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Por , El Mercúrio/Grupo de Diários América — Santiago

RESUMO

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GERADO EM: 18/12/2024 - 18:47

"María Corina prevê substituto para Maduro"

María Corina, líder da oposição na Venezuela, acredita que seu substituto, Edmundo González, assumirá a presidência em janeiro. Ela destaca a importância do apoio internacional e alerta sobre a necessidade de agir contra o regime de Maduro. Corina enfatiza que a história julgará aqueles que permanecerem inativos diante da tirania.

O ano de 2024 de María Corina Machado começou com a desqualificação da sua candidatura contra Nicolás Maduro à presidência da Venezuela, decretada em janeiro pelo Judiciário, fiel ao chavismo. A líder da oposição escolheu uma sucessora, que também foi barrada. Optou então por um terceiro nome, Edmundo González Urrutia, que concorreu nas eleições de 28 de julho. Naquele dia — sem ainda apresentar provas — o partido governista declarou Maduro vencedor, com 52% dos votos. A oposição e grande parte da comunidade internacional denunciaram fraude. María Corina mostrou sua própria contagem com base nos relatórios das seções eleitorais coletados por voluntários, que deram a Gonzalez 67% dos votos. Houve protestos. O chavismo os reprimiu. Em agosto, María Corina foi para a clandestinidade. Em setembro, González foi para o exílio na Espanha. O desfecho do próximo marco está sendo escrito agora.

Em 10 de janeiro, começa o novo mandato presidencial na Venezuela, e María Corina espera que González vista a faixa amarela, azul e vermelha. Para isso, ela espera contar com a ajuda da região.

— Eu espero muito, muito, muito mesmo. E quando eu falo da América Latina, acredito que a cada dia fica mais claro que na Venezuela hoje está em jogo o futuro da democracia em nossa região — diz María Corina de algum lugar desconhecido de seu país, nesta entrevista por vídeo ao Grupo de Diários América (GDA), do qual O GLOBO faz parte, que a escolheu como a personagem latino-americana de 2024.

María Corina Machado e uma multidão de apoiadores durante comício na Venezuela — Foto: Adriana Loureiro Fernandez / The New York Times
María Corina Machado e uma multidão de apoiadores durante comício na Venezuela — Foto: Adriana Loureiro Fernandez / The New York Times

Ainda há vários governos na América Latina que não reconhecem Edmundo González Urrutia como presidente eleito. A senhora espera que eles se unam antes de 10 de janeiro?

É absolutamente a coisa apropriada e coerente a se fazer. A Constituição venezuelana é muito clara: quem obtiver o maior número de votos é o presidente eleito. Se todos esses países sabem e já disseram que Edmundo González Urrutia venceu com uma vitória esmagadora, então a lógica é reconhecê-lo como presidente eleito.

Acredito que esse tipo de mensagem, neste momento, é crucial. O dia 10 de janeiro é um prazo final não para o povo venezuelano, que já decidiu e exerceu a soberania popular, mas para Maduro. A partir desse dia, se ele não respeitar a Constituição, começa uma fase totalmente diferente em termos de sua própria situação, em um regime de facto agarrado à força.

O caminho tomado por Maduro pode ser interpretado como um sinal de que ele não tem intenção de deixar o poder?

É uma demonstração de que a única coisa que resta ao chavismo é atacar. Acho que o mais importante é entender a crescente repressão e a atitude intransigente e agressiva do regime, ultrapassando todas as barreiras de contenção.

Então, isso é um sinal de força? Muito pelo contrário. Não é apenas um sinal de fraqueza, é um sinal das fraturas dentro do regime, porque há setores "poderosos" que se opõem a essa atitude absolutamente contrária a todas as convenções e tratados internacionais, que isola Maduro e acaba colocando o selo da criminalidade em sua testa.

María Corina Machado e o diplomata e candidato presidencial, Edmundo González — Foto: Adriana Loureiro Fernandez / The New York Times
María Corina Machado e o diplomata e candidato presidencial, Edmundo González — Foto: Adriana Loureiro Fernandez / The New York Times

Por que a senhora acha que um regime que segue esse caminho autoritário entregaria o poder? Talvez seja a última coisa que resta.

A questão não é o que ele quer, é o que ele pode fazer. Muitas pessoas dizem que Maduro tem grandes aliados internacionais. Ele comprou mais de US$ 12 bilhões (R$ 73 bilhões) em armas da Rússia; obteve tecnologias de inteligência, espionagem e rastreamento da China e da Rússia; conseguiu gasolina especialmente do Irã; encontrou mecanismos para contornar as sanções com ajuda de Síria, Irã, China e Rússia. [Além de] todo o apoio cruel para o controle social e repressão, principalmente de Cuba. Agora eu lhe pergunto: como esses atores estão se saindo? Acredito que o que aconteceu na Síria lhes provocou um arrepio. Porque, da noite para o dia, um regime que deveria ser estável entrou em colapso. Segundo, quem eram os grandes apoiadores da Síria? Irã, Rússia, Hezbollah, e eles nem mesmo atrapalharam seu grande aliado em sua principal área de influência. Obviamente, o que o chavismo sente é “aqui, eles nos ajudarão menos”.

E há outro elemento muito importante: essa imagem do tirano fugindo e deixando todos entregues à própria sorte. Essa é uma das coisas mais significativas que aconteceram e que tem um impacto direto sobre os apoiadores remanescentes de Nicolás Maduro, que estão se tornando cada vez menores e mais fracos.

O regime sírio caiu em 10 dias desde o início da ofensiva rebelde. A senhora espera que algo parecido aconteça com o chavismo antes de 10 de janeiro?

Acho que demonstramos isso em 28 de julho. Mostramos que o chavismo, como movimento social, não existia. Fomos para uma guerra desigual. Eles têm armas, nós temos convicções. Eles têm dinheiro, nós temos organização. Eles representam o ódio e a divisão, e nós representamos o amor e a união da Venezuela. Essas são forças muito poderosas, e foi isso que triunfou.

O importante é transmitir que primeiro os derrotamos nos corações e nas ruas da Venezuela. Foi aí que demos ao regime uma derrota social e espiritual, antes de nos aproximarmos da eleição. Depois, demos a eles uma derrota política e eleitoral.

Agora nos resta um regime que se apega à força, a um território, a armas, e um povo que diz não mais, não mais. E é isso que está acontecendo na Venezuela neste momento. É por isso que não há pontos de neutralidade aqui. Não se pode ficar no meio, entre a justiça e a corrupção, entre o bem e o mal, entre um povo que quer viver com dignidade e liberdade e um regime tirânico que o está assassinando. Ficar em silêncio não é uma opção, ficar em silêncio é cumplicidade. Isso pode parecer duro, e é, porque essa é uma questão existencial para os venezuelanos, mas a História será implacável com aqueles que agem do lado do mal e com aqueles que não fazem nada e não dizem nada.

* Do Grupo de Diários America, do qual o GLOBO faz parte juntamente com os principais jornais do continente.

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