Saúde
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Por O Globo — Rio de Janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido a uma cirurgia na madrugada desta terça-feira no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, devido a uma hemorragia (sangramento) intracraniana. De acordo com os médicos, ele está bem, acordado, conversando normalmente e se alimentando. O mandatário deve permanecer ainda três dias na UTI e cerca de uma semana internado.

O sangramento foi identificado numa ressonância magnética após queixas de dores de cabeça. A causa foi o acidente doméstico sofrido por Lula em outubro. A cirurgia, que teve início à 1h30, durou cerca de duas horas. Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, o neurocirurgião Marcos Stavale explicou que foi realizada uma trepanação.

O neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, André Gentil, explica que a trepanação é uma técnica de perfuração do crânio para que os médicos possam tratar problemas intracranianos específicos, como os sangramentos.

No início do dia, o boletim do Sírio-Libanês mencionava que a cirurgia feita era uma craniotomia. Porém, durante a coletiva de imprensa, os médicos esclareceram que o termo costuma ser utilizado apenas nos casos que exigem aberturas maiores do crânio.

— No caso da hemorragia intracraniana chamado de hematoma subdural crônico, que se desenvolve semanas após um trauma leve, a trepanação permite a drenagem porque o sangramento já está em uma fase liquefeita, não sendo necessárias aberturas maiores do crânio. Cirurgias desse tipo são procedimentos que fazem parte da rotina da neurocirurgia, com baixo risco intraoperatório e pós-operatório imediato — diz o neurocirurgião.

Foi o caso do presidente Lula, em que, após a perfuração, foi inserida uma sonda que chegou até o hematoma e drenou o sangramento. A hemorragia estava localizada na região fronto-parietal do cérebro, em cima dos lobos frontal e parietal no lado esquerdo da cabeça.

Para realizar a perfuração, Gentil explica que são utilizados instrumentos como brocas de alta rotação projetados especificamente para esta finalidade, com mecanismos de segurança como parada automática.

Stavale contou na coletiva que, pelo sangramento estar entre o cérebro e a dura-máter, camada mais externa, ele estava comprimindo o órgão. Agora, o hematoma foi removido, e Lula está com as funções neurológicas preservadas.

O médico do presidente, Roberto Kalil, garantiu que não houve lesão e que "não tem nenhum risco cerebral". Gentil conta que geralmente não são esperadas sequelas depois de uma intervenção do tipo.

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