O ambiente que faz mal

Em paralelo ao aumento de nossa exposição a produtos químicos, certas doenças têm tido aumentos diretamente proporcionais

Por


Microplásticos estão presentes em produtos, no ar, na água e alimentos. FreePik

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 20/12/2024 - 21:47

Impacto dos Poluentes na Saúde Infantil: Desafios e Soluções

A exposição a produtos químicos e poluentes afeta a saúde das crianças, contribuindo para doenças como câncer, obesidade e autismo. Agrotóxicos, plásticos e alimentos ultraprocessados estão entre os principais vilões. A poluição do ar e a presença de microplásticos também representam ameaças. O texto promete abordar soluções para esses problemas após o Natal.

A saúde de nossos filhos tem sido cada vez mais impactada pelo mundo moderno, especialmente do seu ambiente. Produtos químicos, partículas invisíveis de plástico, aditivos de alimentos processados, poluição do ar e da água estão presentes em nosso dia a dia e afetam a saúde e o desenvolvimento das crianças. É duro, mas é conhecendo que podemos nos proteger.

Interagimos com cerca de 350 mil produtos químicos, registrados para uso comercial globalmente (eram algumas centenas antes da Segunda Guerra). Mas o número real de substâncias é ainda maior: resíduos industriais, subprodutos da queima de combustíveis e outros. Menos de 1% dessas substâncias foram testadas para segurança humana. Sim, de 99% delas não sabemos os efeitos. E sobre o 1%, as notícias não são boas.

Em paralelo ao aumento de nossa exposição a produtos químicos, certas doenças têm tido aumentos diretamente proporcionais: o câncer em pessoas com menos de 50 anos cresceu 79% entre 1990 e 2019. A fertilidade masculina decresceu 51% em 50 anos. Não é coincidência.

As crianças são mais sensíveis e vulneráveis aos efeitos dessas substâncias, por estarem em desenvolvimento acelerado (e isso inclui o crescimento intrauterino). O impacto é notável, inclusive no aumento significativo de condições como autismo, puberdade precoce, obesidade e câncer infantil.

Alguns exemplos: plásticos usados em embalagens industriais e potes caseiros liberam substâncias como o bisfenol A (BPA), ftalatos e outros, que são desreguladores hormonais. Podem causar problemas no crescimento, no metabolismo, no desenvolvimento sexual e no comportamento. Ftalatos, parabenos e outras substâncias potencialmente nocivas estão presentes também em produtos de limpeza e cosméticos como hidratantes e protetores solares, muito usados na infância. Sem falar no modismo patético de skin care e maquiagem infantil.

A alimentação é um ponto crítico. Vivemos um verdadeiro massacre de agrotóxicos no Brasil. Empresas multinacionais e o agro nada pop envenenam nossas terras, rios e água das cidades com substâncias altamente nocivas, muitas proibidas no mundo todo, usadas em quantidades avassaladoras, bem acima dos níveis permitidos no hemisfério norte. Quem mais sofre são as populações do campo, inclusive os agricultores familiares, atingidos pela pulverização alheia, e muitas vezes de forma proposital e criminosa. Essas populações sofrem com mortalidade precoce por várias causas, além de malformações e autismo em seus filhos.

Os agrotóxicos estão presentes nas frutas, legumes, grãos e verduras, e especialmente nos alimentos ultraprocessados. Estes trazem também diversos outros venenos, como conservantes, corantes, espessantes, adoçantes e outras “cosméticas” usadas para torná-los saborosos e duráveis, que contribuem para problemas como alterações no microbioma, inflamação, obesidade, câncer, diabetes, infarto, depressão e risco de TDAH.

A poluição do ar, com partículas tóxicas emitidas por carros, indústrias e queimadas prejudicam o sistema respiratório, aumentando casos de asma, alergias, riscos de déficits cognitivos, transtornos do desenvolvimento e baixa imunidade.

Os micro e nanoplásticos são um problema descoberto há pouco tempo. Eles chegam ao nosso organismo vindos de embalagens descartáveis, roupas sintéticas e produtos de beleza. Se acumulam em todos os órgãos, e inclusive no leite materno e na placenta. Não se sabe ainda ao certo, mas é provável que contribuam para um grande número de doenças

Não me odeie, querido leitor, por trazer um tema difícil e mais uma preocupação para pais e mães às vésperas do Natal. Prometo que depois da festa, antes do ano novo, trago aqui possíveis saídas e soluções. E acredite: há muito que podemos fazer. Bom Natal para todos, com muita conexão, risos e abraços.

Mais recente Próxima Uma criança também pode criar e presentear