'Vi minha filha com a cabeça coberta de sangue', diz mãe de jovem baleada em abordagem da PRF na véspera de Natal
Juliana Leite, de 26 anos, levou um tiro na cabeça e tem quadro de saúde gravíssimo
RESUMO
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GERADO EM: 25/12/2024 - 11:58
Mãe relata drama de filha baleada em abordagem da PRF
Mãe relata drama de filha baleada em abordagem da PRF na véspera de Natal. Juliana, 26 anos, está em estado grave. Familiares se desesperam com os tiros. Policiais afastados e investigação em curso. PRF presta assistência à família.
A mãe da jovem de 26 anos baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís (BR-040), nesta terça-feira, afirma que os agentes já chegaram atirando. Deyse Rangel, de 49 anos, conta que, a princípio, não entendeu que a família estava sendo alvo de tiros. A cuidadora explica que, quando ouviu o barulho, pensou que estavam soltando bomba nos arredores. Juliana Leite Rangel, de 26 anos, está internada no centro de Terapia Intensiva (CTI) em estado gravíssimo.
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Juliana estava indo com a família passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, em Niterói. A agente de saúde estava sentada no banco de trás, com o irmão mais novo, de 17 anos, a namorada dele e o cachorro, quando foi atingida. A mãe relata que só entendeu que a filha havia sido ferida quando a viu coberta de sangue.
'Mandaram mais de 30 tiros. Acertou a cabeça dela', diz mãe de jovem baleada em abordagem
— Ouvi os barulhos, uns estalinhos, e pensei que fosse bombinha. Do nada, senti os estilhaços. Meu marido falou que era tiro. Pensei que fossem os bandidos. A gente tentou parar o carro, mas era muito tiro mesmo. Quando saímos do veículo, vimos que era a polícia e pedi, falei que era a minha família. Eles disseram que a gente estava atirando e eu respondi: “como, se a gente não tem nem arma?”.
Deyse relata que entrou em desespero ao ver que a filha havia sido atingida pelos disparos:
— Vi os irmãos dela cheios de sangue e fiquei preocupada. Fui chamá-la. Quando olhei, vi que ela estava desacordada. Vi a minha filha com a cabeça coberta de sangue. Eu me desesperei na hora, só sabia gritar — lembra.
Ainda de acordo com ela, ao perceber o que havia acontecido, o agente da PRF responsável pelos tiros "começou a se bater":
— Na hora, pensei que a minha filha havia morrido. Fui para cima dele e falei: “Você matou a minha filha, seu desgraçado”. Ele saiu, deitou no chão, começou a se bater, pulando, mostrando que fez besteira. Meu marido ainda foi atingido do dedo. Uma bala pegou no apoio de cabeça do banco dele. Só não foi mais grave porque ele estava abaixado. Graças a Deus, não pegou em mais ninguém, mas agora a minha filha está nessa situação.
Deyse afirma que os agentes da PRF só socorreram sua filha após a intervenção de um policial militar que estava de patrulha na região. Ele constatou que Juliana ainda estava respirando.
— Quando paramos, eles viram que fizeram besteira. Aí do nada um "patrulha" da PM apareceu, perguntou o que estava acontecendo, e um policial pediu para checar a minha filha. Ele falou para mim que ela ainda estava respirando. Os agentes da PRF não fizeram nada, não tentaram socorrer, ficaram perdidos andando de um lado para o outro. Depois disso, eles botaram a Juliana no carro e levaram para o hospital. O PM que ajudou nos deu o telefone dele e se colocou à disposição para depor a nosso favor se for preciso — conta.
O pai da jovem, Alexandre da Silva Rangel, 53 anos, foi ferido por um disparo na mão esquerda. Ele foi atendido pelos médicos e liberado no mesmo dia.
Família em desespero
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o desespero da família após a jovem ser atingida na cabeça. "Meu Deus do céu, não acredito! A minha filha!", grita Alexandre em uma das gravações.
Imagens mostram desespero de família após jovem ser baleada em rodovia na véspera do natal
A abordagem da PRF ocorreu por volta das 21h. A jovem levou um tiro na cabeça e foi levada para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela precisou ser entubada, passou por cirurgia e tem quadro de saúde gravíssimo. Está internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes informou que "a paciente, que foi atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, seu quadro de saúde é gravíssimo".
Agentes foram afastados
Na manhã desta quarta-feira, os policiais rodoviários envolvidos na abordagem prestaram depoimento para esclarecer o que aconteceu na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu.
Em nota, a PRF informou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos relacionados à ocorrência. Segundo a corporação, os agentes envolvidos foram afastados "preventivamente de todas as atividades operacionais".
"A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso", diz a nota.
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