Kremlin classifica crítica de Trump ao uso de mísseis contra a Rússia como 'totalmente alinhada' com Moscou
Declaração da Presidência russa nesta sexta-feira acontece no mesmo dia em que as Forças Armadas do país realizaram um bombardeio em massa contra a infraestrutura de energia ucraniana
Por O Globo, com agências internacionais — Moscou
RESUMO
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GERADO EM: 13/12/2024 - 08:25
Tensão crescente entre Rússia e Ucrânia: Kremlin elogia Trump e ataque aéreo preocupa.
O Kremlin elogia a postura de Trump contra o uso de mísseis na Rússia, enquanto recente bombardeio russo na Ucrânia intensifica a tensão. Moscou condiciona negociações de paz a seus interesses, indicando dificuldades em acordos prolongados. Ataque aéreo russo atinge infraestrutura energética ucraniana, gerando preocupações e possíveis cortes de energia.
Após as declarações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre ser contra o uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia, o Kremlin afirmou nesta sexta-feira que o discurso está "totalmente alinhado" com os interesses russos. Na mesma manhã em que lançou um novo ataque aéreo em larga escala contra o território ucraniano, Moscou também acrescentou que suas condições para participar de conversas sobre o fim da guerra ainda não foram atingidas.
— A declaração [de Trump] se alinha completamente com nossa posição, com nossa opinião sobre as razões da escalada. É óbvio que Trump entende exatamente o que está agravando a situação — disse o porta-voz Dmitri Peskov, referindo-se à fala do presidente eleito.
Em uma entrevista à revista Time, na qual compartilhou suas visões sobre o conflito no Leste Europeu e sobre o apoio americano à Ucrânia, Trump afirmou ser contra o envio de armas de longo alcance ao país aliado. A autorização Ocidental para uso de sistemas como os ATACMS, de fabricação americana, e Stormy Shadow, britânicos, foi comemorada pelos ucranianos como algo que poderia impor mais pressão ao lado russo — uma avaliação rejeitada por Trump.
— Sou fortemente contra o envio de mísseis por centenas de quilômetros dentro da Rússia. Por que estamos fazendo isso? Estamos apenas escalando essa guerra — afirmou o presidente, segundo a publicação.
Ainda na entrevista, o presidente eleito americano prometeu não abandonar a Ucrânia e disse que pretendia tirar vantagem do apoio dado por Washington ao país ao negociar com a Rússia o fim da guerra.
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A jornalistas, Peskov afirmou que os "pré-requisitos" russos para participar de conversas sobre a paz na Ucrânia ainda não foram atendidos — um indicativo de que o regime russo pode não se colocar à disposição de Trump para um cessar-fogo prolongado, como almeja Trump.
— Nós não queremos um cessar-fogo, nós queremos paz após nossas condições e nossos objetivos serem atendidos — disse o porta-voz.
Enquanto a Presidência russa fazia seus posicionamentos repercutirem pela imprensa, um novo ataque aéreo massivo era lançado pelo Exército russo contra o território ucraniano — um tipo de ofensiva que Moscou ampliou recentemente.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que 93 mísseis e mais de 200 drones foram lançados pela Rússia na manhã desta sexta-feira, atingindo alvos ligados à infraestrutura energética do país — em um modus operandi que vem sendo apontado como uma estratégia para criar caos no país com a aproximação do inverno. A Força Aérea ucraniana confirmou que mísseis hipersônicos Kinjal foram utilizados no ataque.
Svitlana Onishchuk, liderança da região de Ivano-Frankivsk, disse que a área sofreu "o maior ataque desde o início da guerra", citando os disparos de mísseis de cruzeiro e drones. Ela acrescentou que não houve nenhuma vítima, mas que a infraestrutura energética foi danificada.
O ministro da energia Herman Halushchenko disse que os trabalhadores do setor faziam todo o possível para “minimizar as consequências negativas para o sistema de energia”. A Ukranergo, operadora do sistema de energia, afirmou que cortes de energia emergenciais seriam necessários. (Com AFP)
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