Caminhoneiros declaram greve contra 'ganância' da Amazon nos EUA em meio a entregas de Natal
Entidade que representa cerca de 10 mil trabalhadores ligados à empresa em dez instalações no país americano reivindica salários mais justos; paralisação não afeta logística de entregas no Brasil
RESUMO
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GERADO EM: 19/12/2024 - 10:43
Caminhoneiros dos EUA em greve contra Amazon
Milhares de caminhoneiros nos EUA entram em greve contra a Amazon por salários justos, sem afetar entregas no Brasil. Conflito com sindicato, apesar do lucro da empresa. Situação ocorre durante alta demanda de Natal. Investidores não parecem preocupados.
Milhares de trabalhadores que prestam serviço para Amazon, organizados pelo sindicato dos caminhoneiros, entraram em greve na manhã desta quinta-feira nos Estados Unidos. A Amazon Teamsters, divisão representante dos funcionários que prestam serviço à empresa, anunciou a paralisação nas atividades em sete instalações: em Skokie, Illinois, Nova York, Atlanta, São Francisco e Califórnia.
Profissionais em outras instalações do país estariam se preparando para se juntarem ao ato, de acordo com a nota. A paralisação está restrita ao país americano e não irá impactar as entregas em território brasileiro, comunica a empresa ao GLOBO por meio de nota.
O ato é considerado a "maior greve" contra a empresa de "um trilhão de dólares na história americana, declara o sindicato, após a "repetida recusa da empresa em seguir a lei e negociar".
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“Se seu pacote atrasar durante os feriados, você pode culpar a ganância insaciável da Amazon. Demos à Amazon um prazo claro para vir à mesa e fazer o certo por nossos membros. Eles ignoraram”, disse o presidente geral do Teamsters, Sean M. O'Brien, no comunicado oficial do sindicato.
Embora o Teamsters declare representar cerca de 10 mil pessoas (cerca de 1% da força de trabalho da multinacional) em dez instalações da Amazon nos EUA, a empresa não reconhece a filiação dos trabalhadores ao sindicato.
A Amazon diz que o Teamsters está "intencionalmente [enganando] o público" porque eles não representam os funcionários e motoristas da Amazon, disse a porta-voz da empresa, Kelly Nantel, em uma declaração à Fox Business.
A empresa emprega mais de 1,5 milhão de pessoas globalmente, mas passou por alguns conflitos internos com prestadores de serviço de todo o mundo por conta dos salários e ambiente laboral.
Assim como a greve internacional de trabalhadores em mais de 20 países em meio ao Black Friday, este ato ocorre próximo ao feriado de natal, que intensifica a demanda de entregas e evidencia questões críticas sobre as condições dos trabalhadores.
Apesar da greve, as ações da empresa foram negociadas ligeiramente em alta nas horas de pré-mercado, indicando que os investidores não preveem uma grande interrupção devido à greve.
A Amazon teve lucro de mais de US$ 30 bi (R$ 4.7 trilhão) em 2023, deixando para trás prejuízo do ano anterior.
Procurada pelo GLOBO, a Amazon Brasil afirmou em nota que "as operações para o fim de ano no Brasil estão acontecendo dentro do planejado" e que esta greve "não abala o mercado brasileiro".
US$ 145 mil em multas
Em outro revés, a empresa terá que pagar US$ 145.000 em multas como parte de um acordo com reguladores federais de segurança no trabalho, relacionado a supostas condições inseguras em vários de seus armazéns e instalações logísticas nos EUA.
O acordo exige que a Amazon avalie os riscos ergonômicos em todas as suas instalações e realize atualizações anuais para melhorar a segurança, conforme os termos anunciados pela Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA).
Após inspecionar 10 locais de trabalho da Amazon desde 2022, a agência alegou que os trabalhadores estavam expostos a lesões nas costas e outros problemas de saúde. O acordo será aplicado a todas as instalações da Amazon em todo o país, o que significa que protegerá centenas de milhares de trabalhadores, afirmaram os representantes da OSHA.
"Acordos de abrangência corporativa podem ser uma ferramenta crucial para proteger os trabalhadores de violações de saúde e segurança, pois protegem o maior número de trabalhadores e podem incentivar as empresas a resolver problemas subjacentes", disse Seema Nanda, advogada do Departamento de Trabalho, que representou o governo.
"Este acordo exige que a Amazon tome medidas no nível corporativo para garantir que os requisitos ergonômicos corporativos sejam implementados de forma eficaz em seus armazéns em todo o país."
Em uma publicação em seu blog, a Amazon afirmou que o acordo "reconhece nosso progresso e observa que devemos continuar implementando e seguindo nossas políticas e procedimentos abrangentes de ergonomia existentes".
As condições de trabalho nas instalações da Amazon têm sido alvo de escrutínio de várias agências governamentais, tanto em nível federal quanto estadual. Na segunda-feira, um relatório do Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado afirmou que o gigante do comércio eletrônico aceitava "lesões em seus trabalhadores como o custo de fazer negócios". A Amazon discordou das conclusões do relatório.