Com o uso da inteligência artificial, estudantes do ensino médio do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) se empenham na missão de criar uma ferramenta capaz de auxiliar médicos no diagnóstico de tumores mamários e contribuir para salvar vidas por meio da descoberta precoce do câncer. A tecnologia vem sendo aprimorada para uso em ambientes clínicos e já chama atenção de especialistas ao redor do Brasil.
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O aplicativo Breast Cancer Detection foi desenvolvido sob a coordenação do professor de Matemática Fidelis Zanetti de Castro, no campus da instituição em Vitória. A ferramenta funciona utilizando algoritmos de IA para analisar imagens de tecido mamário e foi treinada para identificar padrões específicos que indiquem a presença de tumores malignos ou benignos.
— Ao investigar o pré-diagnóstico de câncer de mama, descobrimos que o padrão ouro é a análise de imagens histopatológicas. Entretanto, identificamos desafios importantes: uma taxa de divergência de aproximadamente 20% entre especialistas, uma alta prevalência de falsos negativos e uma preocupante taxa de mortalidade associada à doença — afirma Fidelis.
O processo começa com o médico carregando a imagem no aplicativo. O algoritmo realiza a análise da imagem, destacando áreas que apresentam características de tumores. A ferramenta gera mapas de calor que ajudam os especialistas a visualizar onde o algoritmo identificou padrões relevantes, facilitando a interpretação dos resultados e a tomada de decisão clínica.
Aprimoramento do app
Ao receber o pré-diagnóstico, o médico deve aceitá-lo ou não, mediante a inserção de uma justificativa escrita. Esse feedback é essencial para aprimorar o aprendizado do sistema e tornar suas detecções mais precisas ao longo do tempo. Atualmente, o app ainda não está operando em ambiente real. Os estudantes trabalham para desenvolver uma versão web melhorada do sistema para uso em hospitais e clínicas.
— O app não substitui o diagnóstico médico. Mas oferece um suporte valioso, melhorando a precisão e ajudando no diagnóstico precoce. Estamos em busca de parcerias estratégicas e investimento financeiro para aprimorar a solução e disponibilizá-la — enfatiza o professor.
O desafio de acesso a informações em diferentes áreas, incluindo saúde pública, foi o que inspirou o 30º Prêmio Jovem Cientista. Com o tema Conectividade e Inclusão Digital, 799 projetos foram inscritos na edição deste ano.
Nas cinco categorias contempladas, que vão do ensino médio ao doutorado, os participantes desenvolvem projetos voltados à acessibilidade tecnológica. Eles podem tratar desde a construção de ferramentas para tratar de questões de saúde, educação e sustentabilidade à necessidade de uma discussão mais filosófica sobre a ética em tempos de realidade virtual.
O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação Roberto Marinho, conta com patrocínio da Shell e apoio de mídia da Editora Globo e do Canal Futura.