Área queimada no Brasil até novembro quase dobra em relação a 2023 e é recorde nos últimos seis anos

Mais da metade (57%) da área queimada entre janeiro e novembro no Brasil fica na Amazônia, onde 16,9 milhões de hectares foram afetados pelo fogo

Por — Rio de Janeiro


Queimada no município de Apuí, na Amazônia MICHAEL DANTAS/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 16/12/2024 - 10:27

Aumento alarmante de queimadas no Brasil

A área queimada no Brasil até novembro de 2024 quase dobrou em relação a 2023, atingindo 29,7 milhões de hectares, sendo a Amazônia a mais afetada. Pará lidera os estados mais atingidos. O fogo também impactou o Cerrado e o Pantanal, com aumento significativo em relação aos anos anteriores.

A área queimada no Brasil de janeiro a novembro de 2024 quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando um território equivalente a todo o estado do Rio Grande do Sul. Os dados são da mais recente edição do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Ao todo, 29,7 milhões de hectares foram queimados nos onze meses — um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2023 e a maior extensão dos últimos seis anos. A diferença em relação ao ano passado é de 14 milhões de hectares a mais, uma área equivalente ao estado do Amapá.

Mais da metade (57%) da área queimada entre janeiro e novembro no Brasil fica na Amazônia, onde 16,9 milhões de hectares foram afetados pelo fogo. Nesse bioma, foram queimados 7,6 milhões de hectares de florestas, incluindo florestas alagáveis — extensão que ficou à frente das pastagens queimadas no período na Amazônia, que totalizaram 5,59 milhões de hectares.

O segundo bioma mais afetado pelo fogo foi o Cerrado, com 9,6 milhões de hectares — 85% dos quais (ou 8,2 milhões de hectares) em áreas de vegetação nativa. Esse número representa um aumento de 47% em relação à média dos últimos 5 anos. Houve aumento também no Pantanal, onde a área queimada de janeiro a novembro foi de 1,9 milhão de hectares e representou um crescimento de 68% em relação à média dos últimos 5 anos.

Amazônia e o crônico mal das queimadas

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Amazônia e o crônico mal das queimadas

A área queimada nos demais biomas entre janeiro e novembro deste ano foi: 1 milhão hectares na Mata Atlântica, sendo que 71% da área afetada estava em áreas agropecuárias e 3,3 mil hectares no Pampa. Na caatinga, o fogo atingiu um espaço de 297 mil hectares, número que representa uma diminuição de 49% em relação ao mesmo período de 2023, com 82% das queimadas concentradas em formações savânicas.

— As condições climáticas extremas, como secas prolongadas e altas temperaturas, somadas à ação humana, como desmatamento e queimadas ilegais, levaram 2024 a registrar a maior área queimada no Brasil dos últimos seis anos. O impacto ainda se estende pelas emissões tardias de dióxido de carbono (CO2) proveniente de árvores mortas, intensificando ainda mais a crise climática — avalia Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo.

Eduardo Velez, da equipe do Pampa do MapBiomas, explica que a área queimada no Pampa é a menor dos últimos três anos para esse período.

— Trata-se de uma consequência da maior umidade observada na região, com chuvas acima da média para o período — detalha.

Pará foi o estado mais atingido

O estado que mais queimou nos 11 primeiros meses deste ano foi o Pará, com 6,97 milhões de hectares. Esse total equivale a 23% de toda a área queimada no Brasil e a 41% do que foi queimado na Amazônia entre janeiro e novembro.

Mato Grosso e Tocantins ficaram em segundo e terceiro lugares, com 6,8 milhões e 2,7 milhões de hectares, respectivamente. Juntos, esses três estados totalizaram 56% da área queimada no período no país.

Os municípios de São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) registraram as maiores áreas queimadas entre janeiro e novembro de 2024, com 1,47 milhão de hectares e 837 mil hectares queimados, respectivamente.

A pesquisadora Vera Arruda avalia que o governo federal deve investir em prevenção por meio de educação e conscientização das comunidades locais, apresentando alternativas sustentáveis e implementando o Manejo Integrado do Fogo.

— Também é fundamental intensificar a fiscalização, com punições rigorosas para o uso ilegal do fogo, e coordenar operações de combate entre diferentes esferas governamentais — pontua.

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