Fernanda Montenegro sobre a vocação de atuar: 'Quando há esse chamado, a gente vai como pode'
Atriz, que completa 95 anos hoje, lotou teatros esse ano com a leitura ‘A cerimônia do adeus’, extraída da obra de Simone de Beauvoir: 'No palco? Me sinto viva'
RESUMO
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GERADO EM: 16/10/2024 - 00:01
Fernanda Montenegro: Paixão pela atuação aos 95 anos
Aos 95 anos, Fernanda Montenegro reflete sobre sua paixão pela atuação, lotando teatros e preparando-se para homenagens na TV. A atriz destaca a importância da vocação e do contato com o público, revelando que no palco se sente viva e capaz de enfrentar desafios, mantendo-se fiel à arte que a move.
Completando 95 anos nesta quarta-feira (16), Fernanda Montenegro será homenageada no especial “Tributo”, no Globoplay e na Globo (após “Mania de você”), além de uma maratona de 24 horas com seus principais trabalhos no cinema, no Canal Brasil, e uma seleção de de cinco longas de sucesso no Telecine Cult.
Além de TV e cinema, Fernandona, como é conhcida pelo grande público, também brilhou nos palcos. No início do ano, ela lotou teatros, como o Casa Grande, no Leblon, Zona Sul do Rio, para sua leitura de ‘A cerimônia do adeus’, extraída da obra de Simone de Beauvoir. Segundo a atriz, é o contato com o público que a faz seguir em frente.
— A esta altura da vida, acho que estou bem, não é? — indagou, respondendo o que a leva ao teatro. — É vocação, não tem jeito. Quando há esse chamado, a gente vai como pode. Senão... pra que viver?
O brilho nos olhos arregalados e o vigor com que explica a dimensão que o trabalho tem em sua existência provocam a pensar que as limitações impostas pela idade não são páreo para o encantamento desta mulher ao realizar o que nasceu para fazer. Não tem sido esforço árduo para o seu corpo estar em cena falando sem parar durante 70 minutos?
— No palco? Me sinto viva — responde. — Tem uma hora em que se vive com o coração na mão, sabe? Ainda acordo e canto. Isso mantém o ímpeto de pegar a si mesma e dizer: ‘Vamos lá!’
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A atriz define o teatro “como um lugar especial de vida”. Diz que não sabe explicar o que se passa dentro dela, que palavras são “bobas” diante do “imenso” que sente ao exercer seu ofício.
— É uma coisa monstruosa. Não sei dar conta do meu dentro. Às vezes, dizem que sou capaz de um trabalho, de uma interpretação, de um posicionamento. Mas muita gente acha que não. Há uma banda que diz que sou uma invenção do Paulo Francis (risos) — brinca. — Ator de teatro é instrumento de si mesmo. Pianista toca piano. Ator toca ele mesmo. Se o som sai do violino, você ouve. Não sei o que sai de mim. É o interior.
Certo é que a vocação “ampara”, acredita.
— Faz você aguentar o impossível, atravessar as horas de espera, em que parece que não vai conseguir. Ela mesma é além do dar conta. Da dimensão disso eu mesma não dou conta, a não ser tentando dar conta dessa chamada que foi a minha vida para esse tipo de comunicação humana.
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