Beijo no pescoço, cena gratuita de sexo: documento mostra queixas de Blake Lively contra Justin Baldoni
Atriz denunciou o ator e diretor do filme 'É assim que acaba' por assédio
RESUMO
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GERADO EM: 23/12/2024 - 16:14
Blake Lively acusa Justin Baldoni de assédio em filmagem de "É assim que acaba"
Blake Lively denuncia Justin Baldoni por assédio durante as filmagens de "É assim que acaba". Queixa inclui intimidade física não ensaiada, comentários impróprios e nudez forçada. Baldoni inseriu cenas de sexo não previstas e destacou violência doméstica na divulgação do filme, indo contra contrato. Alegações detalham má conduta e manipulação social.
O jornal "The New York Times" divulgou nesta segunda-feira a íntegra da queixa judicial de Blake Lively contra o Justin Baldoni e Wayfarer Studios, os três envolvidos no filme "É assim que acaba". A atriz alega ter sofrido assédio sexual por parte de Baldoni e Jamey Heath, CEO da Wayfarer, durante as filmagens do longa-metragem, e ter sido alvo de uma campanha de retaliação e difamação por parte de ambos durante a divulgação do filme.
Confira abaixo as principais queixas de Blake Lively apresentada ao Departamento de Direitos Civis da Califórnia.
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Violação de protocolos em cenas íntimas
Segundo a queixa, o estúdio produtor do filme não aderiu às regras do sindicato que protegem os atores em cenas íntimas e de nudez. "Sem essas proteções em vigor, o Sr. Baldoni improvisou uma intimidade física que não havia sido ensaiada, coreografada ou discutida com a Sra. Lively, sem a participação de um coordenador de intimidade", diz o documento, que continua. "Por exemplo, o Sr. Baldoni mordeu e sugou discretamente o lábio inferior da Sra. Lively durante uma cena em que improvisou inúmeros beijos em cada tomada. O Sr. Baldoni insistiu em gravar a cena completa repetidamente, muito além do que seria necessário em um set comum, sem aviso prévio ou consentimento."
Comentários impróprios
Numa cena de dança, o ator (que também dirige o filme) fez comentários impróprios fora do personagem. Relata o documento:
"O Sr. Baldoni optou por deixar a câmera rodando e realizar a cena, mas não interpretou seu personagem, Ryle; em vez disso, falou com a Sra. Lively fora do personagem, como ele mesmo. Em determinado momento, ele se inclinou para a frente e deslizou lentamente os lábios de sua orelha até o pescoço, dizendo: “cheira tão bem.” Nada disso fazia remotamente parte do personagem, nem era baseado em qualquer diálogo do roteiro, e nada precisava ser dito, pois, novamente, não havia som. O Sr. Baldoni estava acariciando a Sra. Lively com a boca de uma maneira que não tinha qualquer relação com seus papéis. Quando a Sra. Lively posteriormente se opôs a esse comportamento, a resposta do Sr. Baldoni foi: “Eu nem sou atraído por você.”
Nudez desnecessária
O filme tem uma cena de parto em que Blake foi obrigada "a simular nudez total", sem isso estar descrito no roteiro ou ter sido previamente combinado, e teve o corpo exposto á equipe sem necessidade.
"O Sr. Baldoni insistiu com a Sra. Lively que mulheres dão à luz nuas e afirmou que sua esposa havia 'arrancado as roupas' durante o parto", diz a queixa. "Ele alegou que não era 'normal' que mulheres permanecessem com suas roupas hospitalares durante o parto. A Sra. Lively discordou, mas se sentiu forçada ao compromisso de ficar nua da cintura para baixo."
Blake relata que, quando a cena foi filmada, "o set estava caótico, lotado e completamente desprovido das proteções padrão da indústria para gravação de cenas de nudez— como coreografar a cena com um coordenador de intimidade, ter um contrato de nudez assinado ou simplesmente desligar os monitores para que a cena não fosse transmitida para toda a equipe no set (e em seus telefones pessoais e iPads)."
Tanto Heath quanto Baldoni, como principal produtor e diretor, respectivamente, não fecharam o set para impedir entra e sai de pessoas não-essenciais "enquanto a Sra. Lively estava quase nua, com as pernas abertas em estribos e apenas um pequeno pedaço de tecido cobrindo sua genitália. Entre as pessoas não essenciais presentes naquele dia estava o co-presidente da Wayfarer, Sr. Sarowitz, que fez uma de suas poucas visitas ao set."
