Morte na UPA da Cidade de Deus: o que se sabe sobre episódio, que é investigado por autoridades
Comissão de Saúde da Câmara do Rio e Polícia civil apuram as circunstâncias do óbito; Conselho Regional de Medicina abriu sindicância
Por O Globo — Rio de Janeiro
RESUMO
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GERADO EM: 16/12/2024 - 07:42
Morte de José Augusto na UPA da Cidade de Deus levanta questionamentos e investigações
A morte de José Augusto na UPA da Cidade de Deus chocou a família e gerou investigações. A equipe foi demitida, e autoridades como a Comissão de Saúde da Câmara do Rio e a Polícia Civil buscam esclarecer o ocorrido. A família pensa em processar a Prefeitura do Rio, enquanto a autópsia não revelou a causa exata da morte. José Augusto, garçom e artesão, enfrentava dificuldades financeiras e vivia sozinho no Rio, após romper com a namorada.
A imagem viralizou e gerou comoção: o garçom e artesão José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, morto numa cadeira da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, na noite da última sexta-feira. O caso é alvo de uma investigação da Polícia Civil e de sindicância.
Vídeo mostra socorro ao homem que morreu esperando atendimento em UPA
Veja o que se sabe sobre morte na UPA da Cidade de Deus:
- a Comissão de Saúde da Câmara do Rio apura as circunstâncias da morte e o Conselho Regional de Medicina abriu sindicância para apurar responsabilidades sobre o óbito. O prazo é de 90 dias, mas pode ser antecipado
- o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, decidiu pela demissão de toda a equipe plantonista da UPA. Ele ressaltou que os protocolos internacionais de análise de risco não foram seguidos
- além da demissão dos plantonistas, da análise das imagens das câmeras de segurança e dos registros nos prontuários para esclarecer os fatos, a equipe será denunciada, afirmou Soranz: “Eles responderão a uma sindicância e serão denunciados nos seus respectivos conselhos de classe. É inadmissível não perceberem a gravidade do caso”
- segundo o secretário, os profissionais de Saúde alegaram que o paciente sofreu uma morte súbita e que não havia como prever esse desfecho. A autópsia no Instituto Médico-Legal do Rio (IML), segundo a família, é inconclusiva. Foram colhidas amostras para análise
- José Augusto falou com a família, que vive em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, pela última vez foi na quarta-feira. Depois de perguntar se todos estavam bem, contou que estava com fortes dores no estômago e marcara uma consulta numa Clínica da Família
- o porteiro Douglas Batista da Silva foi quem levou José Augusto à UPA da Cidade de Deus. Ele diz ter deixado o rapaz no local por volta das 19h30m. Segundo ele, ao retornar, viu que um documento indicava que a morte tinha ocorrido às 21h
- a família foi avisada da morte de José Augusto por um amigo do rapaz, que localizara os contatos pela internet. De início, os parentes acharam que a notícia fosse trote, mas não demorou para que as fotos circulassem pelas redes sociais
- a família do artesão afirma que pensa em acionar judicialmente a Prefeitura do Rio
Artesão morava sozinho
José Augusto morava no Rio desde 2012. De dia, vendia artesanato na praia e, à noite, trabalhava como garçom em um restaurante na Rua Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Nos últimos meses, morava sozinho em Rio das Pedras, depois de romper com uma namorada.
Com dificuldades financeiras, José Augusto chegou a morar nas ruas de Copacabana, na Zona Sul. Quem conta é o porteiro Douglas. Ele definiu a situação como “absurda” e lembra que alertou funcionários da unidade que o caso do amigo parecia muito grave.
— Ele se queixava de muitas dores e vomitava. Fomos de van até a Cidade de Deus. Eu mesmo falei na recepção que se tratava de uma emergência. Voltei para casa para ficar com meu filho. No início da madrugada, começaram a aparecer imagens nas redes sociais de alguém que havia morrido na UPA. Voltei, reconheci o corpo e falei com a família — disse Douglas.
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