Eleições EUA
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Por O Globo e agências internacionais

RESUMO

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GERADO EM: 13/11/2024 - 17:13

Trump surpreende e escolhe Rubio como secretário de Estado

Donald Trump escolhe Marco Rubio como secretário de Estado em seu novo mandato, surpreendendo após rivalidade. Rubio traz posturas agressivas para o Departamento de Estado.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, confirmou o nome do senador Marco Rubio como o novo secretário de Estado, que assumirá o cargo em janeiro após a posse do republicano. Rubio, que no passado chegou a ser ridicularizado em debates do partido, é conhecido por suas posturas agressivas e por vezes pouco diplomáticas sobre política externa. Trump também anunciou o nome do deputado Matt Gaetz para o Departamento de Estado, uma indicação que causou certa supresa até mesmo em sua base.

"É uma grande honra anunciar que o senador Marco Rubio, da Flórida, é nomeado para ser o Secretário de Estado dos Estados Unidos. Marco é um líder altamente respeitado e uma voz muito poderosa pela liberdade. Ele será um forte defensor da nossa nação, um verdadeiro amigo dos nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará diante dos nossos adversários. Estou ansioso para trabalhar com Marco para tornar a América e o mundo seguros e grandes novamente!", disse Trump em comunicado.

Em publicação no X, logo após a indicação, Rubio afirmou que "liderar o Departamento de Estado dos EUA é uma tremenda responsabilidade", disse estar "honrado pela confiança" de Trumo, e que trabalhará "todos os dias para executar sua agenda de política externa".

"Sob a liderança do Presidente Trump, entregaremos a paz por meio da força e sempre colocaremos os interesses dos americanos e da América acima de tudo. Estou ansioso para ganhar o apoio dos meus colegas no Senado dos EUA para que o Presidente tenha sua equipe de segurança nacional e política externa pronta quando assumir o cargo em 20 de janeiro", escreveu.

Senador eleito pela Flórida em 2010, e que foi chamado de "Pequeno Marco" na corrida pela indicação republicana à Presidência em 2016, Marco Rubio passou de um "trumpcético" para um trumpista de primeira linha ainda na campanha daquele ano. Próximo da comunidade latina — ele é filho de cubanos — defendeu a adoção de medidas duras contra o regime de Nicolás Maduro na Venezuela durante o primeiro mandato do republicano. Em 2019, em entrevista ao New York Times, chegou a sugerir que a queda do ditador estava perto de acontecer.

— Ele escolheu uma batalha que não pode vencer — afirmou. — É só uma questão de tempo. A única coisa que não sabemos é quanto tempo levará, e se será pacífico ou sangrento.

Quebrando uma linha recente na diplomacia americana, Rubio deve elevar o status da América Latina na lista de prioridades do Departamento de Estado, com foco naquela que é uma bandeira central para Trump: a imigração.

“Nossa região está atualmente passando por pelo menos seis grandes crises. Elas vão desde a migração em massa sem precedentes na fronteira sul dos EUA até o colapso completo da ordem social no Haiti e a opressão estatal intensificada em Cuba, Nicarágua e Venezuela", escreveu, em abril, na revista The National Interest, fazendo um aceno a lideranças consideradas alinhadas a Trump, como Javier Milei na Argentina e Nayib Bukele em El Salvador. “Mesmo que reconheçamos os horrores que ocorrem não muito longe de nossas costas, e façamos o nosso melhor para combatê-los, devemos nos inspirar na nova geração de líderes potencialmente pró-América no Hemisfério Ocidental.”

Como pontuou o colunista do GLOBO Guga Chacra, a escolha de Rubio pode causar dores de cabeça no Itamaraty e no Palácio do Planalto. Entusiasta do ex-presidente Jair Bolsonaro, o futuro secretário de Estado disse que o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, era um "líder de extrema esquerda", e que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de suspender a rede social X no Brasil era "autoritária".

“O banimento do X no Brasil, sob a administração Lula, levanta sérias preocupações sobre a liberdade de expressão e o alcance do Judiciário”, escreveu recentemente na rede social de Elon Musk.

