Cultura
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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 26/11/2024 - 20:32

Documentário de Belo: Vida, Música e Superação

O documentário "Belo, perto demais da luz" retrata a vida turbulenta do cantor, desde a fama no pagode até problemas com a lei e relacionamentos. Belo destaca sua conexão emocional com a música e sua trajetória de superação, mostrando como a arte o salvou de momentos difíceis.

Do outro lado da linha, não tem engano: a voz (“com lágrima”, como definiu o ex-diretor artístico da gravadora EMI João Augusto) é de Marcelo Pires, de 50 anos, o Belo. Um dos maiores astros do pagode e da música romântica no Brasil, cuja gloriosa mas acidentada trajetória de vida é contada em “Belo, perto demais da luz”, série de quatro capítulos que estará disponível a partir de amanhã no Globoplay.

— Eu não sou um produto. Quer dizer, sou, mas apesar de ser um produto também, porque a gente vive comercialmente disso, sou um ser humano. Até admiro as pessoas que conseguem entrar no palco e deixar os problemas de lado. Eu sou o que sou, não tenho máscara — conta Belo, que na série não desviou de falar de casamentos desfeitos e nem da prisão por associação ao tráfico de drogas, no começo dos anos 2000. — O meu povo sempre esteve comigo, ele sempre me salvou. Naquele momento da prisão, eu tinha seis músicas entre as dez mais tocadas do país!

Hoje, o cantor só tem a comemorar. Depois de uma bem-sucedida turnê com seu antigo grupo, o Soweto, ele está em produções de TV (como ator na série “Arcanjo renegado” e na nova temporada de “Veronika”, ambas também do Globoplay, e como jurado no próximo “The Masked Singer”, da TV Globo), no cinema (em “Caindo na real”), nas águas (mês que vem, no cruzeiro Belo em Alto Mar, com Thiaguinho, Ludmilla, Ferrugem e todo mundo que é alguém no pagode) e em muitos palcos (no dia 1º, ele canta na Arena Jockey, na Zona Sul do Rio, com o grupo Pixote).

— Quero trabalhar, troquei toda essa minha tristeza de separação (da ex-dançarina Gracyanne Barbosa) pelo trabalho. Não tenho dormido. Saio do show, vou gravar. Saio da gravação, vou para o cinema. Saio do cinema, vou para série. Estou vivendo como se tivesse 16 anos de idade!

Leia abaixo os principais trechos da entrevista

Belo é tema de série em quatro episódios do Globoplay — Foto: Divulgação
Belo é tema de série em quatro episódios do Globoplay — Foto: Divulgação

Série no Globoplay

“Muitas vezes, me sinto um cara muito privilegiado por Deus, de ter passado por tanta coisa na minha vida e a música sempre ter me salvado. A música me tirou da comunidade, me tirou da periferia, onde meu pai era pedreiro e minha mãe, costureira analfabeta. A música me transformou no cara que eu sou. Então, acho que a luz sempre esteve muito, muito, muito, perto. Eu amei o título da série porque ele tem vários significados. A luz... ela também atrai muito as pessoas que estão na escuridão. Tem até uma história bonita daquele inseto com a bundinha que acende. Como é o nome? Vaga-lume! A cobra mata e come o vaga-lume só porque ela tinha inveja do tanto de luz que ele emanava à noite. Esse título tem muito a ver com tudo que passei na minha história, porque eu sempre acho a luz. Mas a luz também fez com que a escuridão estivesse sempre perto de mim. As trevas precisam de luz.”

Início com o Soweto

“A gente chegava à rádio com o disco debaixo do braço e falava: ‘Pô, dá uma ouvida no nosso disco!’ E aí a gente quando olhava na mesa tinha mais de 300 discos, a gente ficava jogando o LP mais para cima, tentava botar encaixado, para de repente o cara ver. Aí passava uma semana, a gente voltava lá a pé ou de ônibus, porque não tinha dinheiro para pegar táxi, e ficava esperando: ‘Pô, será que ele ouviu minha música?’ A gente não tinha incentivo de ninguém, não tinha empresário, era muito difícil ser artista. Hoje você tem selfie, a fotografia é diferente do que era, a televisão é outra, tem os streamings... Não estou falando que hoje seja fácil ser artista, mas hoje as coisas são mais simples, você consegue fazer um disco de dentro da tua casa e lançar o artista. Eu cantava em fita de rolo e só podia fazer a voz uma vez!”

Salto para a carreira solo

“De 1999 para 2000, fui o primeiro artista de um grupo de pagode a sair em carreira solo, sou um precursor desse movimento. Todos os outros artistas vieram depois de mim. Alexandre Pires, Chrigor, Péricles, Thiaguinho, todos eles vieram depois que eu fui para minha carreira solo. Quando saí do Soweto, ninguém acreditava em mim, ninguém queria que isso acontecesse. Diziam que era muito difícil, que não ia acontecer nada, que eu só era bom dentro do grupo. Passei por muitas dificuldades! Mas depois todo mundo falou: ‘Caraca, o cara botou duas músicas na novela, vendeu três milhões de cópias do primeiro disco dele, que loucura, o cara explodiu!’ Aí começa: Salgadinho sai do Katinguelê, Chrigor sai do Exaltasamba, Netinho sai do Negritude, Alexandre sai do SPC... Foi assim.”

