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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 01/11/2024 - 12:59

Operação policial apreende joias de MC Poze do Rodo em investigação de sorteios ilegais

MC Poze do Rodo teve suas joias, incluindo um cordão de R$ 2,8 milhões, apreendidas em operação policial. Investigado por sorteios ilegais, o funkeiro acumula riqueza ostentando carros de luxo e joias. A polícia busca documentos que comprovem fraudes nos sorteios realizados por influenciadores digitais, como Poze e sua esposa. A operação "Rifa Limpa" visa desmantelar esquemas ilegais de jogos de azar e lavagem de dinheiro.

MC Poze do Rodo costuma dizer que é "fanático em ouro". Na coleção de joias do funkeiro de 25 anos — alvo de uma investigação sobre jogos de azar ilegais deflagrada, nesta sexta-feira (1º), pela Polícia Civil do Rio de Janeiro —, há peças de dois quilos com valores até R$ 2,8 milhões. Um desses cordões, com ouro 18 quilates, diamantes e referência a Jesus e ao nome do funkeiro, foi usado, inclusive, na apresentação que ele realizou no Rock in Rio, neste ano. Todos esses bens foram detidos por autoridades policiais, após operação de busca e apreensão.

"Meus carros, meus ouros, meu celular, tudo que levaram, porque levaram tudo, e eu não tô nem no bagulho", defendeu-se o artista, por meio de vídeo publicado no Instagram, nesta sexta-feira. A maior parte das joias levada pelos policiais é conhecida do público que acompanha o funkeiro, já que ele costuma ostentá-las, com frequência, em shows e fotografias publicadas nas redes sociais.

O criador do cordão avaliado em R$ 2,8 milhões é Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como o TH Joias, que também atua como deputado estadual no Rio de Janeiro pelo partido MDB. De acordo com o profissional, que costuma produzir joias para diversos funkeiros, rappers e jogadores de futebol, o pingente foi "personalizado de acordo com as preferências" do próprio MC Poze. A customização da joia conta com os nomes tanto do cantor quanto de Jesus.

MC Poze do Rodo mostra cordão de ouro de R$ 2,8 milhões — Foto: Reprodução/Instagram
MC Poze do Rodo mostra cordão de ouro de R$ 2,8 milhões — Foto: Reprodução/Instagram

Mas não são só cordões que Poze ostenta. No fim de 2023, ele viralizou depois de publicar um vídeo na porta de uma concessionária, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital fluminense, e comprar carro de R$ 1 milhão sem camisa e descalço. O músico adquiriu, na ocasião, um BMW X6. O veículo também foi apreendido pela polícia, junto a outros carros de luxo.

O que aconteceu com Poze do Rodo?

Dono de um patrimônio milionário, que inclui dezenas de joias e uma frota de carros de luxo, MC Poze do Rodo se tornou alvo, nesta sexta-feira (1º), da Operação Rifa Limpa, em ação promovida pela Polícia Civil do Rio contra sorteios ilegais realizados nas redes sociais. As investigações buscam esclarecer de onde vem, afinal, a fortuna do funkeiro e da influenciadora digital Vivi Noronha, com quem ele é casado.

Marlon Brandon Coelho Couto Silva, o MC Poze do Rodo, nasceu na Comunidade do Rodo, localizada em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ainda adolescente, ele se envolveu com o tráfico de drogas, experiência que afirma ter largado pela música. Sua realidade e a da comunidade em que cresceu, no entanto, estão presentes nas suas canções, algo que, por vezes, causa controvérsia.

Poze do Rodo estourou em 2019, quando já tinha um cachê de R$ 20 mil por show, o que chegava a somar R$ 240 mil por mês. De lá para cá, ele se manteve entre os funkeiros mais badalados da cena nacional, lançando faixas de sucesso, como "Vida louca", e participando de diversos feats, com nomes como MC Kevin o Chris, DJ Gabriel do Borel, MC Hariel, Xamã e Ferrugem. Em 2022, Poze lançou seu primeiro EP, "O sábio". Neste ano, esteve no line-up do Rock in Rio, com um show lotado.

Em agosto de 2023, quando a Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro, a Funarj, decidiu cancelar um show do artista dentro do projeto "Fim de tarde", foi revelado que seu cachê seria de R$ 40 mil por show.

Bens apreendidos

Polícia faz operação contra esquema ilegal de jogos de azar. Carros apreendidos na cidade da polícia — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Polícia faz operação contra esquema ilegal de jogos de azar. Carros apreendidos na cidade da polícia — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Todos os carros e joias, incluindo os cordões de ouro, foram apreendidos pela polícia nesta manhã. Poze do Rodo se manifestou pelas redes sociais e afirmou que está buscando providências junto a advogados. "Os canas vieram aqui em casa com mandados de busca e apreensão. Eu não fui o indiciado. Não foi sobre mim, foi sobre minha esposa", disse ele, que pontuou que "não faz nada de errado". O artista afirmou ainda que os agentes apreenderam seus pertences. "Meus carros, meus ouros, meu celular, tudo que levaram, porque levaram tudo, e eu não tô nem no bagulho", acrescentou.

Dizendo que "favelado incomoda quando começa a botar bagaça no bolso", o MC compartilhou ainda um vídeo em que assistia na TV às imagens seus automóveis, que foram apreendidos, na Cidade da Polícia. Os carros, que têm nomes, como Sábio Jr. e Menor Mal, "devem estar com saudade do papai", completou Poze.

Por que Poze do Rodo está sendo investigado?

O objetivo da operação, batizada de Rifa Limpa, é apreender documentos que comprovem fraudes nos processos de realização dos sorteios e bens sorteados aos supostos ganhadores. Ao todo, são dez mandados de busca e apreensão a serem cumpridos. MC Poze do Rodo e Vivi Noronha estão entre os investigados.

Entre os demais alvos da operação estão os influencers Roger Rodrigues dos Santos, o Roginho Dú Ouro; Jonathan Luis Chaves Costa, o Jon Jon; e Leandro Medeiros, o Lacraia. Quatro carros — avaliados em mais de R$ 1 milhão — foram apreendidos pelos policiais.

As investigações da Delegacia de Defraudações (DDEF) apuram crimes de jogo de azar, associação criminosa e lavagem de capitais cometidos por influenciadores digitais. Eles estariam usando suas redes sociais — com milhões de seguidores — para divulgar e promover sorteios e rifas ilegais.

A polícia aponta que os suspeitos usam parâmetros do sorteio da Loteria Federal e, assim, passam uma aparente impressão de credibilidade e legalidade aos sorteios. Mas não há processo de auditagem oficial para checar o real ganhador, já que eles utilizam um aplicativo customizado com indícios de fraudes, o que torna a prática ilegal.

De acordo com a polícia, para a realização de rifas é preciso uma autorização prévia da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (SECAP), vinculada ao Ministério da Fazenda — elas podem ser realizadas apenas por instituições sem fins lucrativos.

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