Prêmio Faz Diferença 2023 destaca importância da democracia e da solidariedade

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Rosa Weber, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal que articulou a resposta da instituição aos ataques de 8 de janeiro, foi escolhida a Personalidade do Ano de 2023 por sua firmeza no propósito de mobilizar a reação das instituições, reconstruir o prédio do STF e garantir a punição dos responsáveis pelo maior atentado à República desde a redemocratização.

"Sem juízes independentes e sem imprensa livre não há democracia. E a defesa da democracia não pode ser meramente retórica", afirmou a ministra em mensagem enviada por vídeo. Weber não compareceu à premiação por não querer deixar Porto Alegre, sua cidade natal, enquanto não passar a fase mais crítica da reconstrução pós-enchentes deste ano.

A tragédia gaúcha fez o prêmio alterar a tradição de homenagear exclusivamente as pessoas e as instituições que fizeram a diferença no ano anterior. Ao fim da cerimônia foi feita uma homenagem aos voluntários que foram definitivos para que vidas fossem salvas em meio às enchentes no Rio Grande do Sul, ocorridas em maio deste ano.

A imensa solidariedade dos brasileiros foi personificada pelo voluntário Maurício Paixão, que recebeu a homenagem do Faz Diferença em nome das milhares de pessoas que, em todo o país, se organizaram para ajudar os gaúchos:

-- Sou um professor e servidor público. Minha função é servir a sociedade. São milhares de voluntários do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo inteiro, atuando de forma incansável, porque ainda não terminou. Estamos saindo da fase de resposta e entrando na fase seguinte, que é a de reconstrução - afirmou ele, em discurso na cerimônia.

Presidente do conselho de administração do Grupo Globo, João Roberto Marinho lembrou que o Faz Diferença deste ano é permeado também pelo início do ciclo de comemorações do centenário do GLOBO, marco que se completa em julho de 2025.

— O Faz Diferença é o momento em que celebramos aqueles que mais se destacaram na vida brasileira. (...) O jornalismo pode se expressar por diversas formas e por muitos meios. Quando criamos este prêmio, há 21 anos, entendemos que dar visibilidade a quem faz diferença é parte do nosso desafio de informar — afirmou.

O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, ressaltou que o Faz Diferença premia valores como "excelência", "perseverança" e "trabalho duro".

— Temos uma eleição pela frente em poucos meses. É um desafio enorme. No Brasil, muitas vezes, em várias democracias do mundo, há um distanciamento, eu diria, imoral e perigoso entre o povo e os eleitos. Muitos esquecem que são servidores eleitos. Precisamos iluminar a consciência da população para que possamos contratar pelo voto os melhores talentos possíveis. Vocês, homenageados, são exemplos — declarou.

Premiado na categoria Economia, o ministro da Fazenda Fernando Haddad dedicou o prêmio à equipe do ministério:

— Estou muito emocionado mais pelas pessoas que receberam o prêmio nessa data (em outras categorias), um prêmio que enaltece figuras tão importantes. Dedico esse prêmio à equipe do ministério da Fazenda. Queria agradecer aos secretários; ao Congresso, que ajudou muito o Brasil; ao Judiciário, que tem feito seu trabalho.

As recentes ações da Academia Brasileira de Letras para tornar-se mais diversa e representativa da sociedade brasileira foram premiadas na categoria Livros:

— Como a principal instituição cultural brasileira, a ABL tem a responsabilidade de estar atenta a seu tempo e caminhar junto com a sociedade na evolução cultural do país — afirmou o presidente da Academia e colunista do GLOBO, Merval Pereira, ao receber o prêmio em nome da instituição.

O Faz Diferença 2023 celebrou ainda a cantora Alcione, pelos 50 anos de carreira; Rosane Svartman, diretora da novela "Vai na Fé", sucesso das 19h na TV Globo; a série "Vale o Escrito", do Globoplay, que revelou os bastidores do Jogo do Bicho; e a atriz Paolla Oliveira, premiada por se opor ao padrão de beleza imposto às mulheres:

— Somos criadas numa sociedade em que as pessoas esperam que a gente fique de perna cruzada, boca fechada, resignada e ainda ganhando menos do que homens. Nossos úteros só incomodam um pouco menos do que nossos cérebros. Meu sonho é que toda mulher possa ser ouvida, sem ser descredibilizada — afirmou Paolla.

Outros premiados da noite foram o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), na categoria Brasil; Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, na categoria Ciência e Saúde; Vini Jr., por sua luta contra o racismo no futebol, na categoria Diversidade; e Fernando Diniz, técnico do Fluminense na conquista da Libertadores, em Esportes.

"Agradeço muito a todo mundo que votou em mim e que me possibilitou ganhar este prêmio, e de maneira especial aos jogadores do Fluminense, ao estafe e diretoria, e toda a torcida tricolor", afirmou Diniz, em mensagem de vídeo.

O Faz Diferença 2023 também contemplou o menino Gui, que inspirou o Programa Estadual de Assistência Especializada em Epidermólise Bolhosa na rede pública de saúde do Rio de Janeiro; Telma Vinha, pedagoga que luta contra a violência nas escolas, em Educação; a Oficina Muda pelas soluções sustentáveis para restos da indústria da moda, na categoria Desenvolvimento do Rio; e a ativista Maha Mamo, por sua luta pelo reconhecimento dos sem pátria, em Mundo.

O Prêmio Faz Diferença é uma realização do jornal O GLOBO, com patrocínio da Firjan SESI e apoio da Naturgy.