Martha Medeiros
PUBLICIDADE
Martha Medeiros
Informações da coluna

Martha Medeiros


RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 20/10/2024 - 09:44

"Renascimento literário: celebração dos livros na Travessa de Ipanema"

A literatura ressurge em meio à era digital, tornando-se essencial para uma vida significativa. Livrarias se multiplicam, autores ganham destaque, e o vínculo entre livro e leitor é valorizado. O comprometimento com a leitura enriquece e transforma, afastando da superficialidade tecnológica. Um convite é feito para o lançamento de uma coletânea de crônicas que celebra a importância dos livros na Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro.

O futuro projetado pela família Jetsons, desenho animado dos anos 1960, previu as casas automatizadas, as chamadas de vídeo e os relógios de pulso inteligentes. Quanto à alimentação por pílulas, acertaram mais ou menos: ainda não ingerimos comprimidos de carne, lasanha, ovo, mas temos nos empanturrado de comprimidos filosóficos e de autoajuda. Grudados no celular, ingerimos microdoses de aprendizado: como treinar os bíceps, meditar em três minutos, lidar com a menopausa, visitar os Lençóis Maranhenses e outras pílulas de bem-viver, para consumo imediato. E engajamos.

Nada disso impede que a vida continue medíocre e as relações, miseráveis. Para incrementar as drágeas de conteúdo digital, só investindo em conteúdo substancial e envolvendo-se de fato com todas as dimensões da existência humana. A reação veio: o livro voltou a ser valorizado. Quem apostou que a literatura desapareceria, perdeu.

Novas livrarias estão sendo abertas pelo mundo, a imprensa tem dado matéria de capa para escritores, as editoras despejam novos títulos, clubes de livro invadem as redes, autores prestigiam as feiras e o número delas se multiplica. Engajamento é um termo atual, mas não sacia: o que queremos, mesmo, é vínculo.

Livro e leitor vivem uma relação a dois como se sonha. Com entrega, escuta e emoção. O livro dá sentido às horas, retribui nossa dedicação, nos resgata da rotina e do tédio, nos leva para outros lugares, desperta sentimentos novos e perturbadores, recompensa o tempo investido. Ao chegar à página final, somos pessoas melhores, e logo abrimos outro livro, para não interromper a viagem pelo alucinante universo da sabedoria — sem algoritmos. É um comprometimento pessoal e sagrado, que nos distancia da vulgaridade das manipulações tecnológicas.

Restaurantes e cafés estão colocando livros em sua decoração. Antigas cabines telefônicas têm virado minibibliotecas. As conexões do livro com o cotidiano se expandem, para lembrar que, absorvidos pelas redes, arriscamos ser reduzidos a anêmicos consumidores de canapés informativos. O conhecimento aprofundado é que nos alimenta — e tira um país da indigência.

Fiz minha parte nestes 30 anos como colunista: publiquei várias crônicas exaltando a literatura, e agora reuni parte delas numa coletânea chamada “Comigo na Livraria”, um convite para descobrir como Ian McEwan, Mario Benedetti, Carla Madeira, Millôr Fernandes, Lionel Shriver, Mario Quintana e Muriel Barbery, entre outros, lapidaram minha visão de vida. O lançamento será dia 24, às 19h, na Travessa de Ipanema, no Rio. Aliás, o livro traz um texto sobre sessões de autógrafos, elas também geram boas histórias. Vá até lá criar a sua comigo.

Mais recente Próxima Era uma vez, duas, três