Castro afunila sucessão ao governo do Rio em três nomes e aposta em fôlego de R$ 20 bilhões
Bacellar, Washington Reis e Pampolha condicionam candidaturas à melhora da avaliação do governador
RESUMO
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GERADO EM: 23/12/2024 - 22:40
Governador Castro condiciona sucessão a aliados para eleições de 2026
Governador Castro afunila sucessão com Bacellar, Washington Reis e Pampolha condicionando candidaturas à melhora de sua avaliação. Injeção de R$20 bi impulsiona planos eleitorais. Bacellar e Washington Reis enfrentam polêmicas, enquanto Pampolha busca consolidar espaço. Aliados aguardam definições para as eleições de 2026.
“Rodrigo Bacellar, Thiago Pampolha e Washington Reis são hoje os principais nomes”, disse o governador Cláudio Castro (PL) ao GLOBO no domingo na sua primeira declaração mais clara sobre quem poderá apoiar na sua sucessão em 2026. Depois de um ano de especulações de vários nomes, o afunilamento da disputa entre o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), do União Brasil, o vice-governador e o ex-prefeito de Duque de Caxias, ambos do MDB, dará o tom das articulações políticas para o próximo ano.
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Os três admitem que podem ser candidatos nos bastidores, mas só demonstram disposição para encarar as urnas caso Castro melhore a sua avaliação. Não adiantará entrar na disputa com a maior coligação e tempo de TV, além de apoio maciço na Baixada Fluminense e no interior, se os números não mudarem. Pesquisas nas mãos do governador e do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), possível candidato ao Palácio Guanabara, mostram que a popularidade de Castro, especialmente na capital, está muito ruim por causa da percepção da população sobre o tema segurança pública. O problema foi assumido pelo próprio governador na entrevista de anteontem.
Injeção de recursos
A aposta na virada está numa injeção de cerca de R$ 20 bilhões na capacidade de investimento do estado nos próximos dois anos: metade virá da renovação da concessão do gás e a outra no Programa de Refinanciamento da Dívida dos Estados (Propag), aprovado no Senado recentemente. Aliados consideram que a turbinada no caixa pode ter um efeito parecido com o da privatização da Cedae, fundamental para Castro fazer obras e incrementar programas às vésperas da eleição de 2022.
Embora seja o mais cotado pela classe política devido ao poder acumulado na presidência da Alerj, Bacellar balança entre o risco do voo mais alto e a segurança de garantir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que será aberta este ano. Quando não era cotado para a sucessão, o deputado sempre disse que o seu sonho era virar conselheiro.
Logo depois da eleição municipal, Bacellar e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), Paes trocaram farpas. Tudo começou, quando em entrevista ao GLOBO, o prefeito afirmou que o presidente da Alerj fazia “extorsões” e “ameaças” em sua relação com Castro. Bacellar, por sua vez, chamou Paes de “vagabundo” e disse que a Assembleia não era “puxadinho” do governo como a Câmara Municipal.
Não é a primeira vez que Bacellar aparece como ligado a escândalos. Ele aguarda um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo suposto uso eleitoreiro da Fundação Ceperj e Uerj entre 2021 e 2022. Parentes de vereadores de Campos dos Goytacazes, seu reduto eleitoral, teriam sido beneficiados. Na época, o deputado era secretário de Governo de Castro.
Já Washington Reis tem angariado apoio entre evangélicos nas últimas semanas, embora a sua inelegibilidade ainda esteja mantida. Em 2016, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos de prisão por crime ambiental e loteamento irregular. Apesar da sentença, ele nunca cumpriu a pena, motivo que o obrigou a abandonar a chapa de Castro em 2022.
O emedebista é o candidato preferido do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e do ex-deputado federal Eduardo Cunha, hoje mandachuva do Republicanos no Rio. Seu cacife político aumentou em outubro ao eleger o sobrinho Netinho Reis como seu sucessor em Caxias. Recentemente, contudo, a família Reis foi alvo de uma operação da Polícia Federal que apurava um suposto esquema de compra de votos em Duque de Caxias, seu reduto eleitoral, e São João de Meriti.
As investigações começaram em outubro, após a prisão de um dentista, Eduardo Penha Ribeiro, que carregava sacos com R$ 1,92 milhão em dinheiro vivo. Dentro das sacolas apreendidas pelos agentes, havia uma lista com nomes de políticos que concorriam nas eleições municipais.
Pampolha é o mais subestimado na corrida eleitoral daqui a dois anos, embora esteja certo que assumirá o governo em 1º de abril de 2026 caso Castro seja mesmo candidato ao Senado, como voltou a cogitar na semana passada. O emedebista passou o ano rompido com o governador. As rusgas se deram após ele ter deixado o União Brasil, sem ter comunicado Castro.
O clima de tensão entre os dois fez com que passassem o carnaval em camarotes separados e se dividissem, também, nas eleições municipais. Enquanto o governador esteve com Alexandre Ramagem (PL), Pampolha subiu no palanque de Paes.
Neste final de ano, os dois ensaiaram uma aproximação e voltaram a conversar. Eles participaram recentemente de um café da manhã em que ambos pediram desculpas por atos passados e, posteriormente, Castro chegou a elogiar o trabalho de Pampolha publicamente. Se Bacellar e Washington Reis não se viabilizarem, o vice entra de novo no páreo, com a vantagem de poder disputar a eleição na cadeira de governador.
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