'Pacto carbonara': entenda por que Roma quer colocar um limite de preço num de seus pratos mais populares
Ideia é de grupo de defesa do consumidor, que teme alta de preços nos restaurantes durante o Jubileu da Igreja Católica, ao longo de 2025
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GERADO EM: 13/12/2024 - 18:03
Roma propõe "Pacto Carbonara" contra preços abusivos
Roma propõe "pacto carbonara" para limitar preço de pratos tradicionais devido ao aumento de turistas em 2025. Grupo de consumidores lidera medida para evitar preços abusivos. Restaurantes voluntariamente aderem em troca de selo municipal. Preocupação com alta de preços em meio a custo de vida crescente na cidade.
Enquanto Roma se prepara para receber cerca de 35 milhões de turistas ao longo de 2025, por conta do Jubileu da Igreja Católica, algumas pessoas têm se preocupado com um problema bastante terreno: o preço do macarrão nos restaurantes da capital italiana. Para evitar que o aumento no número de visitantes deixe alguns dos pratos mais famosos da cidade mais caros, este grupo propôs o "pacto carbonara".
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Trata-se de um teto de preço para alguns dos pratos mais tradicionais. Apesar de o espaguete a carbonara (que leva apenas bacon, ovos e queijo parmesão), outros clássicos, como o amatriciana (molho de tomate, bochecha de porco, queijo pecorino e pimenta-do-reino) também entrariam nessa lista protegida. O valor sugerido seria entre 12 e 14 euros.
A ideia surgiu da organização civil Consumerismo, voltada à defesa dos direitos dos consumidores na Itália. Ela foi apresentada aos conselheiros municipais (equivalentes aos vereadores no Brasil) que votaram a favor da sugestão e apresentaram uma moção de apoio à medida, que agora precisa ser aprovada pela prefeitura romana.
“Quem vende um carbonara muito caro e de gosto nojento está cometendo um crime contra o estômago e contra a economia”, disse Gabriele Luigi, presidente da Consumerismo ao jornal britânico "The Times". "Queremos também acabar com a reputação de que os restaurantes de Roma estão todos dispostos a enganar os turistas", afirmou.
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De acordo com a proposta, cada restaurante adotará o teto de preços voluntariamente. Em troca disso, o estabelecimento receberá um selo municipal atestando que ele oferece o valor mais econômico. A moção dos conselheiros também pede que a prefeitura aumente a fiscalização da medida, já existente, que obriga os restaurantes a exibirem a lista de preços dos pratos, para evitar que os clientes paguem contas inflacionadas ao final das refeições.
esmo ciente que muitos restaurantes continuarão a cobrar preços altos pelos pratos tradicionais (que podem ultrapassar os 20 euros nos estabelecimentos mais sofisticados), Gabriele acredita que haverá uma grande adesão ao "pacto". Ao "The Times", ele afirmou que sua expectativa é de que metade dos restaurantes de Roma aderissem ao selo e que eles "colherão os frutos ao ganhar a confiança dos consumidores".
O aumento de preços tem sido uma preocupação cotidiana dos italianos, especialmente os que vivem na capital. De acordo com uma pesquisa divulgada em novembro por uma associação nacional de consumidores, o custo de vida em Roma em 2024 ficou em média 388 euros mais caro em relação ao registrado ao longo de 2023. O preço do café, por exemplo, aumentou 7% entre outubro de 2023 e outubro de 2024. E os mais de 20 mil bares e restaurantes de Roma registraram uma queda de 12% na arrecadação em agosto, em comparação com o mesmo mês em 2023, muito possivelmente pela estagnação do poder de compra dos romanos.