Governo de SP vai contratar serviço de abate de javalis e javaporcos
Pregão a ser realizado na segunda-feira busca controlar explosão populacional de animais invasores em cinco unidades de conservação ao custo de R$ 1,1 milhão
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GERADO EM: 19/12/2024 - 11:09
SP realiza pregão para abater javalis em unidades de conservação
O governo de SP realizará pregão para abater javalis e javaporcos em unidades de conservação, visando controlar sua população invasora. O valor proposto é de R$ 1,1 milhão, com o abate estimado de até 380 animais. A empresa contratada deve seguir métodos humanitários e diferenciar essas espécies de suínos nativos. A caça armada desses animais está restrita devido a incidentes passados.
O governo de São Paulo realiza na próxima segunda-feira (23) um pregão público para contratar serviços de captura e abate de javalis e javaporcos (híbrido de javali e porcos) que invadiram cinco unidade de conservação do estado.
Esses animais, considerados espécies exóticas no Brasil, são nocivos tanto para lavouras quanto para ecossistemas naturais. O edital para prospectar empresas candidatas ao trabalho está aberto desde segunda-feira, com valor proposto de R$ 1,1 milhão para a concorrência.
"A estimativa é de abater até 50 animais nas Estações Ecológicas de Barreiro Rico, Angatuba e Santa Bárbara; 30 na Estação Ecológica de Itirapina; e 200 no Parque Estadual de Ilhabela, totalizando até 380 animais", afirma em comunicado a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
Segundo o órgão estadual, a empresa contratada deverá seguir um modelo de operação já definido no próprio edital, estando vedado o uso de métodos que provoquem sofrimento desnecessário.
- Licença para matar: Ibama interrompe autorizações para caça de javalis e animais exóticos
"Os animais serão capturados com armadilhas formadas por redes ou cercados, nos quais coloca-se a ceva de milho, alimento para atraí-los. Depois de capturados, são posteriormente abatidos e as carcaças destinadas adequadamente", diz o documento.
O vencedor da concorrência deve elaborar um plano de ação que precisa ser aprovado pela Fundação Florestal, e deve incluir um mapeamento da presença dos animais nas unidades de conservação.
O edital especifica que a empresa contratada deve ter equipe qualificada para diferenciar os javalis e javaporcos de espécies nativas de suínos selvagens, os catetos e queixadas, que devem ser preservados. Matar esses outros animais é crime ambiental.
Para um leigo, diferenciar essas espécies pode ser um pouco difícil.
"Os javalis e javaporcos vivem em bandos asselvajados em matas perto de rios e lagoas invadindo plantações, principalmente durante a noite", explica material de coscientização produzido pela fundação. "Eles entram em cercados de porcos domésticos para se alimentar e podem transmitir doenças por contato ou cruzamento."
A característica mais marcante dos javalis e javaporcos é que eles são bem maiores que os suínos selvagens do Brasil. Enquanto os animais nativos chegam a no máximo 40 kg, os javalis tem tipicamente entre 70 kg e 80 kg. Os javaporcos são ainda maiores, podendo chegar a 250 kg, segundo levantamento da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado.
A Semil afirma que uma das motivações para abertura do edital de captura também é evitar o contato dos animais invasores com turistas que visitam as unidades de conservação em questão. O consumo da carne desses suínos selva esé vedado, por não existir controle sanitário da espécie.
Caça armada
A proliferação de javalis e javaporcos no país também é pano de fundo para uma controvérsia que envolve autorizações da caça desses animais. Até o ano passado, o fenômeno vinha servindo de incentivo para muitas pessoas se registrarem como caçadores, atiradores e colecinonadores de armas (CACs).
O abate de javalis e javaporcos com arma de fogo, porém, requer autorização e só é permitido em condições específicas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), além disso, suspendeu a emissão de novas licenças de caça para controlar javalis no ano passado.
A prática tem um histórico de incidentes de ferimento e até morte de pessoas por tiros em regiões onde era promovida com intuito de recreação. Por hora, só o Exército está emitindo as novas licenças de caça.