Marcelo Barreto
PUBLICIDADE
Marcelo Barreto
Informações da coluna

Marcelo Barreto

Por

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 07/12/2024 - 15:14

"Clubes cariocas: Festividades e desafios no futebol do Rio"

Os clubes cariocas estão vivendo uma nova tradição de festividades com desfiles de troféus substituindo a chegada do Papai Noel. O Botafogo renasce após uma transformação para SAF, o Flamengo enfrenta desafios de gestão, o Fluminense oscila entre glória e luta contra o rebaixamento, enquanto o Vasco busca se destacar na complexa dinâmica do futebol carioca. Os presentes de Natal para os torcedores ainda são incertos, mas a emoção e a incerteza fazem parte desse novo cenário no Rio de Janeiro.

Não acredito em futebol carioca. Como conceito, é algo que não se sustenta, porque pressupõe coletividade — algo que, se já é difícil para o carioca, é impossível para o futebol. Mas nem por isso posso fechar os olhos para a sequência de títulos conquistados pelos clubes da muy leal e honrada cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. O fim do ano, no Rio, deixou de ser apenas uma época de calor senegalesco agravado pelo aquecimento global e de turistas que tornam mais lentos o trânsito e as filas dos restaurantes. De 2019 para cá, os desfiles de campeões em carro aberto deram para substituir a chegada de Papai Noel ao Maracanã (se você nasceu neste século, consulte a IA para entender essa comparação). O bom velhinho vinha sempre pelo mesmo motivo, o Natal, e pelo mesmo caminho, trocando as renas por um helicóptero. Já os troféus têm trajetórias muito diferentes até o momento em que são exibidos para milhares de torcedores nas ruas da cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos.

Em 2024, é tempo de Botafogo, como diz o bordão que pegou. A expectativa para hoje é de igualar o ano mágico que o Flamengo teve em 2019, juntando o Brasileiro à Libertadores — depois de sentir um cheirinho muito forte de título na temporada anterior. Mas as coincidências param por aí. Um rival não seguiu o caminho do outro, precisou encontrar o seu. Com o clube em situação pré-falimentar, a diretoria alvinegra conseguiu conduzir um processo rápido e eficiente de transformação em SAF, e em apenas três anos chegou o primeiro presentão do Papai Textor. Tudo ainda é muito novo nesse mundo para adivinharmos se o nível de investimento vai ser mantido, mas a estrutura profissional montada no departamento de futebol parece ter vindo para ficar.

O sucesso do Flamengo começou bem antes, com o choque de gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Em seu primeiro mandato, o sucessor e opositor Rodolfo Landim se valeu do poderio financeiro recém-adquirido para conquistar títulos importantes; mas no segundo viu Fluminense e Botafogo conquistarem a Libertadores, em duas temporadas nas quais, em meio a incessantes trocas de técnicos, a Copa do Brasil foi a única aquisição relevante à sala de troféus rubro-negra. Amanhã, o projeto de Landim, que quer eleger seu candidato para se tornar CEO, será posto à prova diante dos sócios — porque no universo dos clubes associativos é preciso reconfirmar, a cada três Natais, se os presentes estão agradando.

O Fluminense é o caso mais intrigante. O time que foi montado para conquistar a Libertadores de 2023 era uma mistura de garotos de Xerém, oportunidades de mercado e o retorno afetivo de Marcelo, sob a batuta do dinizismo. Tudo isso deu errado na temporada seguinte, e ainda foi preciso vender Nino e André por um preço abaixo do mercado para tentar compensar o esforço de mantê-los na campanha vitoriosa. Agora, é difícil escapar do questionamento: a luta contra o rebaixamento é consequência direta da glória eterna? A resposta é tão complexa quando imaginar o mesmo clube no Mundial e na Série B em 2025.

E, finalmente, há o Vasco, no papel de exceção que confirma a regra. A chance de se tornar o quarto carioca seguido campeão da Libertadores já não existe. E o torcedor terá razão se desconfiar que o presente que está para chegar é de grego. Na dúvida, é hora de montar a árvore, escrever a cartinha e pendurar a meia.

Mais recente Próxima Também para o bem, há coisas que só acontecem ao Botafogo