Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 23/12/2024 - 11:36

Inflação alimentar: pressão e expectativas para 2025.

Alimentos continuarão pressionando a inflação em janeiro, porém, alívio é esperado a partir de março. Fatores como condições climáticas e reajustes sazonais contribuem para a aceleração dos preços. A disparada do dólar também impacta, mas autoridade monetária busca controlar a situação. Expectativas de inflação para 2025 ainda estão acima da meta, porém, cenário pode mudar.

A inflação está acelerando, subiu 0,17% na terceira quadrissemana de dezembro, após alta de 0,08% na semana anterior, apontaram os dados do IPC-S, do FGV Ibre, divulgados nesta segunda-feira. Os alimentos continuam a ter o maior peso sobre a taxa, uma pressão que se manterá em janeiro. A perspectiva é que inflação continue acelerando no primeiro mês de 2025 ainda puxada pelo grupo de alimentação, mas também pela renovação das matrículas escolares, IPVA, explica André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre. O alívio, afirma, deve vir apenas em março.

—Em janeiro, soma-se ao efeito das carnes, que vem pesando na taxa nos últimos meses, o encarecimento dos hortifrutigranjeiros. As condições climáticas de verão não são propícias para o cultivo de hortifruti, as plantações sofrem muito com chuvas fortes, sol intenso, granizo. A qualidade cai, o preço sobe. Tem ainda o efeito do reajuste das mensalidades escolares e do IPVA, que provavelmente subirão mais do que no ano passado, já que a inflação ficou mais alta. Por conta desse calendário de reajustes e de efeitos sazonais, a perspectiva é de um avanço significativo do IPC em janeiro. O alívio nos preços deve vir a partir de março, até como uma resposta ao aumento da taxa básica de juros. Quando se aumenta a Selic, leva de seis a nove meses para que isso chegue na economia.

Braz explica que o alívio sobre qual fala é de desaceleração da curva de alta da taxa. E destaca que quanto mais tempo o dólar passar na casa dos R$ 6, mais desafiadora se tornará o controle da inflação pela autoridade monetária:

— Quanto mais tempo o dólar passar nesse patamar de R$ 6, maior o impacto na inflação. Mas essa aceleração do câmbio também depende da política fiscal, de como o governo vai se posicionar frente à reforma que precisa ser feita no gasto público para enfrentar essa desvalorização. Tem um pouco de efeito especulativo também, mas é mais difícil de provar isso. Então ficamos com o discurso de que o governo precisa melhorar um pouco mais essa comunicação, do que será feito na política fiscal.

Braz avalia, no entanto, que o dólar não vai se manter nesse patamar acima dos R$ 6:

— Acho que isso vai ser resolvido. Não acredito que o governo vai ficar insistindo nesse discurso, porque está vendo que está perdendo essa competição, que tem que abrir um canal de discussão mais franco sobre o que é possível cumprir de meta para o mercado financeiro comprar esse programa de ajuste, o que vai contribuir para que esse câmbio não descole tanto.

As estimativas da inflação para o próximo ano, como mostra o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, continuam muito acima do teto da meta, que é de 3%, com intervalo de tolerância até 4,5%. Os analistas projetam uma taxa de 4,84% para 2025. Esse cenário, diz o economista, pode ser alterado:

— Há muita água para passar debaixo dessa ponte, muita coisa que pode ser feita para levar a inflação mais para perto do centro da meta.

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