Polvo Bar, de Monique Gabiatti, chef que despontou em 2024, é um mergulho na costa fluminense
Luciana Fróes passeou pelo menu marítimo da casa; três garfinhos (bom)
RESUMO
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GERADO EM: 18/12/2024 - 16:49
"Polvo Bar: Gastronomia Costeira em Botafogo"
O Polvo Bar, sob comando da chef Monique Gabiatti, oferece um cardápio inspirado na costa fluminense com pratos inovadores. Ambiente aconchegante em Botafogo, destaque para paella e petiscos como pastéis de polvo. Críticas positivas e classificação de três garfinhos.
Passei quase dois dias a bordo de um avião voltando da Ásia. De Bangkok, para ser precisa. Como o meu “modo avião” é ficar ligada e de olhos bem abertos (não por medo, mas por incapacidade de dormir), aproveito para pensar, organizar as ideias e, a esta altura do calendário, “puxar a conta” do que rolou ao longo do ano na gastronomia carioca (e do mundo também). Um dos primeiros nomes que me ocorreram foi o de Monique Gabiatti, jovem chef, mas com estrada, que deu novos ares a um ponto feioso, barulhento, vizinho ao cemitério de Botafogo, onde monta uma “ paellera” fumegante em frente ao seu Polvo Bar. Juntou, aglomerou, aconteceu e foi em frente. Daí, um dos nomes que despontaram este ano, ao meu ver, foi o dessa chef sergipana acidental (filha de piloto, morou pelo Brasil).
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O Polvo, em dias de paella na calçada, lota. Fica impraticável. Prefiro os dias de calmaria, para desfrutar da trilha musical, dos rótulos de vinhos naturais e para explorar o cardápio original, farto em combinações inusitadas e bem-sucedidas. A casa é pequena, mas não chega a ser desconfortável. Tem balcão, banquetas e, nos fins de semana, a calçada vira um mar de mesas. Coisas de Botafogo (do Rio, do mundo).
O cardápio é um mergulho na costa fluminense. As vieiras são de Arraial do Cabo e não os exemplares congelados do Canadá. Dá para entender por que são bissextas: apesar de saborosas, são pequenas, daí, muitos chefs implicam. Monique dribla o tamanho servindo-as em lâminas fininhas, com massago e flor de sal por cima. Chegam na concha, parecendo uma flor (R$ 58). Ostras? Vêm da Ilha Grande (R$ 39, quatro). Os mexilhões — com molho de ceviche, milho, missô e coentro (R$ 37) —, também.
Os sanduíches divertem. O méki bao traz filé de dourado empanado, queijo cheddar (não interfere muito) e molho tártaro (R$ 31) no bao no vapor, e o hot pulpo vem no pão de leite adocicado, com tentáculos de polvo, emulsão apimentada e maionese de missô (R$ 59).
Há vários principais, mas, afora a paella, o ponto alto dali são os beliscos — por sinal, Monique é sócia também do quase vizinho bar de vinhos Belisco. Entre as entrada quentes, pastéis de polvo (R$ 35) e manjubinhas à moda praiana, empanadas e crocantes, sem sinais de gordura (o papel é a prova) com molho tártaro (R$ 37). Passaria a tarde só nelas. Ah, e na panelinha de siri à moda baiana, com farofa amarela (R$ 43). E foi aqui que o meu boarding pass sinalizou: como as cozinhas tailandesas e baianas se parecem. Viajar é preciso, eis o meu mantra.
Três garfinhos (bom):
Polvo Bar. Rua General Polidoro 156, Botafogo (97485-8881). Ter a qui, das 18h à meia-noite. Sex e sáb, das 12h à 1h. Dom, das 12h às 20h.