Orcas usam técnica de caça especial para arrancar fígados de tubarões-baleia na costa do México; entenda e veja fotos
Primeira grande pesquisa sobre o tema detalha como os cetáceos são capazes de estimular hemorragias nos maiores tubarões do mundo
RESUMO
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GERADO EM: 29/11/2024 - 14:24
Orcas caçam tubarões-baleia no México: estudo destaca estratégias inteligentes e alerta para proteção.
Orcas no México surpreendem ao caçar tubarões-baleia, usando técnicas sofisticadas para acessar seus fígados ricos em calorias. Estudo destaca inteligência e adaptação das orcas, levantando questões sobre especialização nessa predação. Proteção dos tubarões-baleia é ressaltada devido à ameaça representada por predadores oportunistas.
Pela primeira vez, eventos de orcas caçando e consumindo tubarões-baleia (Rhincodon typus), o maior peixe do mundo, foram documentados em detalhes. Entre 2018 e 2024, quatro episódios ocorridos na região sul do Golfo da Califórnia — também conhecido como Mar de Cortés, no México — revelaram a habilidade predatória de um grupo de orcas, a partir de cooperação e estratégias sofisticadas de caça.
O estudo, publicado na Frontiers in Marine Science, nesta quinta-feira (28), analisou imagens e vídeos capturados por turistas e cientistas, com destaque para a ação de um macho identificado como “Moctezuma”, envolvido em três dos quatro eventos.
As orcas focaram em áreas vulneráveis dos tubarões, como as barbatanas pélvicas e a cloaca, causando hemorragias fatais. Essa abordagem permitia o acesso ao fígado, um órgão rico em lipídios que fornece alta densidade calórica, essencial para atender às demandas energéticas das orcas.
O primeiro caso foi registrado em maio de 2018, na Ilha Partida, quando “Moctezuma” foi visto atacando um tubarão-baleia ainda jovem. O animal já apresentava ferimentos no ventre quando foi empurrado e mordido, até desaparecer na água.
Em junho de 2021, outro ataque envolveu seis orcas, incluindo dois jovens e um filhote, que isolaram um tubarão-baleia e deixaram o animal desorientado, sangrando muito antes de ser consumido.
Pesquisa indica que orcas podem ter desenvolvido técnica especial para caçar tubarões-baleia
Em abril de 2023, imagens mostraram uma dupla de orcas, novamente lideradas por “Moctezuma”, atacando diretamente as barbatanas pélvicas de um tubarão-baleia. Já em maio de 2024, cinco orcas, entre elas quatro fêmeas e um juvenil, exibiram comportamento coordenado em águas rasas, com golpes em diferentes partes do corpo da presa até que o tubarão fosse imobilizado. Restos do animal foram flagrados na boca das predadoras minutos depois.
Os registros, segundo a pesquisa, reforçam a capacidade cognitiva das orcas, conhecidas por adaptações comportamentais de acordo com o tipo de presa. No Golfo da Califórnia, apesar de as orcas já serem observadas predando raias e tubarões menores, a inclusão dos tubarões-baleia como presas frequentes levanta a hipótese de uma especialização ecológica dessa população.
No entanto, ainda são necessários estudos adicionais para confirmar se o grupo de “Moctezuma” conseguiu, de fato, se especializar nesse tipo de predação de grandes animais.
Os tubarões-baleia, classificados como ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), são protegidos no México por regulamentações que proíbem sua captura e promovem o ecoturismo em áreas como a Baía de La Paz e Bahía de Los Ángeles.
Contudo, a exposição sazonal dessas populações durante deslocamentos, especialmente dos mais jovens, os torna presas fáceis para predadores como as orcas.