Mais de 60 disparos: tiroteio que matou família em Paty do Alferes deixou cenário de guerra em barbearia
Foram mortos Giliarde Costa Fontes, sua mulher Cosuelo Teixeira Vieira e o filho deles, Diego Vieira Fontes, de 4 anos
RESUMO
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GERADO EM: 23/12/2024 - 14:32
Tragédia em Paty do Alferes: Família assassinada em barbearia
Tiroteio brutal em Paty do Alferes resulta na morte de pai, mãe e filho de 4 anos em barbearia. Mais de 60 disparos causam destruição. Principal alvo, Giliarde, tentou proteger a família. Violência choca a pacata cidade, com histórico de baixos índices de homicídios. Suspeitos presos após cerco policial com armas apreendidas. A comunidade está perplexa com a súbita explosão de violência em meio à paz anterior.
Menos de 48 horas após o ataque que deixou três pessoas mortas, entre elas uma criança, de 4 anos, na noite de sábado, em Paty de Alferes, na Região Centro-Sul Fluminense, a violência da ação ainda podia ser notada, nesta segunda-feira, pelas marcas de tiros de fuzil em uma barbearia onde as vítimas estavam. O estabelecimento foi praticamente destruído pelos mais de 60 disparos que atingiram uma porta de vidro e as paredes do estabelecimento. Cosuelo Teixeira Vieira, de 40, esposa do agricultor Giliarde Costa Fontes, de 36, e o filho do casal, Diego Vieira Fontes, de 4, morreram no local. A família estava no salão para a criança cortar o cabelo.
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Giliarde, que seria o principal alvo da ação que envolveu dez homens armados, supostamente vindos do Complexo do Alemão, também foi baleado na barbearia. Ele estaria armado, e segundo informações iniciais recebidas pela 96ª DP ( Miguel Pereira) tentou reagir para proteger a mulher e o filho.
Barbearia em que família foi assassinada em Paty do Alferes tem buracos de tiros no teto
O agricultor morreu do lado de fora do salão. Uma pistola calibre 380, arma de que ele teria registro, foi levada pelos assassinos. Segundo moradores, o ataque aconteceu pouco depois das 19h. Os bandidos estavam em dois carros pretos, uma Fiat Toro e Outlander Mitsubishi. Os automóveis fecharam a pista da Avenida Sesquicentenário, no Bairro Arcozelo, bloqueando a passagem de outros veículos. Em seguida, bandidos armados de fuzis dispararam em direção à barbearia.
— Isso que aconteceu (o ataque com fuzis) no sábado é coisa de Rio de Janeiro. Eles fecharam a rua e começaram a atirar com os fuzis. Aqui a gente nunca tinha visto nada igual. Estamos muito assustados — disse um comerciante.
Floriza Helena, de 46 anos, que morava na Zona Oeste do Rio e, há dois mudou-se para Paty de Alferes, disse ter confundido o barulho dos tiros de sábado com fogos de artifício. Nesta segunda-feira, ela esteve na barbearia e ficou assustada com a quantidade de marcas de tiros nas paredes:
— Me mudei para Paty de Alferes há dois anos porque aqui era mais tranquilo. Sempre foi uma paz. O que aconteceu deixou a gente apavorada — disse.
Sepultamento nesta segunda
Também na manhã desta segunda-feira, os corpos das três vítimas foram sepultados no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, em Paty de Alferes. Em post numa rede social, uma prima de Cosuelo diz que vai sentir muitas saudades dela e das conversas. "Muito difícil saber que você não está mais entre nós", lamenta.
Ainda no domingo, o inquérito que apura o triplo homicídio foi transferido da 96ªDP (Miguel Pereira) para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Pouco depois do ataque, policiais rodoviários federais e militares fizeram um cerco e conseguiram interceptar, na Rodovia Presidente Dutra, no limite entre os municípios de São João de Meriti e Belford Roxo, dois carros usados pelos assassinos.
Houve tiroteio. Pedro Vitor Lemos Azambuja foi preso, mas os outros envolvidos conseguiram escapar. Foram apreendidos três fuzis, uma pistola, mais de dez carregadores, centenas de munições, rádios transmissores, telefones celulares, uma faca e acessórios táticos, como uma máscara.
Última morte havia sido em julho
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A violência dos assassinatos do casal e da criança chocou os cerca de 29,6 mil moradores de Paty de Alferes. O município não está entre os mais violentos do Estado do Rio de Janeiro. Pelo contrário. O último assassinato ocorrido em Paty de Alferes havia sido registrado em julho. Antes do triplo homicídio, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), a cidade contabilizava apenas cinco assassinatos, desde o início de janeiro.
Com o crime de sábado, o município tem em 2024, oito assassinatos contabilizados. Nos últimos quase cinco anos (entre janeiro de 2019 e novembro de 2024), o maior número de homicídios ocorridos em um ano era de sete mortes, todas registradas em 2020. Já de 2003 até este sábado, foram registrados 42 assassinatos na cidade. Significa dizer que, em média, houve um homicídio a cada seis meses no período citado acima.