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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 17/10/2024 - 03:30

Sucesso Teatral e Literário de Flávio Marinho: Afeto, Humor e Talentos em Destaque

O dramaturgo Flávio Marinho celebra sucesso no teatro com duas peças em cartaz e um livro a caminho. O espetáculo "Não me entrego, não!" com Othon Bastos é um fenômeno, enquanto "Judy: o arco-íris é aqui" com Luciana Braga encanta a plateia. Flávio mescla afeto e humor, conquistando tanto público quanto crítica. Além disso, seu livro "Flávio Marinho em letra de imprensa" relembra sua jornada do jornalismo à dramaturgia.

Quem chega ao Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea, Zona Sul do Rio, nas noites de sexta-feira a domingo, testemunha pessoas implorando na porta por um lugar, mesmo que seja no chão ou em pé. O motivo de tanta agitação é “Não me entrego, não!”, espetáculo em que Othon Bastos repassa sua longa carreira. Aos 91 anos, ele faz um sucesso de um tamanho que não se esperava. Tendo estreado em junho, a montagem fica em cartaz, pelo menos, até 15 de dezembro.

O fenômeno tem o toque fundamental de Flávio Marinho, autor e diretor a quem Othon propôs a peça. O dramaturgo vibra com a reação da plateia.

— A alegria que dá um sucesso no teatro é poderosa. Aquelas coisas que você escrevia sozinho, de madrugada, achando que tinham alguma graça, agora estão fazendo 400 pessoas gargalharem. Isso é melhor do que sexo, melhor do que tudo — exulta.

Flávio, que completará 70 anos em maio de 2025, conta ter ouvido da amiga Olivia Hime que, na atual idade, poderia até estar reduzindo o ritmo.

— Quando muita gente está pendurando as chuteiras, ele não para de melhorar. Cada vez acerta mais — afirma a cantora, uma das primeiras a ler textos do autor.

Com 91 anos  de idade e 73 de carreira e às vésperas de estrear espetáculo no Rio, Othon Bastos mantém um lema: “É preciso ter humor, alegria sempre”, diz o ator — Foto: Divulgação/Beti Niemeyer
Com 91 anos de idade e 73 de carreira e às vésperas de estrear espetáculo no Rio, Othon Bastos mantém um lema: “É preciso ter humor, alegria sempre”, diz o ator — Foto: Divulgação/Beti Niemeyer

Reestreou ontem, no mesmo Vannucci, outro sucesso de Flávio: “Judy: o arco-íris é aqui”. O espetáculo solo de Luciana Braga começou sua jornada em 10 de junho de 2022, data do centenário de nascimento de Judy Garland, passou por várias cidades e faz sua segunda e última temporada no Rio, de quarta a sexta, até 29 de novembro. Pelo espetáculo, o dramaturgo ganhou o Prêmio APTR de melhor texto.

É o quarto trabalho de Luciana com Flávio, uma parceria de 25 anos. A atriz costuma dizer que tudo o que o amigo faz é “amoroso”.

— Pode ser uma comédia ou uma crítica política, mas ele está sempre preocupado com o afeto envolvido. O afeto atravessa as relações. E é isso que toca a plateia — acredita ela.

A engenhosidade de “Judy” está em mesclar a vida da atriz e cantora americana com a vida de Luciana. Ela diz ter sido convencida por Flávio a fazer o espetáculo após assumir que, como pessoas lhe falavam, tem certa semelhança com Judy Garland. Luciana passou a pandemia tendo aulas on-line com o preparador Felipe Abreu.

— Eu sabia que, como atriz, ela ia arrasar — recorda Flávio. — Só não sabia se ela seria capaz de cantar 12 músicas ao estilo de Judy, mas sem imitá-la. Quando a vi cantando, pensei: “Essa peça vai acontecer.”

Luciana Braga na peça " Judy: O Arco Íris é Aqui" — Foto: Beti Niemeyer
Luciana Braga na peça " Judy: O Arco Íris é Aqui" — Foto: Beti Niemeyer

Com humor, com afeto

O dramaturgo é conhecido tanto pelo humor quanto pela capacidade, ressaltada por Luciana, de criar cenas marcadas pelo afeto. Isso fica claro em “Não me entrego, não!”, em que parte do público vai às lágrimas.

— Não tentei firulas de encenação. É do coração do ator direto para o coração do público — diz ele. — Mas com humor. As pessoas pensam que o Othon é sisudo, circunspecto. Sou amigo dele há 50 anos e sei que é muito bem-humorado.

Jornalismo e dramaturgia

O jornalista Flávio Marinho passou para o outro lado do balcão há 37 anos, quando traduziu e adaptou a comédia musical off-Broadway “As noviças rebeldes”, um enorme sucesso. Em seguida, escreveu “Splish splash”, por encomenda do diretor Wolf Maya, e dezenas de outras peças, como “Os sete brotinhos”, “Noite feliz” e “Abalou Bangu”.

Até emplacar nos palcos, no entanto, brilhava nas redações. Ele relembra esses tempos em “Flávio Marinho em letra de imprensa”, livro que será lançado em 6 de novembro na livraria Janela do Shopping da Gávea. No GLOBO, entre colaborador e contratado, ele atuou de 1974 a 1987.

— Trabalhei em nove veículos. Conto um pouco da história deles e da minha vida. Selecionei artigos, entrevistas, críticas. E lembro situações como as entrevistas que eu fiz para a revista “Ele & Ela”. Tinha que perguntar para gente como (o escritor inglês) Anthony Burgess e (o coreógrafo americano) Bob Fosse sobre a vida sexual deles. Era constrangedor — recorda.

Flávio também é conhecido por desenvolver vários projetos ao mesmo tempo. Entre os que estrearão em breve está “Pelas janelas de Caio”, adaptação de textos de Caio Fernando Abreu pedida pelo ator e diretor Marcos Breda.

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