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Por — Washington

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GERADO EM: 13/01/2025 - 14:39

Tom Homan defende abordagem equilibrada na imigração

Tom Homan, "czar da fronteira" de Trump, busca abordagem equilibrada na imigração, focando em criminosos. Alerta sobre recursos limitados e incerteza na deportação em massa. Postura realista gera críticas e desafios na execução das políticas migratórias.

Tom Homan, o ex-diretor interino do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) que atuará como o "czar da fronteira" de Donald Trump no próximo governo, tem se destacado como uma voz realista surpreendente sobre a questão migratória. Embora seja amplamente reconhecido por sua postura linha-dura, tem se esforçado para moderar as promessas de Trump, que previam a deportação de milhões de imigrantes, focando em um plano mais equilibrado e viável para enfrentar a imigração irregular nos Estados Unidos.

Em encontros privados durante a transição e em eventuais declarações públicas, Homan, que esteve à frente do ICE no primeiro mandato de Trump e foi fundamental na elaboração de políticas como a separação de famílias na fronteira, tem enfatizado a necessidade de se concentrar em imigrantes com antecedentes criminais, ao invés de tentar deportar os 15 milhões a 20 milhões de pessoas que Trump inicialmente mencionou. Ele também afirmou que a Casa Branca não realizaria ações de grande escala em bairros de imigrantes e alertou para a limitação de recursos do governo, como o número de agentes de imigração, espaço nas prisões e aviões para transportar deportados.

Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Homan reconheceu a dificuldade de prever o sucesso da campanha de deportação, dado os recursos limitados à disposição.

"Sempre me fazem essa pergunta: quantas pessoas vamos remover nos primeiros 100 dias? Eu não sei", admitiu. "Não sei quais recursos vou ter, o que o Congresso vai me dar para financiamento."

Apesar de ser uma figura de destaque entre os apoiadores de Trump, Homan tem se mostrado mais pragmático do que muitos esperavam. Ele passou quatro décadas trabalhando em diversas agências de segurança, desde a Patrulha de Fronteira até o ICE. Seu estilo direto e sua abordagem focada na execução prática das políticas atraíram a confiança de Trump, tanto por seu perfil "linha-dura" e aparência "ameaçadora", quanto por sua habilidade em apresentar soluções viáveis.

“Trabalhei para seis presidentes diferentes”, disse Homan ao Wall Street Journal. “Vi centenas de políticas surgirem e desaparecerem. Vi quais políticas funcionaram e quais não funcionaram.”

John Torres, ex-diretor interino do ICE, ressaltou que Homan, embora tenha a postura de um "policial de rua", é uma pessoa extremamente inteligente e estratégica.

"As pessoas podem subestimar sua inteligência, mas ele é muito capaz", afirmou Torres.

No entanto, o papel de Homan como czar da fronteira não tem sido isento de controvérsias. Ele se tornou uma das autoridades mais vocais do novo governo durante a transição, participando ativamente de entrevistas na Fox News e em outras mídias conservadoras. Nessas ocasiões, ele criticou as políticas de fronteira do atual presidente Joe Biden, apresentou a agenda de Trump e até ameaçou os imigrantes, que, segundo ele, "devem sentir medo". Também repetiu comentários imprecisos de Trump, relacionado as políticas de imigração de Biden aos ataques consecutivos em Nova Orleans e Las Vegas, ambos realizados por cidadãos americanos.

Mas sua postura realista, que muitas vezes sugere que nem todas as promessas de campanha de Trump serão cumpridas de forma agressiva, gerou críticas entre alguns aliados do ex-presidente. Esses aliados temem que Homan esteja suavizando a agenda de deportação antes mesmo de o novo governo começar a atuar. Além disso, Homan poderia se tornar um alvo caso o público se desencante com as dificuldades da execução das políticas migratórias.

Nos meses que se seguiram à eleição, Homan percorreu o país, reunindo-se com autoridades locais e buscando parcerias com empresas de segurança privada para expandir os centros de detenção. Ele tem pressionado prefeitos de cidades democratas a colaborar com o governo, especialmente em questões relacionadas à prisão de imigrantes. No entanto, muitos governos locais têm resistido a colaborar com o ICE, implementando políticas de "santuário" que dificultam a cooperação. Homan tem sido contundente sobre os riscos dessas políticas, afirmando que elas podem resultar em mais prisões e maior presença policial nas comunidades.

Sua trajetória profissional começou nos anos 1980, como policial no interior de Nova York, e em 1984 ele ingressou na Patrulha de Fronteira. Homan foi um dos funcionários selecionados para estabelecer a ICE em 2003, após os ataques terroristas de 11 de setembro, e desde então tem se especializado em questões relacionadas ao tráfico de pessoas e contrabando de imigrantes.

Um evento marcante em sua carreira foi a descoberta, em 2003, de um caminhão de carga contendo 70 imigrantes ilegais, dos quais 17 morreram devido ao calor extremo. Entre as vítimas estava um pai com seu filho de cinco anos, um momento que Homan descreve como profundamente impactante, pois ele tinha um filho da mesma idade. Esse episódio ajudou a endurecer suas convicções sobre a imigração, levando-o a acreditar que prevenir a entrada de imigrantes no país era a melhor forma de evitar tragédias como essa.

Durante o governo Obama, Homan propôs medidas severas contra a imigração irregular, incluindo o processamento de imigrantes ilegais para encarceramento e separação de famílias, uma ideia que só foi implementada após Trump assumir a Presidência. A política de separação de famílias, que gerou grande controvérsia, foi uma das medidas mais discutidas de sua gestão, mas Homan defende que era uma medida necessária para evitar que mais vidas fossem perdidas.

Apesar de sua postura severa, Homan é descrito por ex-colegas como uma pessoa mais complexa e sensível do que sua imagem de linha-dura sugere. Ele próprio afirmou que suas convicções sobre imigração evoluíram ao longo dos anos, especialmente após vivenciar de perto as tragédias relacionadas à imigração irregular.

"Fronteiras abertas são desumanas. Fronteiras seguras salvam vidas", declarou Homan ao Wall Street Journal.

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