Bienal de Veneza terá primeira curadora africana; Koyo Kouoh vai dirigir exposição em 2026
Ela vai suceder o brasileiro Adriano Pedrosa, curador da edição 2024 do evento
Por O GLOBO — Rio de Janeiro
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GERADO EM: 03/12/2024 - 18:51
Curadora africana liderará Bienal de Veneza
Koyo Kouoh será a primeira curadora africana da Bienal de Veneza em 2026, sucedendo Adriano Pedrosa. Sua nomeação surpreendeu o mundo da arte, trazendo uma visão progressista em contraste com temores de uma guinada nacionalista. Kouoh promete uma exposição significativa e aberta a novas perspectivas.
Pela primeira vez uma mulher nascida em um país africano será curadora da Bienal de Arte de Veneza. A camaronesa Koyo Kouoh será a responsável pela 61ª edição da célebre exposição de arte contemporânea, que será realizada na cidade italiana entre abril e novembro de 2026.
Antes de Kouoh apenas uma pessoa de origem africana havia sido curador da Bienal de Veneza, o nigeriano Okwui Enwezor, que ocupou o posto em 2015.
Kouoh, de 57 anos, é desde 2019 a diretora executiva do Zeitz Museum of Contemporary Art Africa (MOCAA), na Cidade do Cabo, África do Sul, que abriga a maior coleção de arte contemporânea do continente. Ela fundou e dirigiu a Raw Material Company, um centro de arte em Dacar, Senegal.
"É uma honra e um privilégio únicos seguir os passos de predecessores ilustres no papel de Diretor Artístico e compor uma exposição que espero que tenha significado para o mundo em que vivemos atualmente, e, mais importante, para o mundo que queremos construir. Artistas são os visionários e cientistas sociais que nos permitem refletir e projetar de maneiras que só essa linha de trabalho possibilita", disse Kouoh ao ser apresentada.
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A nova curadora vai substituir o brasileiro Adriano Pedrosa, curador da Bienal de Veneza em 2024. Com o tema "Estrangeiros por toda parte", a exposição pensada por Pedrosa teve recepção mista: foi aplaudida por quem achou que desafiava o cânone ocidental e criticada por quem a considerou moralista.
A nomeação de Koyo Kouoh surpreendeu o mundo da arte, que esperava um curador de perfil conservador após a chegada ao poder da primeira-ministra Georgia Meloni, de extrema-direita. Pietrangelo Buttafuoco, presidente da Bienal desde novembro é apoiador declarado de Meloni, e temia-se que desse uma guinada nacionalista à exposição, deixando de lado a crítica ao eurocentrismo e a abertura para vozes do Sul Global que marcaram as últimas edições.
"A nomeação de Koyo Kouoh como diretora do setor de Artes Visuais é o reconhecimento de um amplo horizonte de visão no amanhecer de um dia profuso com novas palavras e olhares. Sua perspectiva como curadora, acadêmica e figura pública influente se encontra com as inteligências mais refinadas, jovens e disruptivas. Com ela aqui em Veneza, a Bienal confirma o que tem oferecido ao mundo por mais de um século: ser a casa do futuro", disse Buttafuoco sobre a nova curadora.
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