Sucesso de público, 'Vale o escrito' recebe o Faz Diferença 2023 na categoria Cinema e Séries
Criada e dirigida pelo jornalista Fellipe Awi, com supervisão e narração de Pedro Bial, série documental conta a história da guerra do jogo do bicho no Rio
Por O GLOBO — Rio de Janeiro
A pergunta que não quer calar: "Shanna e Tamara Garcia, gêmeas e filhas do contraventor Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004, são idênticas ou, pelo menos, parecidas?". Após a estreia, em novembro do ano passado, da série documental “Vale o escrito — A guerra do jogo do bicho”, a história dos bastidores e do poder da mais antiga organização criminosa do Rio, com detalhes sobre a disputa familiar, passou a dominar as rodas de conversa. Por isso, na categoria Cinemas e Séries, o Prêmio Faz Diferença foi para a produção da série mais comentada dos últimos tempos.
Subiram o palco da Casa Firjan, em Botafogo, nesta quarta-feira, para receber o prêmio, os jornalistas Pedro Bial, narrador e supervisor artístico; e Fellipe Awi, criador, diretor e roteirista; e Ricardo Calil, também diretor e roteirista. A colunista Vera Magalhães e o editor-executivo do GLOBO Alessandro Alvim entregaram o Faz Diferença aos ganhadores.
Bial disse que é uma honra ser premiado por "Vale o escrito", já que considera alto o nível dos documentários brasileiros. E agradeceu a sua equipe:
— O que une esse grupo é a perseverança. Esse produto foi fruto de muita perseverança. Trabalho de equipe não é da boca para fora. O editor fez 645 cortes, para se ter ideia da trabalheira!
Fellipe Awi celebrou o jornalismo e afirmou que, embora a produção tenha características de novela, contou com rigoroso trabalho de checagem:
— É uma alegria a mais estar aqui porque trabalhei no Globo por 11 anos, me sinto voltando para casa. Todo mundo falou que a série é uma novela… tem até histórias incríveis, como uma irmã gêmea que odeia a outra irmã gêmea, mas também tem muito jornalismo, tivemos que checar toda a informação. A gente foi rigoroso no trabalho jornalístico.
Veja fotos da cerimônia de entrega do Prêmio Faz Diferença
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A história do jogo do bicho contada na produção, que se mistura com o carnaval carioca e com uma série de crimes, conquistou os espectadores. Os personagens eram os próprios contraventores e seus parentes, que contaram a violenta e complexa trama da organização criminosa — antecessora de outros grupos que hoje atuam no crime, como o tráfico e a milícia.
Criada pelo jornalista Fellipe Awi, a série conta com direção artística de Monica Almeida e produção de Anelise Franco. A narração e supervisão ficam a cargo de Pedro Bial. Os sete episódios são dirigidos por Fellipe Awi, Ricardo Calil e Gian Carlo Bellotti.
Além de apresentar uma trama real tão envolvente quanto a ficção mais hipnotizante, a série ganhou ainda mais apelo ao conseguir depoimentos de figuras-chave da contravenção — alguns deles pela primeira vez. Entre os entrevistados estão Capitão Guimarães, da velha guarda do jogo do bicho; e Shanna Garcia e Bernardo Bello, considerados herdeiros de Miro e seu filho Maninho Garcia. Os comentários de jornalistas experientes e especializados no tema ajudaram no entendimento de um tema que, embora estivesse no cotidiano carioca, era totalmente desconhecido. Na verdade, um mundo à parte.
Sete episódios não foram suficientes: o público clamou por mais. Um mês após o lançamento, foi anunciada a segunda temporada de "Vale o scrito", que dará continuidade à saga dos bastidores do jogo do bicho no Rio de Janeiro e introduzirá novos personagens envolvidos na contravenção. No entanto, Awi ressalta que a empreitada ainda está na fase de projeto.
O Prêmio Faz Diferença é uma realização do jornal O GLOBO, com patrocínio da Firjan SESI e apoio da Naturgy.