Passado o carnaval, chegou a hora de deixar a fantasia de lado e se dedicar à rotina de estudos. Com a prova do Concurso Nacional Unificado (CNU) batendo à porta — no dia 5 de maio —, professores e especialistas procurados pelo GLOBO dão dicas de como se preparar para garantir uma das 6.640 vagas no serviço público federal.
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De resumos de conteúdos a exercícios de fixação e simulados, são muitos os caminhos para chegar ao dia da prova com o conteúdo em dia.
E a concorrência promete ser acirrada. Ao todo, foram 2,65 milhões de inscritos. Destes, 1,1 milhão ainda precisa efetuar o pagamento da taxa de adesão para garantir a participação no Enem dos Concursos. O prazo termina às 23h59 de hoje.
Desde o lançamento dos editais, os cursinhos preparatórios buscaram se adaptar ao modelo do CNU, reorganizando aulas e ajustando o material didático para englobar todos os temas previstos. O conteúdo voltado ao nível superior surpreendeu professores pela ausência de matérias que tradicionalmente fazem parte de concursos.
No bloco voltado às carreiras de nível médio, a principal novidade é a exigência de conhecimentos de realidade brasileira, que envolvem temas como políticas públicas, direitos humanos, diversidade, inclusão e meio ambiente.
— Como o conteúdo programático é radicalmente diferente do que vimos nos concursos na última década, o ideal é ter uma rotina de estudos de modo a passar por todas as matérias ao longo de uma semana. Desta forma, o candidato sempre estará em contato com todo o conteúdo do concurso, o que diminui a chance de ele esquecer alguma matéria à medida que avança nos estudos — explica Victor Dalton, fundador e diretor do Direção Concursos.
Além das provas objetivas, serão aplicadas questões discursivas. Aos de nível superior, a depender do bloco temático escolhido, a avaliação discursiva terá somente uma questão. Metade da nota será voltada à análise do conteúdo, e a outra metade, ao correto uso da língua portuguesa.
Teoria e prática
Conforme as semanas passam e a prova se aproxima, o tempo de estudo deve ser dedicado mais à resolução de questões do que à teoria, aponta o diretor e professor da Central de Concursos, Gabriel Henrique Pinto:
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— Sugiro que, faltando cerca de 45 dias para as provas, os candidatos passem a realizar, se possível toda semana, um simulado. Além de ser uma forma de mensurar os conhecimentos sobre as disciplinas que serão cobradas, ele estará treinando gestão de tempo (para responder às questões e preencher o cartão-resposta no prazo) e se preparando psicologicamente para tudo que envolve o dia do concurso.
O professor indica manter em dia a revisão nos conteúdos por meio de exercícios de fixação e leitura de resumos:
— Mas não basta só ler a teoria, é fundamental praticar. É indispensável realizar exercícios de fixação e, sobretudo, provas anteriores da Cesgranrio, que é a organizadora do concurso.
O modelo de seleção do Concurso Nacional Unificado permite que os participantes concorram a mais de um cargo dentro de uma área. As vagas foram divididas em oito blocos, sendo sete destinados a cargos de nível superior e um para nível médio.
Cada um desses blocos terá cinco eixos temáticos. Cada órgão definiu pesos diferentes para cada eixo temático. Ou seja, mesmo para vagas agrupadas em um mesmo bloco, os conteúdos cobrados terão pesos diferentes, dependendo do cargo selecionado.
Victor Tanaka, especialista em Concursos Públicos do Estratégia Concursos, sugere trabalhar muito a atenção nas matérias que são inéditas e nos conteúdos que o aluno nunca viu e que têm um peso maior:
— A tendência é que a banca acabe repetindo formas de cobrança de conteúdos prévios, nem que seja a maneira interpretativa da questão. Então, é fundamental a resolução de questões anteriores da banca Cesgranrio. E, ao mesmo tempo, aliar com revisões periódicas. Na reta final, recomendo revisão semanal ou por blocos.
Atenção ao corpo e à mente
Outro aspecto importante para a reta final da preparação do CNU é o cuidado com a saúde mental. A psicóloga Fabiola Araujo, que se dedica à saúde mental de concurseiros desde 2009, explica que a organização é essencial para que o candidato mantenha a calma e tenha uma melhor preparação.
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Local e as horas de estudo, cronograma de matérias e alinhamento de expectativas são pontos que precisam estar definidos na rotina do concurseiro, segundo a especialista:
— O candidato que não tem o hábito de definir esses pontos antes do início do seu projeto encontrará desafios ainda maiores na sua trajetória.
Em sua visão, a realização de simulados pode auxiliar no controle da ansiedade durante a prova, já que “quanto maior o conhecimento da dinâmica envolvida, menor a chance desse processo ser ansiogênico”.
Fabiola destaca que o candidato deve ficar atento ainda aos cuidados com o corpo, priorizando noites de sono de qualidade, alimentação balanceada e prática de atividades físicas:
— A ansiedade diante de uma fase avaliativa é normal, entender como seu corpo reage frente a esse desafio é fundamental para não se desesperar.
Para a psicóloga Thaís Liberador, o equilíbrio entre os estudos e a vida pessoal é fundamental para evitar o estresse relacionado ao concurso. E lembra que a comparação de seus hábitos de estudo com os de outros concurseiros pode ser prejudicial. (*Estagiária, sob supervisão de Luciana Rodrigues)