Rubio também é um crítico da China, e deve se unir a Trump na defesa de uma política que pode passar da competição, defendida pelo próprio republicano e por Joe Biden, para algo parecido a uma relação de enfrentamento. No Senado, foi favorável a medidas voltadas ao fortalecimento do parque industrial dos EUA, como forma de concorrer com a economia apoiada pelo Estado chinês, e em 2020 apresentou um projeto para impedir a importação de bens produzidos "com o trabalho escravo" da minoria uigur, no auge das denúncias contra a repressão de Pequim em Xinjiang.

Sobre a Rússia, Marco Rubio disse que "não está do mesmo lado" do presidente Vladimir Putin, mas também critica os pacotes bilionários de envio de armas a Kiev e disse à rede NBC em setembro que "a realidade é que a guerra na Ucrânia vai terminar com um acordo negociado".

No Oriente Médio, é um apoiador ferrenho de Israel, e um crítico do Irã — em 2015, foi um dos senadores que se opôs ao acordo internacional que impôs limites ao programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções, e 2018 apoiou a saída americana do plano e a imposição da política conhecida como "pressão máxima".

Em abril, logo após a primeira série de ataques iranianos contra Israel, acusou o governo de Joe Biden de agir para evitar uma resposta armada contra Teerã porque estaria "servindo a sua base anti-Israel e antissemita”. Na época, a Casa Branca alegou, assim como o fez na segunda onda de ataques, que tentava convencer os israelenses a calibrarem a resposta para evitar uma guerra regional.

Surpresa na Justiça

Também na quarta-feira, Trump anunciou o nome do deputado Matt Gaetz como futuro secretário de Justiça, uma posição crucial para um presidente que chega ao cargo repleto de problemas nos tribunais. E a escola de Gaetz, um aliado de primeira linha, que o defendeu em seus dois processos de impeachment no Congresso, parece ter sido feita a dedo.

“Poucas questões na América são mais importantes do que acabar com o aparelhamento partidário do nosso sistema de justiça”, escreveu Trump, em comunicado “Matt acabará com o governo partidarizado, protegerá nossas fronteiras, desmantelará organizações criminosas e restaurará a fé e a confiança gravemente abaladas dos americanos no Departamento de Justiça."

Matt Gaetz, indicado por Trump para o Departamento de Justiça, durante a Convenção Nacional Republicana, em julho — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Matt Gaetz, indicado por Trump para o Departamento de Justiça, durante a Convenção Nacional Republicana, em julho — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Em publicação no X, disse que "será uma honra" trabalhar no governo Trump. Negacionista da derrota de Trumpem 2020, ele foi o responsável por uma moção, a pedido do republicano, para destituir o então presidente da Câmara, Kevin McCarthy, após um acordo bipartidário para evitar a paralisia do governo de Joe Biden.

Eleito pela Flórida, Gaetz foi alvo de uma investigação por tráfico humano, concluída em 2023 e que não resultou na abertura de um processo por parte do Departamento de Justiça. E além de agir para arquivar os processos federais — e também os estaduais — contra Trump, ele deve estar à frente de inquéritos conduzidos pela pasta contra algozes do presidente eleito, como prometeu fazer ao longo da campanha. Dentro do sistema americano, o departamento tem o poder de abrir e conduzir investigações, e o secretário tem poderes que por vezes se confundem com os de um procurador-geral. No Congresso, a escolha surpreendeu até parlamentares da base governista.

— Não tenho nenhum comentário realmente bom — disse à CNN o deputado Don Bacon.

O deputado Mike Simpson, republicano de Idaho, disse que Gaetz não tem capacidade para ser secretário de Justiça, e defendeu a divulgação imediata de um relatório da Comissão de Ética, que o investiga por "conduta sexual inapropriada", segundo a rede NBC. Susan Collins, senadora republicana pelo Maine, se disse "chocada", assim como o também senador Kevin Craner, da Dakota do Norte.

— Isso é um pouco demais. Não sei o que pensar disso — disse o parlamentar, citado pelo site DC Examiner, pondo em xeque a confirmação de Gaetz junto ao Congresso.

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