Informações da coluna
Carlos Eduardo Mansur
Filipe Luís mostra face estrategista em início como técnico do Flamengo
Em pouco tempo, treinador se viu confrontado com jogos decisivos e com a necessidade de tomar decisões que se provariam cruciais, como contra Atlético-MG e Corinthians
RESUMO
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GERADO EM: 04/11/2024 - 23:04
Filipe Luís brilha no Flamengo; Marcelo deixa Fluminense; Botafogo encara desafios na Libertadores.
Em início como técnico do Flamengo, Filipe Luís mostra versatilidade e estratégias adaptadas em jogos decisivos. Com confrontos contra Atlético-MG e Corinthians, o treinador se destaca por decisões cruciais, como mudanças táticas e aproveitamento de jogadores-chave. Enquanto isso, Marcelo encerra ciclo no Fluminense, evidenciando desgaste nas relações. Já o Botafogo encara desafios físicos e mentais após avançar na Libertadores.
Sempre que um jogador de futebol conhecido pela capacidade de compreender o jogo e de se expressar sobre ele decide fazer a transição para a área técnica, é tentador traçar perfis sobre que tipo de treinador estamos vendo nascer. Se os 20 anos de carreira foram mais do que suficientes para que conhecêssemos o lateral Filipe Luís, sete jogos são uma amostragem curta demais para dizer o mesmo sobre o técnico. Mas o início de jornada tem um aspecto fascinante: a versatilidade, as estratégias adaptadas a diferentes cenários e adversários. Em pouco tempo, Filipe se viu confrontado com jogos decisivos e com a necessidade de tomar decisões que se provariam cruciais.
Nos dois primeiros jogos à frente do rubro-negro, o que se viu foi um Flamengo disposto a ocupar o campo adversário, colocar cinco homens — por vezes seis — na linha de ataque, empurrar seus rivais para trás. Tudo começava com uma linha defensiva adiantada, jogando no limite do risco. E, a partir daí, o time se instalava no campo de ataque e buscava construir espaços.
Não é possível dizer que a derrota para o Fluminense, time que soube explorar vulnerabilidades às costas da linha de defesa rubro-negra, alterou as convicções de Filipe Luís. O técnico reafirmou que se manteria fiel às suas crenças, mas logo o futebol apresentaria a ele um cenário atípico: uma semifinal contra o Corinthians, fora de casa, com uma vantagem para defender e um jogador expulso antes dos 30 minutos. Um problema que Filipe resolveu adaptando o plano às necessidades do jogo: abriu mão de um velocista, incluiu um zagueiro para defender melhor a área contra um rival que cruzava com frequência, e apostou em jogadores que controlavam o ritmo, retendo a bola.
A classificação em Itaquera levou o time ao Maracanã, onde um Atlético-MG com características bem específicas foi a chave para outro tipo de adaptação na estratégia. A escalação parecia um sinal. Gérson não seria o meia que parte da ponta direita, mas desta vez atuaria como um segundo homem de meio campo, sua terceira função diferente na curta passagem de Filipe Luís. Nas duas pontas, o Flamengo teria homens de velocidade, casos de Plata e Michael.
O jogo logo deixaria clara a ideia. Contra um time que adota marcações individuais pelo campo todo, por vezes defendendo no mano a mano, Filipe queria um jogo de atração do adversário para, em seguida, atacar em velocidade às costas da defesa mineira. Coube a Léo Ortiz, um zagueiro, ter papel fundamental na armação. No primeiro gol, no lugar de um passe rápido, ele espera. Somente quando Alan Franco, que marcava Gérson individualmente, decide largar o meia para pressioná-lo, é que Ortiz dá o passe para o camisa 8 rubro-negro. Gérson virara o homem livre, o que atrai Junior Alonso, um dos zagueiros do Atlético-MG. A partir daí, estava criado um enorme espaço às costas da pressão do time visitante. Wesley se livra de Arana, rompe em velocidade, e daí se origina o gol de Arrascaeta.
Não foi a única intervenção bem-sucedida de Filipe. Gabigol ganhou papel importante: por vezes, recuava para jogar de costas para o gol, atraindo seu marcador e gerando espaços. Aliás, em muitos momentos era ele próprio quem aproveitava os espaços para realizar algo que é sua especialidade: a infiltração.
No segundo tempo, quando a marcação mineira já criava mais problemas, Arrascaeta sofria fisicamente para conduzir os contragolpes do Flamengo. Filipe chamou Alcaraz, e foi ele quem deu o terceiro gol a Gabriel.
A Copa do Brasil não acabou, mas o ótimo passo que o Flamengo deu no Maracanã tem a assinatura de um jovem treinador que, certamente, está em formação. Mas não parece ter medo de tomar decisões e de se adaptar aos cenários.
Fim do ciclo de Marcelo no Fluminense
Marcelo deixou a sensação de ter algo a dizer, mas por ora preferiu não falar. Enquanto isso, quem vive o dia-a-dia tricolor traçou o cenário de uma relação desgastada com companheiros e comissão técnica. Ficou claro que, se fosse episódio isolado, o desentendimento com Mano Menezes seria contornável. Mas a rescisão do lateral e a firmeza do treinador na coletiva deixaram claro que a discussão teve uma cara de gota d’água.
Não é justo dizer que o retorno de Marcelo ao Fluminense foi um fracasso. Campeão da Libertadores, ofereceu jogadas que deixavam uma certeza: ninguém mais em campo seria capaz de fazer aquilo. Mas, sem bola, sempre obrigou o time a adaptações para lidar com sua dificuldade defensiva ou com sua condição física. Marcelo ainda era um jogador raro tecnicamente, mas já não parecia o atleta disposto a todo tipo de sacrifício para se manter na elite.
Maratona do Botafogo
É desafiador o cenário que o Botafogo enfrenta a partir do clássico de hoje, com o Vasco. Após garantir a vaga na final da Libertadores, o alvinegro começa a lidar com um teste físico e mental. É natural que a espera pela decisão do troféu mais cobiçado do continente crie ansiedade, expectativa e até temor de uma lesão em alguns jogadores. Ao mesmo tempo, cada partida do Brasileirão precisa ser vista como uma final.