Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, a Polícia Federal (PF) indiciou outros 24 militares por envolvimento no planejamento e na execução da tentativa de golpe de Estado no país. O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira.
A investigação aponta que a ação envolvia divisão de tarefas dos indiciados em seis núcleos diferentes: de desinformação, jurídico, operacional, de inteligência, de oficiais de alta patente e um grupo responsável por incitar militares a apoiar o golpe.
Confira os nomes dos indiciados junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro:
- Ailton Gonçalves Barros
- Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
- Almir Garnier
- Anderson Lima de Moura
- Angelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno
- Bernardo Romao Correa Netto
- Carlos Giovani Delevati Pasini
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira
- Fabrício Moreira De Bastos
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques De Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Laercio Vergilio
- Marcelo Costa Câmara
- Mario Fernandes
- Mauro Cesar Barbosa Cid
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
- Rafael Martins De Oliveira
- Ronald Ferreira De Araujo Junior
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros
- Walter Souza Braga Netto
Segundo a PF, a sistematização das tarefas por parte dos membros da organização visava impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio lula da Silva (PT), e manter o ex-presidente no poder. O plano envolvia prender os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em diversas ocasião, Bolsonaro negou ter cometido crimes relacionados ao caso. Em maio, durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo ele afirmou sobre a trama golpista:
— O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil — disse o ex-presidente.
A investigação mostrou, a partir da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que Bolsonaro se reuniu em 2022 com a cúpula das Forças Armadas e ministros da ala militar de seu governo para discutir detalhes de uma minuta que abriria portas para uma intervenção militar. Na ocasião, os ex-comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Jr, não embarcaram nos planos.
Um vídeo obtido pela PF divulgado em fevereiro mostrou que antes das eleições já havia uma atuação de Bolsonaro e do seu entorno. Em uma reunião com então ministros do governo no Palácio do Planalto, Bolsonaro e aliados falaram em atentar contra a democracia antes do pleito. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, por exemplo, afirmou que se tivesse que “virar a mesa” teria que ser antes das eleições. O encontro ocorreu em julho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro instava uma ação antes das eleições.
— Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições — disse na época.
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