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Por O Globo e agências internacionais — Cidade de Gaza

RESUMO

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GERADO EM: 22/12/2024 - 09:28

Defesa Civil de Gaza relata 28 mortes em bombardeios; possível cessar-fogo em discussão

A Defesa Civil de Gaza relata 28 mortes em bombardeios israelenses, incluindo crianças. Possível acordo de cessar-fogo sendo discutido. Israel justifica ataques alegando alvo em terroristas. Papa condena atos, Israel acusa de duplo padrão. Guerra iniciou com ataque do Hamas em Israel. Números de vítimas divergem entre fontes.

Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza mataram pelo menos 28 palestinos entre a madrugada e a manhã deste domingo, anunciou a Defesa Civil do enclave. Os casos foram relatados no mesmo dia em que o Papa Francisco condenou a “crueldade” dos ataques de Israel em Gaza — comentário que, por sua vez, foi feito um dia depois de o Pontífice ter criticado as mortes de sete crianças de uma mesma família no território palestino, anunciada na sexta-feira.

Neste domingo, de acordo com o porta-voz da Defesa Civil palestina, Mahmud Bassal, 13 pessoas morreram num ataque aéreo contra uma casa no centro de Gaza. Outras oito pessoas, incluindo quatro crianças, foram mortas no ataque a uma escola que tinha sido transformada num abrigo para deslocados pelo conflito. Três pessoas foram mortas na cidade de Rafah, no sul do território, e um ataque de drone atingiu um carro na Cidade de Gaza, matando quatro pessoas.

O Exército israelense, por sua vez, afirmou em nota que, na madrugada deste domingo, efetuou um “bombardeio seletivo contra terroristas do Hamas que operavam” dentro do estabelecimento “para preparar ataques terroristas contra as tropas israelenses e o Estado de Israel”. As Forças Armadas de Israel também disseram, sem mais detalhes, que “medidas foram adotadas antes do ataque para reduzir o risco de atingir civis”.

— Com dor, penso em Gaza, em tanta crueldade, nas crianças metralhadas, nos bombardeios de escolas e hospitais. Quanta crueldade. Rezemos para que no Natal haja um cessar-fogo em todas as frentes de guerra, na Ucrânia, na Terra Santa, em todo o Oriente Médio e em todo o mundo — disse o Papa ao final da oração dominical do Angelus.

No sábado, o Pontífice argentino disse se comover com a guerra em Gaza, também classificando o conflito como “uma crueldade”. A declaração rapidamente provocou indignação entre as autoridades israelenses, com o Ministério das Relações Exteriores do Estado judeu afirmando, em comunicado mais tarde no mesmo dia, que “os comentários do Papa são particularmente decepcionantes porque estão desconectados do contexto real e concreto da luta de Israel contra o terrorismo jihadista”.

“Já chega de apontar o dedo para o Estado judeu e seu povo. A crueldade é que terroristas se escondam atrás de crianças enquanto tentam assassinar crianças israelenses”, insistiu a diplomacia de Israel.

As recentes falas do jesuíta parecem confirmar a mudança de tom do Papa, que tem deixado de lado uma certa neutralidade política. No final de novembro, ele denunciou a “prepotência do invasor” na Ucrânia, mas também no território palestino, uma semana após a publicação de um livro em que o religioso defendeu “investigar com atenção” se a situação em Gaza corresponde à “definição técnica” de genocídio. Em setembro, Francisco denunciou o uso “imoral” da força no Líbano e em Gaza.

Negociações de cessar-fogo

Enquanto isso, as negociações para alcançar um cessar-fogo em Gaza estariam “90% concluídas”, embora algumas questões “cruciais” ainda precisem ser resolvidas, relatou um alto funcionário palestino envolvido nas conversas à BBC. Segundo a rede britânica, um dos principais pontos de impasse é a presença militar contínua de Israel no Corredor da Filadélfia, uma faixa ao longo da fronteira com o Egito e estrategicamente importante no sul de Gaza.

O funcionário palestino compartilhou detalhes das discussões realizadas em Doha, a capital do Catar, que incluem a possível criação de uma zona de segurança de vários quilômetros de largura ao longo da fronteira de Israel com o enclave — local em que, afirmou, o Estado judeu manteria uma presença militar. Com essas questões resolvidas, um cessar-fogo em três etapas poderia ser acordado “em questão de dias”.

O acordo incluiria a troca de 20 prisioneiros palestinos para cada soldado israelense mulher libertado na primeira das três etapas do cessar-fogo. Os nomes dos prisioneiros ainda precisam ser definidos, mas seriam escolhidos de uma lista de cerca de 400 pessoas que cumprem penas de 25 anos ou mais em Israel. Acredita-se que a lista não incluirá Marwan Barghouti, líder sênior do Fatah — outra importante organização palestina — cuja libertação Israel provavelmente vetará, publicou a BBC.

Enquanto isso, os civis palestinos poderiam retornar ao norte com a supervisão do Egito e do Catar, e cerca de 500 caminhões por dia levariam ajuda ao enclave. Em contrapartida, os reféns israelenses seriam liberados em etapas, já que o Hamas alega que precisa localizar alguns dos reféns desaparecidos. Dos 96 reféns ainda mantidos na Faixa de Gaza, Israel presume que 62 ainda estão vivos.

Na fase final do plano de três etapas, que marcaria o fim da guerra de 14 meses entre Israel e o Hamas, Gaza seria supervisionada por um comitê de tecnocratas do enclave, que não teriam afiliações políticas anteriores, mas teriam o apoio de todas as facções palestinas.

Uma rodada de negociações em outubro não produziu um acordo, com o Hamas rejeitando uma proposta de cessar-fogo de curto prazo. No sábado, em uma rara declaração conjunta, Hamas e outros dois grupos militantes palestinos, incluindo a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, disseram que o acordo estava “mais próximo do que nunca”, mas apenas se Israel “parar de impor novas condições”.

O estopim para a guerra na Faixa de Gaza foi o ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023. Durante a ofensiva, terroristas mataram 1.208 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram outras 251. Como resposta, a ofensiva de represália israelense já matou mais de 45 mil pessoas em Gaza, conforme dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU. (Com AFP)

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