Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a eleição do republicano Donald Trump nos Estados Unidos — um defensor da exploração de petróleo e negacionista do clima convicto — não anuncia o fim dos compromissos assumidos por Washington com a agenda climática do Brasil, incluindo um financiamento de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia anunciado no domingo.
— Um governo só termina quando outro toma posse — comentou Marina durante um evento privado da Noruega, às margens do G20, na noite de domingo, no Rio. — Os compromissos de Estado são compromissos de Estado.
Na visão da ministra, a possível ausência dos EUA em fóruns de debates e acordos importantes sobre o clima nos próximos anos é "obviamente um prejuízo muito grande, mas não é o fim do mundo.
— [Os EUA] são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e o país com maior volume de recursos e base tecnológica, então é um prejuízo enorme. Mas não vamos esquecer que os EUA não estavam no Protocolo de Kyoto e que a entrada deles no Acordo de Paris foi um processo bem posterior aos demais, e a agenda climática andou — ponderou.
Ela defende que ações multilaterais de enfrentamento e diz que "não há como fazer barreiras ideológicas" em relação a temas como clima e saúde, que afetam o mundo inteiro:
— A Covid-19 nos ensinou que se não estivermos numa agenda de cooperação conjunta fica muito difícil dar conta do enfrentamento de uma pandemia — explicou. No caso da mudança do clima também não se resolve sem uma forte ação multilateral em diferentes frentes, governamental, científica e tecnológica, dos movimentos sociais e do setor empresarial.
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Sobre a declaração final dos líderes do G20 no Rio, reunidos nesta segunda e terça-feira, Marina disse que "o esforço é de fazer uma declaração que esteja comprometida com o financiamento para implementação das ações, o enfrentamento da mudança do clima, o pagamento do serviços ecossistêmicos e uma forte agenda entre finanças, clima e a dinâmica do desenvolvimento sustentável para um novo ciclo de prosperidade".