Rogério Furquim Werneck
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Rogério Furquim Werneck
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Rogério Furquim Werneck


RESUMO

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GERADO EM: 19/12/2024 - 18:49

"Desafios Econômicos Persistem para Lula até 2026"

Em meio a uma crise econômica, Lula enfrenta consequências de suas decisões iniciais no mandato, com alta de juros e descontrole fiscal. Ignorou sinais das urnas e persistiu em políticas equivocadas, levando a um cenário desafiador até as eleições de 2026. A economia enfrenta incertezas pela frente.

Encalacrado como está, em meio a uma crise de confiança da qual não consegue sair, com inflação fora da meta, a economia entravada por taxas reais de juros absurdamente altas e câmbio pressionado, o governo alimentava a fantasia de que o Ano Novo lhe traria uma saída fácil: um Banco Central que, afinal, Lula da Silva e o PT pudessem chamar de seu.

A fantasia esvaiu-se, na semana passada, quando o Banco Central não só elevou a taxa básica de juros em um ponto percentual, como sinalizou duas novas elevações de mesma magnitude no final de janeiro e em meados de março.

Para sua grande consternação, o governo constata agora que deverá chegar ao final do primeiro trimestre de 2025 ainda mais encalacrado do que já está, sem mudança relevante do regime fiscal e com a dinâmica já descontrolada do endividamento público agravada por taxas reais de juros bem mais altas.

Prestes a iniciar a segunda metade do mandato, o presidente se vê às voltas com rápida exacerbação das contradições que advieram de apostas desajuizadas que se permitiu fazer no início desse seu terceiro governo.

Lula recusou-se a tirar as devidas conclusões do desfecho das eleições de 2022. Não deu o devido valor ao fato de que só conseguira vencer a disputa presidencial graças à profunda aversão de parcela substancial do eleitorado de centro a Jair Bolsonaro. Tampouco deu peso à constatação de que, já no primeiro turno, os eleitores haviam escolhido um Congresso marcadamente de centro-direita.

Eram fatos que saltavam aos olhos. E que apontavam para a necessidade de um movimento inequívoco de Lula para o centro do espectro político, no eixo que de fato importava, que era o da condução da política econômica. E, também, para a inevitabilidade da montagem de um governo de coalizão.

Não foi o que ocorreu. Ao arrepio do recado claro das urnas, o presidente insistiu em apostas que se revelariam inteiramente equivocadas. Não estava disposto a montar um governo de coalizão de verdade. Nem a se mover para o centro. Na verdade a política econômica que tinha em mente implicaria se mover no sentido oposto.

Assombrado pelo passado e entregue ao negacionismo, Lula viu seu novo mandato como uma oportunidade para insistir em políticas caras ao PT, certo de que isso redimiria o partido das pechas que lhe foram assacadas na esteira do desastre do terceiro governo petista.

Em contraste com o que anunciaram, em início de mandato, todos os presidentes dos últimos 25 anos, inclusive Dilma Rousseff, Lula deixou logo claro, em 2023, que se permitiria atravessar todo seu terceiro mandato sem se preocupar com a geração de superávits primários compatíveis com a manutenção do endividamento público sob controle. Está colhendo o que plantou.

A geringonça do arcabouço fiscal, com suas regras desconexas e metas pífias de déficit primário quase zero, não passou de espalhafatosa dissimulação da farra fiscal que Lula tinha em mente, que vem redundando em expansão desmesurada do nível de atividade, inflação fora da meta e alarmante descontrole do endividamento público.

E o mais desalentador é que, alheio a tudo isso, o presidente continue a se vangloriar de seu pretenso compromisso com a responsabilidade fiscal.

O que fará o governo em março, quando o Banco Central tiver afinal elevado a Selic a 14,25% e todos os olhos estiverem voltados para a inconsequência da política fiscal? É difícil que faça o que precisa ser feito. Ou mesmo que comece a fazer.

O pacotinho fiscal deste final de ano, anunciado como parte de um combo que inclui a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, já mostrou quão aterrorizados estão o Planalto e o PT com qualquer desgaste com o eleitorado. Mais aterrorizados estarão em março, já a 12 meses da campanha eleitoral de 2026 e com perspectiva de crescimento mais lento da economia.

O mais provável é que o governo se recuse a tirar o pé do acelerador fiscal. E insista em esticar ainda mais a corda da irresponsabilidade fiscal.

Para a economia, a travessia até as eleições não promete ser fácil.

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