Míriam Leitão
PUBLICIDADE
Míriam Leitão

O olhar único que há 50 anos acompanha o que é notícia no Brasil e no mundo

Informações da coluna
Por

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 23/12/2024 - 15:25

Boletim Focus: Inflação e PIB em Destaque

O Boletim Focus revela aumento da preocupação com a inflação, projetando um IPCA de 4,91%. A previsão do crescimento do PIB chega a 3,5%, mostrando um cenário de mais inflação e crescimento. O mercado financeiro reage de forma pessimista, refletindo a disparada do dólar e a aceleração da inflação, principalmente nos alimentos. A política monetária brasileira mudou com o aumento da Selic para 12,25% e a indicação de novas altas, impactando as expectativas econômicas.

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, mostra uma deterioração das expectativas, principalmente em relação à inflação. Há quatro semanas as estimativas já indicavam o estouro do teto da meta, com a expectativa de um IPCA de 4,63%, há uma semana, 4,89%, agora, no entanto, a projeção se aproxima de 5%, é de 4,91%. O cenário para 2025 também piorou: saiu de 4,34%, ainda dentro do intervalo de tolerância, foi para 4,60% e para 4,84%. O que mostra que uma semana fez muita diferença para uma piora da visão do cenário.

O curioso é que o dólar hoje está em alta, negociado a R$ 6,17, mas os analistas preveem que a moeda americana feche o ano a R$ 6, ou seja, que haja uma acomodação do câmbio nesses últimos dias de 2024.

O bom do Boletim Focus são as projeções de curto prazo, no longo prazo há muitas estimativas que acabam não se concretizando. Ao olhar para as previsões do início deste ano e o realizado, há muita distorção em alguns indicadores, para mais ou para menos. Um exemplo é a estimativa de crescimento da economia, que agora chega próxima aos 3,5%. No primeiro relatório deste ano, a estimativa era de 1,59%. Ou seja, os analistas estão prevendo mais inflação e também mais crescimento.

A principal diferença do cenário atual para o de quatro semanas atrás foi a realização da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que iniciou um choque de juros, mudando completamente o rumo da política monetária brasileira, com o aumento de um ponto percentual da Selic, que foi a 12,25%, e a indicação de duas novas altas de mesmo tamanho, o chamado forward guidance.

Em entrevista na semana passada, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, se declarou a favor do guidance e mostrou profundo alinhamento a política que vinha sendo adotada pela autoridade monetária sob a liderança de Roberto Campos Neto, que deixa a presidência da instituição, após seis anos. As declarações conjuntas dos dois presidentes colocaram por terra de vez, a interpretação deixada por uma decisão dividida do Copom, em maio, quando houve um entendimento de que haveria uma ala pró-Bolsonaro e outra pró-Lula na direção do Copom.

O fato é que o mercado está ficando cada vez mais pessimista em relação à inflação. O IPC-S, divulgado nesta segunda-feira, pelo FGV Ibre, mostra uma aceleração da inflação. A taxa da terceira quadrissemana de dezembro foi de 0,17%, contra 0,08% na semana anterior. A inflação de alimentos não vai dar trégua nesse fim de ano, pressionada pela entressafra da carne, a demanda aquecida e alta do dólar. E o verão é um período desafiador para as hortaliças, com as chuvas intensas, o calor. A consequência é uma queda na quantidade e qualidade da produção, com efeito de alta nos preços. O cenário desenhado pelo Focus é esse: mais inflação e mais crescimento.

Mais recente Próxima Grande vilão da inflação, alimentos continuarão a pressionar a taxa em janeiro. Alívio deve vir a partir março