A Meta aumentou as suas estimativas de gastos para 2024 e suas projeções de vendas para o segundo semestre ficaram abaixo das expectativas dos analistas em Wall Street, levantando mais dúvidas sobre se seus investimentos tecnológicos futuristas eventualmente trarão lucros para os investidores.
A dona do Facebook informou seus resultados financeiros do primeiro trimestre do ano nesta quarta-feira. A Meta gerou uma receita de US$ 36,5 bilhões no período, o que corresponde a cerca de R$ 187,9 bilhões e a um aumento de 27% em relação ao mesmo trimestre no ano anterior. O resultado foi levemente acima das estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg, o mercado esperava uma receita de US$ 36,1 bilhões.
A Meta registrou um lucro líquido de US$ 12,37 bilhões no primeiro trimestre, representando um lucro de US$ 4,71 por ação, mais do que o dobro do lucro de um ano atrás.
Mesmo assim, as ações da empresa chegaram a despencar 11% no after market, com projeções menores para os próximos meses. A empresa anunciou que projeta lucrar de US$ 36,5 bilhões a US$ 39 bilhões com vendas no segundo semestre, ante expectativa de US$ 38,2 bilhões dos analistas.
Ao mesmo tempo, a Meta também aumentou a sua previsão de gastos para o ano e agora projeta despesas de US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões. No início deste ano, a empresa estimava que gastos relacionados a servidores, inteligência artificial e data centers seriam de US$ 30 bilhões a US$ 37 bilhões.
As ações da dona do Facebook acumulavam uma alta de 39% no ano até o momento, sendo negociadas perto das máximas históricas ao longo do último mês, refletindo, em parte, o entusiasmo do mercado com investimentos em inteligência artificial.
A Meta tem investido de forma agressiva em inteligência artificial para competir com outras concorrentes de tecnologia, como a Microsoft e a Alphabet, a dona do Google, o que está impulsionando parte do aumento nas despesas da companhia. A empresa anunciou planos para um novo centro de dados de US$ 800 milhões em janeiro e também está desenvolvendo seus próprios chips para serviços de inteligência artificial. A Meta também está trabalhando em seu grande modelo de linguagem, conhecido como Llama, para alimentar chatbots e outros serviços de IA.
No trimestre anterior, o CEO Mark Zuckerberg anunciou uma recompra de ações de US$ 50 bilhões, além do primeiro dividendo trimestral da empresa, em um esforço para acalmar os investidores frustrados com os gastos agressivos da empresa em tecnologias que ainda não renderam. Zuckerberg tem passado anos investindo dinheiro em esforços para construir o chamado Metaverso.
A Reality Labs, divisão da Meta focada em suas apostas futuristas, registrou um prejuízo de US$ 3,85 bilhões no primeiro trimestre, aproximadamente o mesmo do ano anterior. Essa divisão, que também supervisiona os headsets de realidade virtual e os óculos inteligentes Ray-Ban do Meta, relatou uma perda anual de mais de US$ 16 bilhões em 2023.
A empresa reiterou seus planos de gastos ainda mais agressivos para 2024, dizendo que desembolsará de US$ 96 bilhões a US$ 99 bilhões. Anteriormente, a Meta havia dito que grande parte disso iria para custos de infraestrutura, além de apostas de longo prazo em realidade aumentada e virtual.
Os resultados da Meta vieram no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos Joe Biden sancionou uma lei que obriga a ByteDance, dona do TikTok, a vender o aplicativo ou ser banido no país. A possibilidade da eliminação de uma grande concorrente poderia impulsionar os negócios de publicidade do Meta, já que sua ferramenta de vídeos curtos, Reels, é uma cópia do TikTok.