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GERADO EM: 28/06/2024 - 04:37

Impacto das enchentes no RS

As enchentes no RS causaram o maior impacto na história das seguradoras brasileiras, com prejuízos bilionários e baixa penetração do seguro nas empresas afetadas. O setor se mostra capitalizado para absorver o impacto financeiro e há expectativa de crescimento na demanda por proteção. A agilidade no pagamento de indenizações foi crucial para ajudar as vítimas a se recuperarem. Este evento foi considerado sem precedentes na história do país.

Chuvas torrenciais mantiveram grande parte do Rio Grande do Sul debaixo d'água por mais de um mês e transformaram milhares de pessoas em náufragos de sua própria terra.

— As enchentes foram o evento único de maior impacto na história do setor de seguros brasileiro — afirma, convicto, o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira.

A parcial mais recente de pedidos de indenização feitos pelos segurados do estado até 18 de junho já alcançava R$ 3,885 bilhões de acordo com dados da CNseg. Os ramos de grandes riscos, ligados às grandes empresas, exibem o maior volume financeiro de indenizações. As solicitações somam R$ 1,322 bilhão para 599 requisições. Já o de veículos vem em segundo, com R$ 1,277 bilhão e 19.067 registros, segundo a entidade. Apesar de não ser possível calcular com precisão o prejuízo, que deve subir, o presidente da CNseg ressalta que o montante a ser indenizado tende a se situar abaixo de 10% das perdas totais, devido à porcentagem de segurados atingidos.

As projeções do governo estadual indicam um prejuízo de R$ 62 bilhões. Já a Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) enxerga um número muito maior: R$ 110 bilhões. Se as perdas seguradas se situarem em torno de 10% do total, o custo final que o setor teria de arcar pode alcançar entre R$ 6 bilhões e R$ 11 bilhões.

O valor, na verdade, está em linha com os de outros eventos impactantes. Na pandemia, a indústria de seguros brasileira registrou desembolso de cerca de R$ 7 bilhões. E na seca histórica ocorrida no Centro-Oeste e na própria Região Sul, a conta atingiu R$ 8,8 bilhões. Em ambas as situações, o setor se mostrou capitalizado para absorver o impacto financeiro. Os números da indústria reforçam a percepção. Em 2023, sem considerar o segmento de saúde suplementar, o mercado arrecadou R$ 387,9 bilhões.

Há ainda outro fator que pode ajudar o setor a absorver melhor o choque. Na avaliação de Pedro Farme, CEO da filial brasileira da corretora de resseguros Guy Carpenter, uma das consequências da catástrofe será o crescimento do interesse por proteção. O especialista considera que esse aumento de demanda pode ajudar a reduzir o impacto do desembolso de indenizações.

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Dados fornecidos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio Grande do Sul mostram a baixa penetração do seguro no setor produtivo gaúcho e, consequentemente, o potencial de crescimento. O levantamento preliminar do órgão indica que 85% das empresas atingidas pelas enchentes não tinham seguro. Sobre a capacidade de o ramo absorver um aumento de procura, Farme avalia que tanto o mercado segurador quanto o de resseguros estão com apetite.

Por orientação da CNseg, as associadas estenderam os prazos de vigência das apólices. Muitas seguradoras também buscam acelerar o processo de pagamento de indenizações. O diretor de operações e sinistros da HDI, Marcio Probst, explica que essa velocidade de desembolsos foi muito importante para as vítimas, em muitos casos fazendo o pagamento em dois dias. Segundo relata, muitos clientes usaram o dinheiro recebido da cobertura de veículos para resolver os problemas da família.

— Os veículos ainda estavam debaixo d’água e, muitas vezes, o segurado já estava com o dinheiro na conta —conta Ricardo Pansera, vice-presidente da regional Sul da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros (Fenacor), enfatizando que tanto corretores quanto seguradoras se esforçaram para agilizar ao máximo o pagamento das coberturas.

Ele é assertivo ao afirmar que as enchentes no Rio Grande do Sul tiveram uma dimensão inédita na História do país, tese corroborada por outros executivos.

— Confesso que nunca vivenciei algo tão impactante. Já passei por muitos eventos catastróficos, como na Região Serrana do Rio, no litoral de São Paulo, no Sul da Bahia e no Espírito Santo, e não lembro de nada parecido — diz o diretor executivo da Porto Serviço, do grupo Porto, Marcelo Sebastião. Sua avaliação é corroborada pelo CEO da HDI, Eduardo Dal Ri, que, tal qual Sebastião, também esteve presente na região durante os momentos mais difíceis.

— Foi o evento com a maior quantidade de população afetada. No universo do seguro nacional, não teve nada semelhante. Talvez se somássemos todas as situações dos últimos 20 anos, ainda assim não chegaríamos ao que foi essa catástrofe em alcance e duração.

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