Como Fluminense busca aprender com erros de 2024 para voltar a lutar por títulos em 2025

Ao evitar o rebaixamento na última rodada do Campeonato Brasileiro e, de quebra, conquistar uma vaga na Sul-Americana, o Fluminense não apenas respirou aliviado como também abriu caminho para aspirar a novos horizontes na próxima temporada.

Agora, o desafio é formar um elenco competitivo para os cinco torneios que disputará em 2025 (Carioca, Brasileiro, Copa do Brasil, Sul-Americana e Mundial de Clubes). Para isso, em vez de esquecer 2024, o tricolor debruça-se sobre o ano que passou para aprender com os erros e evitar repeti-los.

O clube já deu início ao planejamento. A primeira decisão foi manter Mano Menezes, que teve o trabalho bem avaliado pela diretoria. Após a chegada do técnico, o tricolor teve a sétima melhor campanha do Brasileirão, com 40 pontos em 25 jogos.

— Eu achei positiva a permanência do Mano. Ele pegou o time em um momento muito difícil. Não faria sentido mudar. Merece a chance de fazer uma pré-temporada, ter uma continuidade junto com o grupo — avalia Conrado Santana, comentarista do Grupo Globo.

Além disso, o técnico é visto como o nome mais adequado para dar prosseguimento à reformulação do elenco, vista como necessária após o “fim de ciclo” do grupo que conquistou a Libertadores, a Recopa e dois Cariocas nos últimos anos.

— O futebol é feito de ciclos. O time campeão da Libertadores começou a ser montado em 2021. Foi extremamente exitoso durante dois anos. Mas, obviamente, o ciclo se desgasta e acho que o ano deixou isso muito claro — disse o presidente Mário Bittencourt, em coletiva na última semana.

Dos erros de 2024, o principal a não ser repetido é a janela de transferências equivocada do início do ano, quando o clube dobrou a aposta em jogadores veteranos, com o agravante de histórico de problemas físicos, como Renato Augusto, Douglas Costa e Gabriel Pires.

A prioridade agora é contratar atletas na faixa etária intermediária, entre 23 e 30 anos, para dar mais equilíbrio e vigor físico ao elenco, que era composto, primordialmente, por jovens oriundos da base ou por veteranos. As contratações do meio do ano — Facundo Bernal (21), Gabriel Fuentes (27), Ignácio (28), Nonato (26), Serna (27) — já visaram a corrigir essa carência observada.

— Para um calendário insano como o brasileiro, a questão da idade é fundamental. Não é por etarismo, mas por questão física. Porém, mais do que trazer jogadores jovens, o Flu precisa traçar o perfil de jogadores com “fome”, com necessidade de provar. São raros os jogadores que se mantêm com energia competitiva depois de um ano tão positivo como 2023. Inclusive, jogadores jovens negligenciaram o 2024 do clube —pondera Ana Thaís Matos, comentarista do Grupo Globo.

A primeira contratação oficializada pelo tricolor corrobora a estratégia: o volante Hércules, de 24 anos, um dos destaques das boas temporadas do Fortaleza.

A solidez defensiva com Mano Menezes é vista como ponto forte para 2025. Com o técnico, o time sofreu apenas 18 gols em 25 jogos no Brasileirão, sendo a segunda melhor defesa da competição no período, atrás somente do Botafogo. Na visão da diretoria, é uma qualidade importante, principalmente para o torneio de pontos corridos.

Se a defesa não preocupa, o ataque ainda é uma dor de cabeça. Mano não conseguiu resolver a crise de gols da equipe em 2024. Foram apenas 25 marcados, média de 1 por jogo, o quarto pior ataque no período.

Para não depender de fases goleadoras de um centroavante, como viveu com Cano em 2022 e 2023, o clube tenta encontrar no mercado atacantes de lado que também tenham veia artilheira e possam contribuir na soma de gols, um pedido de Mano Menezes. Richarlison, atualmente no Tottenham, era o sonho de consumo do tricolor. Mas o clube inglês informou que não tem interesse de negociar o Pombo, ao menos nesta janela de transferências.

— O Fluminense terminou o ano com um dos piores ataques do Brasileirão, atrás apenas de Atlético-GO e Cuiabá, duas equipes rebaixadas. O vice-artilheiro do time foi Lima, que não é um atacante. Isso demonstra sim a fragilidade do setor, e a linha de pensamento parece correta por parte do departamento de futebol — completa Ana Thaís.

Outra medida para tornar o Flu competitivo, mas que dificilmente terá efeitos já em 2025, é o plano do clube para virar SAF. Com seis na Série A (Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Fortaleza e Vasco), mais o Bragantino como clube-empresa, além de Flamengo e Palmeiras com investimentos pesados, o tricolor precisa se adequar à nova realidade para não ficar para trás.

No momento, o projeto está em fase de estudo de viabilidade e mapeamento de possíveis investidores pelo banco BTG. Mário Bittencourt acredita que, ainda em 2025, a venda do controle do futebol do clube poderá ser colocada em votação pelos sócios em uma Assembleia Geral.