Vera Magalhães
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Os principais fatos da política, do Judiciário e da economia.

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Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

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GERADO EM: 12/12/2024 - 23:13

Lula lidera em 2026, incerteza persiste

Lula lidera preferência para 2026 apesar de queda na avaliação. Resultado de pesquisa traz alívio, indicando vantagem sobre Bolsonaro. Haddad também tem bom desempenho. Incerteza sobre candidatura de Lula persiste. Haddad surge como possível substituto. Bolsonaro atrás de Lula nas pesquisas, enfraquecendo sua influência na direita. Possível condenação ou prisão de Bolsonaro no próximo ano pode alterar cenário político.

A última pesquisa Quaest de 2024 traz notícias para o governo Lula que podem parecer desanimadoras, mas que, diante de um ano bastante tumultuado, fazem lembrar aqueles jogo de futebol em que o placar de 0 a 0 é comemorado por um time que não vê a cor da bola nos 90 minutos de jogo.

Lula venceria qualquer dos nomes da direita num eventual segundo turno em 2026, inclusive Jair Bolsonaro, que está e muito provavelmente estará inelegível até lá. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cujo nome também foi testado, também bateria Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, ainda que por menor margem.

A avaliação de Lula e do governo termina o ano pior que em 2023, mas em situação de estabilidade em relação aos últimos meses, o que dá ao presidente a chance de reorganizar sua gestão para a segunda metade do mandato sem a corda no pescoço de ter a oposição como favorita para o pleito de daqui a dois anos.

É consenso em ciência política e na análise de ciclos eleitorais a máxima segundo a qual bons resultados na economia sempre colocam mandatários como favoritos, ainda mais quando são candidatos à reeleição. Mas esse axioma vem sendo posto à prova. Basta ver que os Estados Unidos tinham bons resultados de emprego e crescimento sob Joe Biden, mas Donald Trump venceu — a despeito de ser processado pela invasão do Capitólio e das outras acusações a que responde na Justiça, além da plataforma de campanha bastante divisiva.

O resultado das eleições nos Estados Unidos, além da vitória maciça da centro-direita nos municípios brasileiros neste ano, embora não tenham relação direta com a sucessão presidencial de 2026, tinham feito a oposição bolsonarista esfregar as mãos imaginando que a vitória estava a caminho. O indiciamento de Bolsonaro pelos atos golpistas já havia jogado água nesse chope, e a pesquisa Quaest vem para confirmar que o sucesso local da direita nas capitais de Goiás e São Paulo não é passaporte para o sucesso no plano nacional, como eleições passadas já se cansaram de demonstrar.

Mas, se os dados sugerem certo alívio para Lula, o quadro político atual não permite nem cravar que o presidente vai mesmo para a disputa do quarto mandato. Mesmo antes da internação dele, já era mais comum ouvir no PT e nos bastidores do próprio governo a avaliação de que Lula ainda não tinha certeza de que seria candidato.

A divulgação dos dados da Quaest concomitantemente à internação foi uma infeliz coincidência, uma vez que o campo da pesquisa foi colhido antes, mas houve quem, no primeiro escalão, considerasse de “péssimo gosto” a cogitação de que Haddad poderia substituir o mandatário na cédula neste momento. Não é a primeira vez que cenários tendo o ministro da Fazenda como candidato são formulados. E o fato de Haddad ter desempenho positivo diante de nomes da direita justamente ao fim de um ano em que foi testado interna e externamente talvez tenha sido o que mais incomodou os ministros.

Fica da sondagem o fato de, hoje, Haddad talvez ser o único nome visto pelos agentes econômicos e políticos e pelo eleitorado como capaz de, uma vez mais, tomar o lugar de Lula como candidato. E ninguém, nem quem reclama dela, contesta que o ministro conquistou essa posição em dois momentos: ao aceitar a incumbência no momento mais crítico para Lula, quando estava preso em 2018, e pela condução da política econômica mesmo diante de fogo amigo e inimigo e, ainda assim, colher bons resultados.

O banho de água fria foi do lado de lá: o fato de Bolsonaro aparecer atrás de Lula tira ainda mais força do ex-presidente como definidor dos rumos da direita, algo que deverá se aprofundar caso ele seja condenado ou preso no ano que vem, como há grandes chances de que ocorra.

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