Sem muitas surpresas, o Palmeiras já sabe que terá uma pedreira no caminho rumo ao sonho do título do Mundial de Clubes. O alviverde vai a campo contra o Chelsea neste sábado, às 13h30, já pensando em formas de derrubar um dos principais clubes do mundo, tarefa que foi realizada com sucesso apenas pelos rivais São Paulo (contra o Liverpool) e Corinthians (Chelsea), mais o Internacional (Barcelona), neste formato — vitórias por 1 a 0 em todas as oportunidades. É o sétimo confronto entre um brasileiro e um europeu na final desde 2005.
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Nervosismo, concentração, arsenal tático e até a sorte podem ser fatores decisivos na partida. Mas ter um goleiro inspirado, um homem surpresa numa jogada decisiva e ser cirúrgico na posse de bola foram algumas situações caracterizaram as conquistas brasileiras — e outros clubes que chegaram a complicar a vida dos europeus.
— É David contra Golias. Nunca vendi ilusões a ninguém — resumiu Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, após a vitória sobre o Al Ahly.
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O GLOBO relembra alguns dos principais pontos destas partidas, numa espécie de guia na árdua tentativa de derrubar um gigante.
Fazer mais com menos posse
O detalhe previsível, mas que chama a atenção nas três conquistas brasileiras é o domínio na posse de bola por parte dos europeus. O mais perto que chegou de reverter o domínio nesse cenário foi o São Paulo, que teve 47% do tempo de bola rolando contra o Liverpool. É preciso ser dinâmico e criar chances nas poucas oportunidades que se tem.
Em 2012, o Corinthians de Tite fez bem a lição contra o próprio Chelsea. Sem a bola desde o primeiro tempo (foi ao intervalo com 43%), o rival palmeirense finalizou cinco vezes só no primeiro tempo, equilibrando um momento da partida em que os ingleses estavam melhores. Na segunda etapa, deslanchou, deslanchou.
Goleiros em alta
Se o chavão do futebol diz que "um bom time começa por um bom goleiro", numa partida com disparidade de forças como uma final do Mundial, isso é quase uma regra. Em 2005, o São Paulo viu uma histórica atuação de Rogério Ceni garantir o zero no placar após o gol de Mineiro ainda no primeiro tempo — com direito a defesa icônica em cobrança de falta de Steven Gerrard.
Nas conquistas de Internacional e Corinthians, Clemer e Cássio fizeram grandes partidas para segurar o placar. O goleiro corintiano se agigantou frente ao sistema ofensivo do Chelsea e salvou o resultado no fim, em chute cara a cara de Fernando Torres. Na conquista colorada, Clemer foi providencial em lances de Deco e Iniesta já no fim do jogo.
Elemento surpresa
Prováveis ou não, vitórias brasileiras no Mundial têm heróis. O mais marcante deles é Adriano Gabiru, do Internacional. O reserva colorado apareceu como opção para Iarley em rápido contra-ataque e mandou para as redes do Barcelona já aos 35 do segundo tempo.
A aparição do meia-atacante em velocidade na grande área, quase como um centroavante, foi situação parecida com a que marcou o título do São Paulo. Naquela partida, foi Mineiro quem apareceu em velocidade na área para dominar belo passe de Aloísio e abrir o placar.
Poucas mudanças
Apesar das diferenças de propostas, com linhas mais baixas e esperando o erro do adversário, os brasileiros campeões fizeram poucas ou nenhum alteração estrutural em suas equipes. O São Paulo, por exemplo, seguiu atuando com os três zagueiros com os quais venceu a Libertadores (Edcarlos substituiu Alex), enquanto o Internacional não abriu mão de ter três atacantes.
O Corinthians também apostou em um trio na frente, com Jorge Henrique, Sheik e Guerrero — que vinha ganhando espaço como titular desde o fim do Brasileiro daquele ano.
Atenção aos últimos minutos
O fim da partida pode mudar tudo, para o bem ou para o mal. O gol de Gabiru contra o Barça aconteceu já nos dez minutos finais do tempo regulamentar, enquanto o de Guerrero foi marcado aos 24 do segundo tempo. Em todas as três finais, os brasileiros levaram pressão nos últimos minutos, mas viram o final feliz.
Não foi o caso, por exemplo, do Estudiantes. Em 2009, os argentinos chegaram perto de um feito histórico, ao quase vencer o Barcelona de Messi (ganhava por 1 a 0, gol de Boselli), não fosse o gol de empate de Pedro no penúltimo minuto do tempo regulamentar, aproveitando passe de cabeça de Piqué. Na prorrogação, o próprio Messi marcou o gol da vitória e encerrou o sonho em La Plata.