Show de Belo no Rock in Rio 2024 — Foto: Reprodução
Show de Belo no Rock in Rio 2024 — Foto: Reprodução

O pagode venceu

“O samba sempre foi pautado como música de periferia, música de preto, música de favelado. Sempre foi isso. Então o samba sempre foi criminalizado como som de vagabundo, som da galera que não faz nada, que gosta de fazer churrasco, que está na praia ou no boteco bebendo cachaça. Mas a gente foi quebrando essa barreira, foi quebrando essas pedras, e hoje a gente transita em todos os lugares. Hoje você pega um estádio de futebol como o Allianz Parque, e nós colocamos mais pessoas do que qualquer artista internacional que passou por lá. Colocamos 90 mil pessoas em dois dias, com ingressos esgotados em seis horas, abrimos data extra e tudo. Então você vê hoje os projetos de pagode, como o ‘Numanice’ ou o ‘Tardezinha’, que é o maior projeto de música da história do Brasil. E no ‘Tardezinha’ o Thiaguinho canta todos os artistas da época de 1990, para você ver como nós furamos todas as bolhas e fizemos isso.”

Prisão

“Pouco antes do meu documentário, fiz ‘Veronika’, e o José Júnior (produtor, roteirista e fundador do AfroReggae), me deu o personagem de um policial de São Paulo que vem ao Rio para ficar na DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), a mesma divisão que me prendeu em 2000. Ali eu já comecei a viver uma experiência de volta. Graças a Deus, há algum tempo saí das páginas policiais e fui para as páginas artísticas, e o documentário explica como isso aconteceu. Acho que eu estava no lugar errado na hora errada, fui por um caminho que não era para ter ido. Me arrependo muito, mas sei que, se fosse nos dias de hoje, nada disso teria acontecido. Eu era um cara muito novo que estava chegando ao Rio e não conhecia essa cidade. Não foi simplesmente uma prisão, existe uma história atrás de tudo isso que, para mim, foi muito ruim de revisitar. Foi um momento de angústia e tristeza, um momento de sair da minha casa com três carros na garagem, morando superbem, com uma conta bancária extraordinária, sem preocupação nenhuma na vida... De sair do céu para o inferno do dia para a noite. Foram três anos e oito meses vivendo esse inferno, e sempre lutando pela minha absolvição, pela minha inocência.”

Viviane e Gracyanne

“Tenho muita gratidão pela Viviane (Araújo), por tudo que ela fez por mim. Ela passou por um momento muito ruim junto comigo e foi forte, foi guerreira. Respeito o momento que ela está vivendo, respeito ela não ter querido falar (no documentário), está tudo bem. Só que a história tem que ser contada, né? Então é a minha versão que vai ser contada, a versão da verdade. Escolhi vir para o Rio de Janeiro por causa da Viviane e fui muito bem acolhido. Mas depois de nove anos veio a nossa separação. E eu já conhecia a Gracyanne (Barbosa), que veio do Mato Grosso do Sul, a gente já tinha tido um flertezinho quando ela era mais jovem, tipo 15, 16 anos. Fiquei com muito medo, porque sempre fui um cara muito respeitador, mas quando a gente se reencontrou, eu já separado, fiquei apaixonado, uma paixão enlouquecedora. Foram 16 anos de casamento até que a gente começa a viver uma crise e se separa um pouco antes do documentário. Hoje a gente tem uma amizade muito limpa, muito leal. Muito do meu amadurecimento eu devo a ela, que sempre foi parceira em todos os sentidos. Hoje tenho 50 anos, não sou mais menino, não tem mais aquele negócio de ciúmes, loucura, obsessão... Acho que é até por isso que Viviane não fala mais comigo. Mas estou com 50 anos, não há mais tempo para brigas, mazelas e inimizade.”

Gracyanne Barbosa e Belo — Foto: Reprodução
Gracyanne Barbosa e Belo — Foto: Reprodução

‘Lágrima na voz’

“Eu gosto dessa definição porque vivo as minhas músicas intensamente. Quando estou cantando uma música do Altay (Veloso, coautor de “Farol das estrelas”, sucesso do Soweto), ele diz: ‘Cara, eu adoro que o Belo grave minhas músicas porque ele me liga pra saber se realmente essa história existiu.’ O intérprete está muito longe do cantor. O cantor tem técnica, é afinado, sabe de projeção de voz, e o intérprete é o cara que sabe contar uma história através da sua voz. Quando você ouvir ‘não esqueço aquela época da escola’ (verso de ‘Antes de dizer adeus’), você precisa ir lá na época da escola. Eu preciso fazer com que você vá lá, com o seu shortinho, com o seu Conga, com o seu Bamba, e se lembre da época da escola. Preciso que você se lembre de quantas colas você pegou da menina que queria namorar e quantas colas você passou para ela. Eu preciso que você visite esse lugar, essa é a mágica da música. A ‘lágrima na voz’ é essa coisa que você faz uma outra pessoa sentir o que você está sentindo, que faz essa pessoa chorar, se emocionar. Eu preciso viver essa história para que as pessoas, quando me ouvirem em qualquer lugar do mundo, se sintam dentro da música.”

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