anos e ainda não aconteceu. Mas tive esse recurso de tecnologia que me deu muita tranquilidade — revelou a atriz.
O congelamento de óvulos é uma estratégia de preservação da fertilidade para mulheres que decidiram adiar a gestação já que uma gravidez natural fica mais difícil após os 35.
O médico Edson Borges Jr., diretor médico do FertGroup, explica em entrevista ao GLOBO que a mulher já tem todos os óvulos antes de nascer.
— Depois da puberdade, o ovário começa a liberar cerca de mil óvulos por mês. Então há uma diminuição quantitativa e não tem reposição — diz Borges.
Esses óvulos pedem qualidade, o que aumenta o risco de malformação, aborto e a dificuldade de gerar um bebê. Essa queda começa aos 30 anos, mas se acentua a partir dos 35. Também há casos em que pode haver uma queda acelerada da reserva ovariana precoce, antes mesmo dos 35 anos.
Não há um limite para se congelar os óvulos, porém quanto mais tarde, pior. Um estudo publicado na Human Reproduction que mostra que, no geral, a chance de ter um filho com óvulos coletados até 30 anos é de 65%, e esse percentual chega a 90% se foram mais de 21 gametas congelados. A eficácia vai caindo até ser de apenas 4% acima dos 41 anos. Na idade avançada, chega a ser de 60% se forem mais de 21 óvulos congelados, o que é mais difícil com o passar do tempo.
O ideal é que o procedimento seja realizado o mais cedo possível e que os exames de reserva ovariana comecem, se possível, a partir dos 25 anos.
Dados compilados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a pedido do GLOBO mostram que o número de congelamentos entre brasileiras cresceu 76,3% de um modo geral nos três anos, chegando a 13.879 ciclos no ano passado –, porém é mais acentuado entre aquelas com menos de 35 anos.
Como é feito o congelamento de óvulos?
A técnica envolve uma preparação de duas semanas em que a mulher recebe hormônios em forma de comprimido, nos primeiros sete dias, e injetáveis, na segunda semana, para estimular a produção dos gametas.
Depois disso, a coleta é feita na clínica, de forma intravaginal e com sedação intravenosa. Em um procedimento com cerca de 15 a 20 minutos de duração, os folículos são aspirados. A paciente é liberada 2, 3 horas depois. Os riscos incluem cefaleia, inchaço e flutuações do humor, mas o procedimento é considerado seguro.
Os óvulos são levados ao laboratório, onde são avaliados, preparados e vitrificados para preservação futura. Esse procedimento é realizado em aproximadamente duas horas após a coleta.
Quando a mulher quiser engravidar, é preciso descongelar os óvulos e iniciar o processo de fertilização in vitro (FIV).