Confira cinco dicas de como evitar lixo e consumo exacerbado no fim de ano

A Urbam, maior empresa de coleta seletiva de lixo para reciclagem do Rio e Grande Rio, observa um crescimento de até 15% no volume em comparação aos meses anteriores. Reflexos de um maior consumo geral, principalmente no descarte de embalagens, sobras de alimentos e decoração. “Mantemos uma média de 17 mil toneladas de resíduos coletados por mês. Em dezembro, a projeção é de um aumento de mais 2,5 mil toneladas”, destaca Guilherme Almeida, CEO do grupo.

Para tentar reduzir o impacto, que tal quebrar padrões e fazer um Natal mais sustentável? As dicas começam antes mesmo de ir às compras. Levar uma ecobag já diminui uma das sacolas. Só aceite embalagens de papel e papelão. Evite os materiais brilhantes e reluzentes, que não podem ser reciclados.

A ativista climática Giovanna Nader conta que sua angústia com o excesso de consumo e o aumento do descarte está alta. E ela vem sendo mais radical, evitando feiras de compras e shoppings. Bordar retratos, fazer biscoitos e garimpar roupas usadas são seu foco. “Acho que colocar afetos, criar experiências e pensar em como presentear algo é muito mais legal. Recentemente, vi o documentário ‘Buy now — Conspiração consumista’ (Netflix) e fica claro que, todos, mesmos os mais conscientes, estão comprando além do que se precisa. Fim de ano também é tempo de reflexão. Então, vale pensar nisso”, destaca ela, que guarda as embalagens que podem ser reutilizadas. “Eu separo tudo, mas sei que a maior parte, mesmo tendo esse cuidado, vai para os lixões.”

De fato, o Brasil recicla apenas 4% de todo o lixo gerado no país — índice estagnado há uma década. Por outro lado, uma notícia boa: lidera o ranking de países que mais reciclam latinhas de alumínio, com quase 100% do material reaproveitado, graças ao trabalho dos catadores. Guilherme Almeida explica que, na coleta seletiva, papéis plastificados, metalizados, encerados ou com adesivos não podem ser processados pelas máquinas de reciclagem. Resíduos contaminados com produto ou gordura, como papel toalha e guardanapos usados, não podem ser reciclados (esses materiais contaminam o lote). Embalagens de plástico, papel e vidro podem ser reutilizadas, desde que descartadas de forma limpa e separada. Tudo o que for reciclável deve ir em saco plástico transparente.

E os orgânicos? Tudo pode virar terra fértil. De acordo com o Instituto Polis, os materiais orgânicos são quase metade da massa de resíduos sólidos Brasil. Desse total, apenas 0,6% vai para a compostagem. Empresas como Casca e Ciclo Orgânico fazem essa coleta do material e o transformam em adubo por preços acessíveis (ambas oferecem planos com mensalidade média de R$ 55). A chef Tati Lund faz tanto no restaurante quanto em casa. “Ajuda a desafogar os lixões”, ressalta. “Para uma ceia mais sustentável, indico comprar produtos frescos, sem embalagens.”

Dessa vez, a dica é dar um presente para o mundo.

1. Presenteie com experiências: uma peça de teatro, uma viagem, um show ou um passeio geram memórias.

2. Visite brechós e lojas de segunda mão. Há para todos: de crianças a adultos e de brinquedos a peças de decoração. Lembre-se que moda mais sustentável é o que já existe.

3. Prefira ecobags, saquinhos de pano, barbantes, papel. As embalagens sustentáveis não são feitas de plástico nem têm adesivos e que tais.

4. Invista em troca-troca de itens afetivos ou preparados pela família: um amigo-oculto com livros já lidos, uma roupa que está parada no armário, uma peça de decoração que não combina mais com a casa. Ou ainda, prepare biscoitos, granolas e outras delícias.