Vídeo: Porta-voz russa recebe ordem ao vivo de não comentar sobre suposto míssil intercontinental contra a Ucrânia
Disparo inédito teria ocorrido dias depois de primeiro uso ucraniano de mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA contra território da Rússia
Por O Globo com agências internacionais — Kiev
RESUMO
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GERADO EM: 21/11/2024 - 09:40
Tensões crescem com míssil ucraniano: medo de escalada nuclear
Porta-voz russo é interrompido ao vivo para não comentar míssil intercontinental disparado pela Ucrânia contra a Rússia. O uso de mísseis de longo alcance intensifica conflito; tensões crescem entre EUA, Rússia e Ucrânia. Kremlin e Ocidente se posicionam em meio a novas ameaças e ações bélicas. Medo de escalada e impacto nuclear.
Durante uma entrevista coletiva transmitida ao vivo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo recebeu nesta quinta-feira uma ordem por telefone para não comentar sobre um suposto ataque com míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia. Mais tarde, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um pronunciamento em que anunciou que o lançamento correspondeu ao teste de um míssil balístico equipado com equipamento hipersônico não nuclear chamado de “Oreshnik”. A Força Aérea ucraniana havia afirmado mais cedo que o míssil seria intercontinental, mas funcionários ocidentais contestaram a informação, afirmando que, apesar de apontar que o projétil era balístico, não seria intercontinental. O diálogo da porta-voz ao telefone foi captado pelos microfones durante a entrevista coletiva.
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— Masha — disse uma voz masculina no telefone dirigindo-se à porta-voz Maria Zakharova. — Sobre o ataque com míssil balístico sobre (a central de) 'Yuzhmash', do qual os ocidentais estão falando, nós não estamos comentando nada — indicou a voz em referência a um fabricante espacial localizado na cidade de Dniéper.
— Sim, obrigada — respondeu Zakharova antes de retomar a coletiva.
A Força Aérea da Ucrânia afirmou que a Rússia lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) contra a cidade ucraniana de Dniéper nesta quinta-feira. Fontes ocidentais disseram à ABC News que a declaração de Kiev foi “exagerada” e que a arma usada era, na verdade, um míssil balístico de alcance mais curto, semelhante aos tipos já usados anteriormente por Moscou na guerra contra a Ucrânia.
Entenda, abaixo, o que é um ICBM e como ele funciona:
Os ICBMs são armas de longo alcance capazes de transportar ogivas nucleares (ou, em alguns casos, convencionais) a distâncias consideradas extremamente longas, geralmente superiores a 5.500 km, podendo chegar a mais de 10.000 km, de acordo com o Centro de Controle de Armas e Não Proliferação (CCANC). Eles são capazes, por exemplo, de atingir alvos localizados em outros continentes — e, no caso do arsenal russo, há armamentos do tipo que, ao menos teoricamente, teriam potencial para atingir a Costa Leste dos Estados Unidos.
O primeiro foguete ICBM foi lançado em 1957 pela União Soviética, e os Estados Unidos tomaram medida semelhante em 1959, de acordo com a CNN. Os mísseis intercontinentais podem ser movidos a combustível líquido ou sólido (estes últimos, mais perigosos, por serem mais rapidamente ativados) e podem ser lançados de silos ou veículos de lançamento móveis.
Dias antes do disparo do novo míssil anunciado por Putin, Moscou havia anunciado que Kiev disparara pela primeira vez em mil dias de guerra mísseis de longo alcance, ATACMS, fornecidos pelos EUA contra o seu território, após autorização do governo de Joe Biden. A Rússia disse que o ataque marcava "uma nova fase" do conflito e prometeu uma resposta "adequada".
Nesta terça, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, pediu aos países do bloco que também permitissem que a Ucrânia usasse armas de longo alcance fornecidas por eles para atacar alvos dentro da Rússia.
— Espero que todos os Estados-membros (da UE) sigam a decisão dos Estados Unidos — disse Borrell ao chegar para uma reunião de ministros da Defesa dos países do bloco em Bruxelas, concluindo: — A guerra contra a Ucrânia afeta diretamente nossos valores e princípios. O destino dos ucranianos determinará o destino da UE.
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