Vídeo de nudez
Jamey Heath, CEO da Wayfarer, mostrou vídeos de sua esposa dando à luz e também de outras mulheres nuas a Blake e a outras mulheres da equipe do filme sem o consentimento delas.
"A Sra. Lively ficou alarmada e perguntou ao Sr. Heath se a esposa dele sabia que ele estava compartilhando o vídeo, ao que ele respondeu: 'Ela não é esquisita com essas coisas', como se a Sra. Lively fosse estranha por não aceitar isso", relata. "A Sra. Lively e sua assistente se retiraram, chocadas pelo fato de o Sr. Heath ter mostrado a elas um vídeo de nudez."
Cenas de sexo gratuitas
Baldoni, como diretor do filme, quis colocar cenas de sexo que não estavam no livro que inspirou o longa, nem no roteiro original. Uma delas foi uma cena que tinha um close no rosto de Lily (personagem de Blake) e um gemido alto.
"A Sra. Lively foi informada de que, quando essa cena foi gravada, após o Sr. Baldoni dizer 'corta', ele se aproximou dos atores e disse: 'Eu sei que não deveria dizer isso, mas foi 'quente' e 'vocês dois praticaram isso antes?'", diz o relatório.
Comentários sobre o corpo de Blake
Baldoni ligou para o personal trainer da atriz, sem ela saber, para conversar com ele sobre o peso dela. Ela estava preocupado com uma cena em que teria que carregá-la no colo — algo que não havia no roteiro. Isso aconteceu menos de quatro meses depois de ela dar à luz o quarto filho.
"Quando a Sra. Lively contraiu faringite estreptocócica, o Sr. Baldoni ofereceu, como um 'presente', conectá-la a uma especialista que ele mantinha contratada para ajudá-la com probióticos e no combate à doença", diz a denúncia. "Quando a Sra. Lively foi preencher os formulários de privacidade, descobriu que a especialista não era quem o Sr. Baldoni havia descrito, mas sim uma especialista em perda de peso. A Sra. Lively sentiu, mais uma vez, que o Sr. Baldoni estava envergonhando-a por seu corpo e peso."
Mais da denúncia
Em janeiro deste ano, foi realizada uma reunião para tratar das alegações de Lively e das exigências dela para retornar ao trabalho no filme após o fim das greves de atores e roteiristas. O marido de Lively, Ryan Reynolds, teria participado da reunião. No encontro, ela falou sobre todas as situações listadas e exigiu a presença de um coordenador de intimidade 100% do tempo nos estúdios e também um produtor independente. A Sony Pictures, distribuidora do filme, e o Wayfarer Studios teriam aprovado os pedidos de Lively, mas a denúncia alega que ator posteriormente recorreu a “manipulação social” e lançou uma campanha para “destruir” a reputação da atriz ao contratar uma empresa de relações-pública para este fim. Em reportagem publicada no último sábado, o "The New York Times" detalha como funcionou o que chamou de "máquina de difamação de Hollywood".
A divulgação do filme
Adaptação cinematográfica do best-seller de Colleen Hoover, o filme foi um sucesso de bilheteria, mas um caos de divulgação. Para entender o que aconteceu nos bastidores, é preciso ter em mente a história do filme: Lily Bloom (Blake) é uma mulher que começa uma nova vida em Boston, abrindo uma floricultura. Lá, conhece o charmoso neurocirurgião Ryle (Baldoni), com quem começa um relacionamento. Mas o namoro começa a trazer à tona traumas do relacionamento dos pais dela.
Um dos principais temas do filme é violência doméstica e essa abordagem entrou em disputa nos planos de divulgação. Segundo a denúncia de Blake, foi acordado contratualmente que o elenco do filme o promoveria com foco “mais na força e resiliência de Lily, em vez de descrever o filme como uma história sobre violência doméstica.” Eles também deveriam “evitar falar sobre o filme de maneira que o fizesse parecer triste ou pesado —é uma história de esperança.”
No entanto, Baldoni não cumpriu essa obrigação e passou a destacar os aspectos mais sérios da história a partir da violência doméstica. De acordo com os documentos obtidos pela "Hollywood Reporter", o ator e sua equipe fizeram isso para justificar o fato de muitos membros do elenco e da equipe do filme terem deixado de segui-lo nas redes sociais e se recusarem a aparecer com ele em público. “Nesse sentido, ele e sua equipe usaram ‘conteúdo de sobreviventes de violência doméstica’ para proteger sua imagem pública,” afirma a denúncia.
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