Histórias policiais, investigações e bastidores dos crimes
Informações da coluna
Vera Araújo
Jornalista investigativa há 30 anos e autora de "Mataram Marielle" e "O Plano Flordelis: Bíblia, Filhos e Sangue". Passou por "Jornal do Brasil" e "O Dia"
'Daniel Silveira estava urinando sangue', diz advogado, sobre a saúde de ex-deputado preso por ordem de Moraes
Defesa está recorrendo da decisão do ministro do STF, que afirmou ter ocorrido 'total desrespeito ao Poder Judiciário' por descumprimento da regra de permanecer em casa no horário noturno, sem aviso à Justiça
RESUMO
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GERADO EM: 24/12/2024 - 13:51
Advogado de Silveira: Ex-deputado preso por violar liberdade condicional estava urinando sangue - PF investiga hospital
Advogado de Daniel Silveira afirma que ex-deputado estava urinando sangue e precisou de socorro médico, levando à sua prisão pelo descumprimento de regras de liberdade condicional. Silveira retornou à prisão após violar toque de recolher e desrespeitar ordens judiciais, enquanto defesa alega urgência real devido a problemas renais. A PF investiga a passagem de Silveira pelo hospital em Petrópolis.
A defesa do ex-deputado federal Daniel Silveira, preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (24) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao descumprimento de regras da liberdade condicional, está recorrendo da decisão. Segundo o advogado Paulo Faria, o ex-parlamentar precisou de socorro médico em um hospital em Petrópolis, na região Serrana do Rio, onde planejava passar o Natal com a família, porque "estava urinando sangue".
— Quando ele me ligou, no sábado (21), com muita dor, eu o orientei a procurar um médico imediatamente. Pedi que levasse todos os documentos, que foram inclusive informados à SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária) ainda na manhã de domingo (22) — afirmou o advogado Paulo Faria. — Daniel (Silveira) estava urinando sangue — acrescentou.
O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão de Silveira de imediato por desrespeitar uma das regras listadas em sua decisão na semana passada. No primeiro dia após ser solto, o ex-deputado federal descumpriu a ordem de recolhimento entre 22h e 6h. Na decisão do magistrado, ele justifica a revogação da liberdade condicional do ex-parlamentar, que retornou imediatamente a um presídio em Bangu, na Zona Oeste do Rio:
"Não bastasse isso, a liberação do hospital – se é que realmente existiu a estadia – ocorreu à 0h34 do dia 22/12, sendo que a violação do horário estendeu-se até as 2h10. O sentenciado demonstrou, novamente, seu TOTAL DESRESPEITO AO PODER JUDICIÁRIO E À LEGISLAÇÃO BRASILEIRA, como fez por, ao menos, 227 (duzentas e vinte e sete) vezes em que violou e descumpriu as medidas cautelares diversas da prisão durante toda a instrução processual penal."
Os documentos de internação do Hospital Santa Teresa, no Centro de Petrópolis, onde o ex-parlamentar foi atendido, indicam que ele permaneceu na unidade de saúde das 22h59 de sábado (21) até 0h37 de domingo (22). O advogado argumentou que, do hospital até a casa de Silveira, em Araras, distrito de Petrópolis, ele levaria cerca de uma hora e meia para chegar, especialmente por conta da chuva, o que o faria chegar às 2h10.
O advogado garantiu que Silveira só foi ao hospital e retornou para casa. Segundo ele, desde agosto deste ano, alertou o STF sobre o problema renal do cliente.
— Ele tem cálculo renal, que foi detectado em exame. O cálculo aparentemente se movimentou, o que causou as fortes dores e o sangue na urina. Portanto, com intensa dor, ele obviamente procurou ajuda médica. Não há absolutamente nada fora do padrão. Foi uma urgência real. Qual o interesse dele em descumprir uma ordem judicial? — questionou o advogado.
A Polícia Federal, por ordem de Alexandre de Moraes, está investigando se Silveira realmente ficou internado no hospital.