Eleição na Romênia: Extrema direita avança e social-democratas devem ser sigla mais votada, indica boca de urna
Candidatos radicais, que concorrem por siglas distintas, somam 30% dos votos, enquanto governista Partido Social-Democrata tem 26%
Por O Globo, com agências internacionais — Bucareste
RESUMO
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GERADO EM: 01/12/2024 - 17:52
Extrema direita avança na Romênia: Suspeitas de interferência russa e recontagem de votos preocupam UE.
A extrema direita avança nas eleições na Romênia, com candidatos radicais somando 30% dos votos, superando os sociais-democratas. Suspeitas de interferência russa levaram a recontagem dos votos. O país envia mensagem à classe política e à Europa, buscando proteger sua identidade. A influência russa preocupa a UE, com a possível reviravolta na política externa com a vitória da extrema direita. O segundo turno das eleições presidenciais está próximo.
A extrema direita registrou um novo avanço nas eleições parlamentares da Romênia realizadas neste domingo, indicaram as primeiras pesquisas boca de urna divulgadas após o fechamento das seções eleitorais. Candidatos radicais, que concorrem por siglas diferentes, somaram cerca de 30% dos votos, um número que somado é superior aos 26% obtidos pelo governista Partido Social-Democrata (PSD) — que deve conseguir se manter como a sigla mais votada do país.
A votação para o Legislativo ocorreu uma semana depois do 1º turno das eleições presidenciais, que terminou com o candidato independente de extrema direita, Calin Georgescu, na primeira posição e o então primeiro-ministro, o social-democrata Marcel Ciolacu, fora do 2º turno — ele pediu para deixar o cargo após a derrota eleitoral. Em meio a questionamentos sobre uma possível interferência russa no pleito e supostas irregularidades cometidas pela plataforma TikTok, o Tribunal Constitucional ordenou a recontagem dos votos da disputa presidencial. A previsão é de que a recontagem seja concluída neste domingo, com a certificação do resultado na segunda-feira.
As seções eleitorais foram fechadas às 21h (16h em Brasília) deste domingo, com a pesquisa boca de urna divulgada pouco depois. Levantamentos divulgados pelas emissoras de TV Digi 24 e Antena 3 mostraram o PSD com 26% dos votos, a frente do partido radical Aliança pela Unidade dos Romenos (AUR), que somou 19%. Antes da eleição, analistas já indicavam que o Parlamento poderia acabar com uma composição mais fragmentada. O Partido Nacional Liberal (PNL) e a União Salvar a Romênia (USR), de centro-direita, estavam competindo pelo terceiro lugar com entre 15-16%.
— É um sinal importante que os romenos enviaram à classe política — disse Ciolacu após a publicação da pesquisa de boca de urna, acrescentando que o país deve continuar em seu caminho europeu, enquanto "protege nossa identidade, valores nacionais e fé".
Embora a AUR seja o principal partido de extrema direita do país, liderada pelo presidenciável George Simion — que foi acusado durante o pleito de ter se reunido com espiões russos e ficou de fora do 2º turno —, candidatos radicais concorreram de forma pulverizada, em diversas legendas. Em comum, compartilham a oposição ao apoio europeu à Ucrânia e a defesa de "valores cristãos".
— Hoje, o povo romeno votou nas forças pró-soberania — disse Simion. — É o início de uma nova era em que o povo romeno reivindica o direito de decidir seu destino.
Estado-membro da União Europeia e integrante da Otan, a Romênia virou o epicentro da preocupação com a avanço da influência russa em direção ao Ocidente, mais especificamente da luta entre instituições democráticas da UE e as ambições expansionistas de Moscou. Uma vitória da extrema direita, avaliam analistas, poderia causar uma reviravolta na política externa deste país .
A Romênia faz fronteira ao norte com a Ucrânia, onde o presidente russo, Vladimir Putin, diz ter direitos territoriais históricos. A leste fica a Moldávia, onde um presidente pró-ocidental sobreviveu a outra eleição no início deste mês em meio a relatos generalizados de interferência do Kremlin. A oeste está a Hungria, governada pelo aliado de Putin, Viktor Orbán.
A perspectiva de uma onda de extrema direita fez com que centenas de pessoas fossem às ruas em temperaturas congelantes dias antes da eleição. Em Bucareste, os manifestantes gritaram palavras de ordem, como o lema "queremos liberdade, não fascismo".
O segundo turno das eleições presidenciais na Romênia estão marcadas para o próximo domingo. (AFP e Bloomberg)
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