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Era início da manhã quando as primeiras sirenes de alerta começaram a soar em Israel, em 7 de outubro do ano passado. Mísseis e foguetes disparados da Faixa de Gaza, o menor dos territórios palestinos, contra diferentes partes do país pareciam anunciar o início de mais uma página do conflito israelo-palestino — embora poucos pudessem imaginar a intensidade do que veio a seguir. Em uma ação-relâmpago, o grupo terrorista Hamas invadiu o sul do Estado judeu por terra, céu e mar. A incursão, que só foi totalmente rechaçada três dias depois, deixou um rastro de destruição e cerca de 1,2 mil mortos — a maioria civis —, dando início à guerra mais sangrenta em décadas na região, com aproximadamente 42 mil palestinos mortos em Gaza e desdobramentos no Líbano, Cisjordânia, Síria, Iêmen, Irã, Iraque e no Mar Vermelho.

Entenda o que aconteceu no dia do pior atentado terrorista da História de Israel.

1 - RUMORES NO FERIADO

Entre a noite de 6 de outubro e a madrugada do dia 7, fontes de inteligência militar e do Shin Bet, o serviço de segurança interno de Israel, captam sinais de uma possível ação hostil partindo de Gaza. O escritório do chefe do Exército, general Herzi Halevi, é notificado às 01h30. Halevi é alertado duas horas depois, convocando uma reunião para tratar da ameaça. Após uma hora e meia de deliberações, a reunião termina sem uma conclusão sobre o ataque ser iminente — ou apenas desdobramentos de movimentos que vinham sendo monitorados há semanas. Em solo israelense, as bases militares próximas a Gaza estavam com um contingente reduzido em razão da celebração judaica do Simchat Torá. Em certas bases, os soldados foram autorizados a levar familiares para seus postos de trabalho durante o feriado.

2 - INÍCIO DA OFENSIVA

A partir das 06h29 (00h29 em Brasília), o Hamas lança um ataque aéreo massivo, com mísseis, foguetes e drones. Estimativas israelenses apontam para 2,2 mil projéteis disparados. Em paralelo, unidades distintas derrubam setores da cerca de proteção que dividem Gaza e Israel e entram no território inimigo por 60 pontos diferentes. Ao todo, 2 mil homens participaram da invasão — um número reduzido deles entrou por mar, em barcos rápidos e de pequeno porte, e por ar, usando paragliders.

3 - ATAQUES CONTRA CIVIS E MILITARES

Aproveitando-se do elemento surpresa, homens do Hamas e de outros grupos armados palestinos atacam posições civis e militares durante a incursão. Comunidades rurais e pequenos povoados e cidades, como Sderot, Nir'Oz e Zikim viram alvos. Em um dos incidentes mais letais, homens armados abrem fogo contra jovens reunidos no Festival Nova, de música eletrônica, onde se estima que cerca de 360 pessoas foram mortas. Entre as vítimas confirmadas no primeiro dia havia três brasileiros: Ranani Glazer, Bruna Valeanu e Karla Stelzer Mendes.

7 DE OUTUBRO, 1 ANO

7 DE OUTUBRO, 1 ANO

4 - ALERTA DE SEGURANÇA E REIVINDICAÇÃO DO ATAQUE

Apenas às 07h48 (01h48 em Brasília), mais de uma hora após o início da invasão, o principal porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, anuncia que o país foi invadido. Minutos depois, o então comandante militar do Hamas, Mohammed Deif, aparece em um vídeo reivindicando a autoria do atentado, revelando o nome dado à operação: "Dilúvio de al-Aqsa". As Forças de Armadas de Israel (FDI) se dizem prontas para a guerra.

Deif, Hagari e tropas do Hamas
Deif, Hagari e tropas do Hamas

5 - CONFUSÃO

Apesar dos anúncios públicos, as forças israelenses tiveram dificuldade em dimensionar a gravidade da invasão. A ajuda militar começou a chegar a locais afetados em maior número apenas por volta das 10h30, quase quatro horas após o início do ataque, período em que forças de resposta rápida, muitas delas formadas por civis e militares da reserva, ficaram à própria sorte. Tropas de serviço em bases militares do sul e policiais em delegacias sob ataque foram ordenadas a resistir aos invasores — em alguns casos sendo massacradas, como na base de Nahal Oz, ocupada sobretudo por militares mulheres que trabalhavam com serviços de monitoramento. Ao todo, 441 militares e policiais israelenses morreram no primeiro dia de combate.

6 - RESPOSTA DE FATO

Às 10h50 (04h50 em Brasília), Israel ataca alvos em Gaza pela primeira vez. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que o país está em guerra às 11h35 — embora a declaração oficial tenha vindo no dia seguinte. À tarde, tropas especializadas e de elite começam a acessar distintas partes da área ocupada pelo Hamas, entrando em combate com as forças invasoras. O processo de neutralização da ameaça e retirada dos civis da região começa a ganhar tração durante a tarde. Falhas foram identificadas durante a operação, apontaram apurações militares posteriores, incluindo demora de unidades militares de entrarem em zonas em que havia civis e inimigos armados.

7 - FIM DA INVASÃO, COMEÇO DA GUERRA

As Forças de Defesa de Israel afirmam que a ameaça de homens do Hamas e de outros grupos armados palestinos em solo israelense foi eliminada totalmente no dia 10 de outubro, três dias depois do começo das hostilidades. A ofensiva vitimou quase 1,2 mil pessoas no país e deu início à guerra em Gaza, que já tirou a vida de aproximadamente 42 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. O conflito se espalhou pela região, com hostilidades registradas em Líbano, Cisjordânia, Iêmen, Síria, Iraque, Irã e no Mar Vermelho.

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Apuração e texto: Renato Vasconcelos • Ilustração e infografia: Renato Carvalho • Coordenação e edição: Leda Balbino

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