‘O auto da Compadecida 2’: entretenimento saboroso, apesar de irregular, diz crítico
Com João Grilo e Chicó novamente incorporados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello, elenco traz também Fabíula Nascimento como Clarabela, que rende os melhores momentos do filme
RESUMO
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GERADO EM: 24/12/2024 - 13:31
"Retorno de João Grilo e Chicó: 'O Auto da Compadecida 2' em destaque com Fabíula Nascimento"
'O auto da Compadecida 2' traz de volta João Grilo e Chicó, com destaque para Fabíula Nascimento. Direção fiel, referências à Commedia Dell’Arte e inclusões oportunas. Visual impactante de Taperoá, porém com problemas na resolução apressada das situações. Trilha sonora reitera a história, mas o filme se mantém como entretenimento saboroso.
Quase 25 anos após “O auto da Compadecida”, peça de Ariano Suassuna, desembarcar no cinema, o público ganha a chance de reencontrar João Grilo e Chicó, novamente incorporados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Há personagens coadjuvantes que também reaparecem — Rosinha (Virginia Cavendish) e Joaquim Brejeiro (Enrique Diaz). E Nossa Senhora, antes interpretada por Fernanda Montenegro, ressurge em atuação de Taís Araújo.
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Dividindo a direção, Guel Arraes e Flávia Lacerda demonstram fidelidade à esperteza de João Grilo, que agora procura tirar partido da disputa política entre o Coronel Ernani (Humberto Martins) e Arlindo (Eduardo Sterblitch), dono da rádio local. Essa habilidade de se desdobrar para obter vantagens remete à peça de Goldoni (“Arlequim, servidor de dois patrões”), autor influenciado pela Commedia Dell’Arte – referência importante para Suassuna.
O teatro popular se manifesta ainda na figura do cômico improvisador Antônio do Amor (Luís Miranda), farsante que ajuda João Grilo. Outra oportuna inclusão é Clarabela, papel de Fabíula Nascimento (extraído de “Farsa da boa preguiça”, outra célebre peça de Suassuna) que rende os melhores momentos do filme.
No que diz respeito à concepção visual, cabe assinalar a opção pela recriação em estúdio da cidade de Taperoá. O espectador se depara com imagens de um sertão cenográfico. Um retrato artificial, mas não idealizado. Marcada pela destruição, a paisagem é dramática e não inteiramente desvinculada do real. O impacto estético, porém, diminui diante da repetição de sequências com fundo desfocado.
Há mais problemas que prejudicam o resultado. Os personagens se envolvem em situações que acabam sendo resolvidas de maneira apressada. Com músicas bonitas, a trilha apenas reitera as circunstâncias da história. Mesmo assim, esse auto sobrevive como entretenimento saboroso.