Proibição de celular nas escolas: relator muda texto e autoriza que crianças levem aparelho na mochila
Renan Ferreririnha, autor do novo texto e secretário municipal de Educação do Rio, aproxima ainda mais as regras com decreto carioca que baniu smartphones da rede
Por Bruno Alfano — Rio
RESUMO
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GERADO EM: 03/12/2024 - 15:03
"Projeto de Lei sobre Celulares em Escolas Gera Debate no Congresso"
O relator Renan Ferreirinha alterou o projeto de proibição de celulares nas escolas, permitindo que crianças levem os aparelhos na mochila, mas sem uso. O debate sobre banir redes sociais para menores gera dúvidas. O Congresso espera a proibição em 2025, apoiada pela maioria dos brasileiros. O tema ressurgiu no Legislativo e segue para votação no Senado. A medida segue tendência global e já é adotada em diversos países.
O deputado federal Renan Ferreirinha (PSD-RJ) publicou nesta segunda-feira um novo relatório para o projeto de lei que prevê a proibição do uso de celulares nas escolas. Nesta versão, o porte dos aparelhos está liberado para crianças da educação infantil e do primeiro ciclo do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano), o que era proibido pelo texto aprovado na Comissão de Educação. Assim, os smartphones deverão ficar nas mochilas impedindo apenas o uso.
Secretário municipal de Educação do Rio e deputado federal, Ferreirinha é relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que deve analisar e votar a proposta na próxima quarta-feira. De lá, a matéria segue direto para o Senado, sem passar pelo plenário.
O Congresso e o Ministério da Educação esperam que o ano letivo de 2025 já comece com a proibição em vigor. A proibição é apoiada por oito a cada dez brasileiros, para quem menores só deveriam ter celulares a partir dos 13 anos, segundo uma pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro.
Apresentado por Amil
O novo relatório também liberou o uso "nas situações de estado de perigo, estado de necessidade ou caso de força maior". As mudanças aproximam o texto ainda mais do decreto da prefeitura do Rio, definida pelo próprio Ferreirinha, que baniu os aparelhos dos colégios na rede municipal em fevereiro desse ano.
O texto do Rio, no entanto, prevê que em caso de descumprimento das regras "o professor poderá advertir o aluno e/ou cercear o uso dos dispositivos eletrônicos em sala de aula, bem como acionar a equipe gestora da unidade escolar". O texto discutido na Câmara não prevê esse dispositivo.
Consenso
Em outubro, a Comissão de Educação da Câmara aprovou, em votação simbólica, o banimento dos celulares nas escolas. O texto, que tramitava desde 2015, foi relatado na comissão pelo deputado Diego Garcia (Republicanos-PR). Fica proibido o uso de aparelhos eletrônicos portáteis durante a aula, durante o recreio ou intervalos entre as aulas para "todas as etapas da educação básica". As regras valem para escolas públicas e privadas.
O projeto libera o uso por crianças com deficiência que precisem do auxílio do aparelho como recurso de acessibilidade e para atividades pedagógicas definidas pelos professores e redes.
O tema estava adormecido no Legislativo desde o ano passado e foi resgatado pelo ministro Camilo Santana, em setembro, quando ele anunciou a formulação de um projeto de lei para a proibição de celulares nas escolas. A partir daí, os integrantes da comissão aceleraram as negociações do texto, sem a participação do MEC.
De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) de 2022, 45% dos estudantes brasileiros relataram que se distraem ao utilizar aparelhos eletrônicos em todas ou na maioria das aulas de Matemática. O percentual está 15 pontos acima da média observada nas nações da OCDE.
Restrições similares também já foram adotadas por países como França, Espanha, Finlândia, Itália, Holanda, Canada, Suíça, Portugal e México. O movimento global é potencializado por um relatório da Unesco que pediu, em junho, a proibição dos celulares nas escolas. No Brasil, ela tem amplo apoio de professores e profissionais da educação e também foi defendida por deputados governistas e da oposição.