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Por O Globo com agências internacionais — La Paz

RESUMO

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GERADO EM: 13/01/2025 - 17:48

Marcha em La Paz exige soluções econômicas e libertação de presos políticos

Centenas de apoiadores de Evo Morales marcham em La Paz por crise econômica e libertação de "presos políticos". Protesto exige soluções para alta de preços, escassez e inflação. Manifestação gera tensão com polícia e governo Arce. Morales, ausente, enfrenta acusações judiciais.

Após marcharem por quatro dias, centenas de camponeses e trabalhadores simpatizantes do ex-presidente da Bolívia Evo Morales (2006-2019) chegaram a La Paz nesta segunda-feira para protestar contra a crise econômica e para pedir a libertação dos "presos políticos" detidos após os bloqueios de estradas realizados entre outubro e novembro de 2024. Os manifestantes também anunciaram sua intenção de ir à Praça Murillo, onde o presidente e desafeto de Morales, Luis Arce, tem seu escritório.

— Queremos que o governo resolva o problema de uma vez por todas, para regular os preços da cesta básica — disse Leonardo Loza, senador do Movimento ao Socialismo (MAS) e colaborador próximo de Morales, durante a marcha. — Essa marcha exige comida, exige que os preços da cesta básica não subam.

A "marcha comunitária pela vida" começou no dia 10 de janeiro, sexta-feira, na cidade de Patacamaya, a cerca de 100 Km ao sul da capital. Os manifestantes reclamam da alta do custo de vida — a inflação fechou 2024 com uma taxa anual acumulada de 9,9%, a mais alta dos últimos 16 anos — e exigem uma solução para a escassez de combustível e dólares no mercado financeiro, que se agravou desde o ano passado, pois o governo quase esgotou suas reservas internacionais para subsidiar as importações de diesel e gasolina.

Também pedem a libertação das cerca de, segundo afirmam, 150 pessoas que ainda estão em prisão preventiva, após os bloqueios de estradas.

Loza, um dos líderes da mobilização, afirma que os manifestantes pretendem seguir para a Praça Murillo entregar uma "lista de reivindicações que vem desde as manifestações anteriores". Mas o acesso à área foi restringido desde a manhã desta segunda por um forte contingente policial. O ministro do Governo, Eduardo Del Castillo, afirmou que não permitirá a entrada de manifestantes no local.

O senador defende que a marcha é pacífica, mas a polícia informou que um grupo de agentes uniformizados foi atacado com armas de fogo enquanto de enquanto se dirigia para a manifestação durante a madrugada. Vários policiais ficaram feridos e houve danos materiais a veículos, informou o jornal El Deber. O presidente classificou os grupos como aqueles que querem "convulsionar e matar pessoas com motivos puramente individuais".

Já o prefeito de La Paz, Iván Arias, pediu aos manifestantes "que entrem, marchem, façam ouvir a sua palavra e depois saiam".

Morales de fora

Desta vez, a marcha não é liderada pelo ex-presidente de 65 anos, que acompanha a mobilização à distância, abrigado em seu reduto político no Chapare, uma área de cultivo de coca no centro do país. Contra ele pesa uma ordem fiscal de apreensão por estupro que a polícia ainda não conseguiu cumprir, referente ao seu suposto relacionamento com uma menor de idade em 2015, com quem a promotoria afirma que ele teve uma filha.

Morales é investigado criminalmente por estupro de menor de idade e, desde setembro, também por tráfico de pessoas. O ex-presidente classificou a denúncia como "mentira" e afirma que a Justiça já encerrou o caso após encontrar nada contra ele.

Nesta segunda-feira, em meio ao avanço dos seus apoiadores, o Ministério Público informou que a audiência cautelar do ex-presidente está confirmada para a manhã de terça-feira no departamento de Tajira no âmbito da investigação de tráfico de pessoas com agravante. De acordo com a promotora do caso, Sandra Gutiérrez, a denúncia por tráfico foi apresentada no dia 26 de setembro e também abrange os pais da jovem.

Ainda assim, o ex-presidente saudou aos manifestantes através das redes sociais: "Irmãs e irmãos que lideraram a marcha comunitária pela vida contra o aumento da cesta familiar e do negócio familiar de lítio; pela liberdade de mais de cem detidos que clamavam por justiça; e que cesse a política econômica criminosa aplicada pelo governo nacional."

De acordo com Loza ao jornal El Deber, "o irmão Evo está sendo perseguido pelo governo" e que, também por isso, "essas diferentes organizações decidiram marchar em sua ausência". O parlamentar é um dos líderes da mobilização.

A manifestação também ocorre em meio às posições irreconciliáveis entre Morales e Arce, que disputam a liderança do partido governista e a candidatura presidencial da esquerda para as eleições de agosto. O ex-presidente e líder dos cocaleiros foi desqualificado pelos tribunais: em dezembro, o Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) fixou em dois mandatos, contínuos ou não, o tempo máximo em que o presidente e o vice-presidente poderão permanecer no cargo. Morales já cumpriu três.

— [Os manifestantes] não buscam o bem-estar dos bolivianos, mas debilitar, desgastar e até pedir a renúncia do presidente e seu vice [David Choquehuanca] — disse Arce sobre os manifestantes.

O protesto é uma repetição de outra marcha realizada em setembro por milhares de partidários de Morales. A "Marcha para salvar a Bolívia", como chamou a ala pró-Morales dentro do Movimento ao Socialismo (MAS), também era contra o governo Arce, contra a crise econômica e de uma suposta tentativa de torpedear a candidatura de Morales nas eleições de 2025. Confrontos entre apoiadores e agentes de segurança deixaram dezenas de feridos.

Na época, o líder dos cocaleiros exigiu que Arce fizesse mudanças no seu gabinete dentro de 24 horas "se quiser continuar a governar". Dias antes, o presidente acusou Morales de entar um golpe de Estado por meio de marchas e bloqueios nas estradas.

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